"O Outro Lado do Paraíso": Raquel ignora racismo e passa em concurso para juíza
Walcyr Carrasco fala sobre virada da personagem e importância do tema
Publicado em 20/11/2017 às 17:07
Bem no Dia da Consciência Negra, nesta segunda-feira (20), Raquel (Érika Januza) dá a grande virada da sua vida após sofrer racismo de Nádia (Eliane Giardini), em "O Outro Lado do Paraíso".
A moça resolve estudar e torna-se juíza após incentivo da Mãe do Quilombo (Zezé Motta).
“Enquanto a gente ficar só aqui no quilombo, os brancos vão continuar pisando em cima. Jogando migalhas pra gente ficar quieto. Nós... só nós não, todos os negros, a gente precisa ter os empregos iguais dos brancos. A gente precisa mostrar que não nascemos só pra servir. Pra estar por baixo. Te quero doutora ‘adevogada’. Ou juíza. Pra ajudar nosso povo. Pra contribuir pra igualdade dos negros”, discursa ela, segundo o jornal Extra.
Após um primeiro momento de dúvida, Raquel aceita a sugestão e se debruça sobre os livros. Tempos depois, consegue se tornar juíza, passando em primeiro lugar no concurso.
“Ela é empregada porque tem empregada negra, tem motorista negro. E não é pela cor da minha pele, mas é como vou fazer para chegar lá. E mostrar Raquel batalhando nos estudos e alçando o posto de juíza, mostra que é possível chegar sim”, diz a intérprete Érika Januza.
Em seu Instagram, o autor Walcyr Carrasco falou sobre essa virada: "Este ano o Dia da Consciência Negra tem um sentido ainda mais forte pra mim. Escrevendo O Outro Lado do Paraíso, procuro conscientizar as pessoas daquele racismo que é o mais comum no Brasil, o racismo velado, que não bate mas ofende e trata o semelhante como um ser inferior. É o caso de Nádia e Raquel. As frases racistas da personagem interpretada lindamente pela Eliane Giardini estão, sim, numa obra de ficção, mas são reais. Fale a verdade: você nunca ouviu gente falando e se comportando como a mãe de Bruno? Na novela, Raquel vai sofrer uma reviravolta após muito estudar. E é nesse ponto que precisamos agir. Só garantindo educação conseguiremos reverter números terríveis como esse que li esse semana: 63% dos desempregados do Brasil são negros. Precisamos quebrar esse ciclo de desigualdade. Votando certo já é um bom começo, combater o preconceito é obrigação! #DiaDaConscienciaNegra #Zumbi".
