Vítima de preconceito religioso na ficção, atriz de "Malhação" diz: "O diálogo é sempre o melhor caminho"
Personagem da atriz Luellem de Castro é o próximo destaque de "Malhação"
Publicado em 14/04/2018 às 09:07
A intolerância religiosa ainda é muito presente no século XXI. No Brasil, então: nem se fala.
Pouco retratado na ficção, o tema ganha força na próxima semana em "Malhação: Vidas Brasileiras" e a personagem de Luellem de Castro é quem vai contar essa história.
Bolsista da Escola Sapiência, na trama ela é Talíssia. É mãe de Valentina (Maria Alice Guedes) e vive em uma comunidade do subúrbio do Rio de Janeiro. A personagem é adepta de uma religião de matriz africana e sofre preconceito por isso.
"Fico muito feliz em poder mostrar a realidade e levantar essa discusão", diz Luellem ao NaTelinha, enfatizando que é do Candomblé, mas ao contrário de sua personagem, não viu o preconceito religioso ocorrer em sua vida acadêmica. "Nunca passei por isso, não era do Candomblé na época", relembra.
Para ela, não dá para fingir que o mundo é perfeito: "Estamos entendendo que quando você infantiliza o adolescente, automaticamente você infantiliza o adulto que ele vai ser".
De acordo com a atriz, para esse tipo de coisa não acontecer na vida real, a escola deveria realmente falar o que acontece. "Eu aprendi que o Brasil foi descoberto. Tive que entender sozinha que roubaram a gente, invadiram, escravizaram. Se a gente fala abertamente sobre as coisas, os tabus desaparecem. O diálogo aberto, com espaço pra escutar, é sempre o melhor caminho".
Questionada se incluiria disciplinas religiosas na escola, é categórica: "Não. São muitas religiões, não existe um modo de falar sobre todas com profundidade e não se pode escolher uma, é maldade, é excludente".
O caminho, para a atriz, é outro: "Precisamos criar outras matérias. Rodas de conversa, cinema, teatro nas escolas. Precisamos de contato. O que desfaz pré-conceito é contato direto. Se o diferente se mostra pra você todos os dias, em algum momento ele deixa de ser diferente".