Entrevista exclusiva

Êta Mundo Melhor: Gabriel Canella revela pergunta picante de fã: "Tudo é vermelho?"

Ator avalia personagem, fala da carreira e do mercado audiovisual brasileiro


Gabriel Canella em foto posada
Gabriel Canella interpreta o Vermelho em Êta Mundo Melhor - foto: Sergio Santoian
Por Taty Bruzzi

Publicado em 07/10/2025 às 05:00,
atualizado em 07/10/2025 às 06:41

Prestes a completar 43 anos, no próximo dia 12, Gabriel Canella comemora a repercussão do seu trabalho em Êta Mundo Melhor como Vermelho, mesmo papel que viveu em Êta Mundo Bom (2015), há 10 anos.

Questionado sobre o que mudou na vida profissional e pessoal em uma década, o ator contou ter se formado também em Direito e iniciado a faculdade de Psicologia, graduações que ajudam na composição dos personagens.

"Hoje, consigo olhar para um papel e entendê-lo a partir de mim, identificando nele comportamentos e emoções que dialogam com minha própria vivência. Essa leitura só é possível com o tempo e com a experiência", revelou em conversa exclusiva com o NaTelinha.

Êta Mundo Melhor: Gabriel Canella revela pergunta picante de fã: \"Tudo é vermelho?\"

Na obra criada por Walcyr Carrasco, Vermelho é uma espécie de braço direito de Tamires (Monique Alfradique), no Dancing. Gabriel nega o rótulo de vilão do personagem, a quem vê como um homem ambicioso, do tipo que não mede esforços para subir na vida.

Além da experiência com a televisão e o teatro, o ator é muito premiado no cinema. Seu mais recente trabalho, o curta Bergamota, lhe rendeu mais de 100 prêmios internacionais.

Durante o bate-papo, Gabriel Canella falou sobre a carreira, o mercado audiovisual no Brasil e a repercussão do seu papel na novela da Globo com as fãs.

"Uma fã pediu para tirar foto comigo e, na brincadeira, perguntou se tudo era vermelho… [risos] Sim, vocês sabem onde!".

Gabriel Canella

NaTelinha: O Vermelho mudou muito em dez anos, mas e o Gabriel? A maturidade trouxe o que para a sua vida e o seu trabalho como ator?

Gabriel Canella: Nesses dez anos, concluí duas graduações em Teatro e em Direito e atualmente curso Psicologia. Esse percurso acadêmico e pessoal me tornou alguém mais reflexivo e atento ao comportamento humano. A maturidade ampliou minha capacidade de autoconhecimento e, consequentemente, a forma como enxergo meus personagens.
Hoje, consigo olhar para um papel e entendê-lo a partir de mim, identificando nele comportamentos e emoções que dialogam com minha própria vivência. Essa leitura só é possível com o tempo e com a experiência. Além disso, esses anos me ensinaram a cultivar empatia, a desenvolver uma visão mais ampla sobre as pessoas e a lidar com a profissão de ator com mais calma e equilíbrio. Até mesmo aspectos simples, como a respiração, se transformaram em ferramentas mais conscientes para o meu trabalho.

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NaTelinha: O Vermelho tem umas nuances de vilão. Afinal, ele é vilão ou não? Quais as ambições do seu personagem? Se tornar gerente do Dancing, talvez?

Gabriel Canella: “Não considero o Vermelho exatamente um vilão. Para mim, ele é um personagem complexo, movido por ambições muito humanas. Assim como todos nós, ele tem objetivos específicos em cada fase da vida e também um objetivo maior que orienta suas escolhas. No caso dele, esse fio condutor é a vontade de crescer, de conquistar status e poder. No Dancing, ele se coloca como um trabalhador dedicado e um aliado fiel da Tamires, funcionando quase como um braço de confiança dela. Essa posição desperta nele o desejo de ascender, talvez chegar à gerência do Dancing ou até se tornar sócio. Sua trajetória, portanto, não é marcada pela maldade, mas por uma ambição intensa que o impulsiona a buscar mais. Essa é a nuance que dá vida ao Vermelho: ele não é apenas bom ou mau, mas um homem que luta por espaço e reconhecimento.”

NaTelinha: Alguma fã já te deixou vermelho, encabulado, com alguma cantada? Como tem sido a repercussão nas ruas e redes sociais?

Gabriel Canella: É muito gostoso quando me reconhecem e me chamam de Vermelho, porque isso mostra que o personagem marcou as pessoas e que meu trabalho está sendo valorizado. Uma situação divertida aconteceu quando uma fã pediu para tirar foto comigo e, na brincadeira, perguntou se tudo era vermelho… sim, vocês sabem onde!

"Essa mistura de carinho, humor e reconhecimento tem sido constante nas ruas e nas redes sociais. É incrível perceber que o público se conecta com o personagem e ainda se diverte com essas interações e eu adoro cada momento disso, porque mostra que estamos no caminho certo com o trabalho que fazemos".

Gabriel Canella

Êta Mundo Melhor: Gabriel Canella revela pergunta picante de fã: \"Tudo é vermelho?\"

NaTelinha: O cinema nacional sempre foi muito consumido, valorizado e premiado lá fora. Como um ator bastante premiado no cinema, como você vê o mercado audiovisual pós-Oscar?

Gabriel Canella: Sou um ator que sempre trabalhou bastante no mercado independente, tanto no teatro quanto no cinema, e fui muito feliz nesse universo, conquistando prêmios internacionais com diversos trabalhos. Meu último projeto independente foi o curta-metragem Bergamota, dirigido por HSU, que recebeu mais de 100 prêmios internacionais. Fui um dos atores principais e também fui reconhecido com prêmios de melhor ator. Hoje vejo o mercado audiovisual, cada vez mais globalizado, em que a diversidade é essencial para contar histórias. É muito interessante perceber que personagens como o ruivo, que até dez anos atrás eram raros, passam a fazer parte desse contexto de representatividade.

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"O cinema brasileiro possui características e peculiaridades únicas, e hoje o mundo está começando a valorizar isso. Estamos em um momento positivo, mas ainda há muito a avançar. Nosso mercado é cheio de profissionais talentosos que muitas vezes não encontram espaço devido à falta de investimentos. Para evoluir, é fundamental investir em educação e cultura, como mostram exemplos de países como Coreia do Sul, Irã e México, onde o cinema deu saltos significativos e conquistou um público global mais amplo".

Gabriel Canella

NaTelinha: Além de ator, você é formado em Direito e cursa Psicologia. Por que áreas tão distintas e no que elas contribuem no ofício de atuar?

Gabriel Canella: O maior estudo de um ator é o autoconhecimento, e quanto mais áreas do conhecimento você explorar, mais completo ele se torna. Atuar é se colocar no comportamento do personagem, entender suas necessidades, medos e conflitos internos é quase como fazer um ‘raio-X’ da alma, para compreender o que motiva cada ação e cada relação.

"As graduações que fiz em Teatro e Direito, assim como a Psicologia que estou cursando, me ajudaram muito nesse processo. Cada uma delas me trouxe maturidade, ferramentas de análise e uma compreensão mais profunda da vida e de mim mesmo, o que reflete diretamente na forma como interpreto meus personagens. Esse conhecimento me permite acessar emoções, comportamentos e dilemas internos de maneira mais consciente e multifacetada".

Gabriel Canella
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