Novelas

Autor nega fracasso de "Babilônia" e diz: novela ousada e anticonvencional

Ricardo Linhares fala sobre trama das nove


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De acordo com Linhares, apenas a história de Sophie teve o curso alterado - Divulgação/TV Globo
A novela "Babilônia" chega ao fim no próximo dia 28 e, se os números se mantiverem, será a pior das 21h da história da Globo em termos de audiência, perdendo até mesmo para "Em Família", do ano passado.
 
Em entrevista ao jornal O Dia, um dos autores da trama, Ricardo Linhares, falou sobre a parceria com Gilberto Braga e João Ximenes Braga, e claro, a história que escreveram e não agradou ao público.
 
"Foi uma novela de temática forte, adulta, que abordou assuntos importantes da atualidade, como corrupção, racismo, preconceito social, homossexualidade e aceitação das diferenças. Mostramos gays e favelados sem caricatura. A novela foi exibida num momento de crise política e econômica, em que parte do público preferia uma atração mais escapista, para fugir dos problemas do dia a dia. Esta parcela foi pequena. ‘Babilônia’ é o programa mais assistido atualmente na TV brasileira. Perdemos apenas algumas vezes para ‘I Love Paraisópolis’, na estreia da novela das 19h. Depois, consolidamos a audiência sempre em ascensão e nunca mais perdemos a liderança", orgulha-se.
 
Sobre a suposta baixa audiência da novela, ele é categórico: "Os números refletem a nova realidade da TV aberta. Hoje em dia, o sucesso de um programa não pode ser avaliado apenas pela audiência no momento da exibição. Assisto a todos os programas gravados e a maior parte das pessoas que conheço, também. Sem falar nas novas plataformas, como a internet. ‘Babilônia’ sempre teve espetacular repercussão nas redes sociais. O resto é alarmismo de uma parcela da imprensa que se pauta por fofocas e não por informações".
 
Linhares também afirma que apenas uma história teve seu curso alterado: "A única mudança foi na história de Alice (Sophie Charlotte) e Murilo (Bruno Gagliasso). Ela deixou de ser garota de programa agenciada pelo cafetão porque a classificação indicativa não permite explorar a prostituição às 21h, apenas às 23h. Na história de Beatriz (Gloria Pires) e Inês (Adriana Esteves), enxugamos a fase em que seriam cúmplices, apressando o momento de elas se tornarem inimigas declaradas".
 
Sobre o beijo gay no começo da novela, considera uma bobagem isso ter relevância dentro da história: "Falar de beijo gay é tolice. Não tem nenhuma importância para a trama. Nos grupos de discussão, o casal Estela e Teresa foi totalmente aceito pelas espectadoras, assim como Ivan (Marcello Melo Jr.) e Sérgio (Claudio Lins). Nada foi mexido na trajetória deles".
 
E diz que realmente, quem manda na novela é o telespectador: “Quem manda na novela é o público. Como se trata de uma obra aberta, a novela é escrita à medida que sentimos o rendimento das tramas. Isso acontece com todos os folhetins. A novela estava prevista para ter 161 capítulos. Terá 143. Foi encurtada em três semanas. Isso não faz a menor diferença".
 
E termina dizendo que o país atravessa uma fase reacionária. "O Brasil atravessa uma fase reacionária, que está ligada à crise institucional que vivemos. Nos períodos de medo e incertezas políticas e econômicas, as pessoas tendem a ter medo de tudo. O público sempre foi conservador. Nem por isso os programas de TV devem deixar de ousar na temática, abordando assuntos pertinentes e propondo a discussão. O contrário de ousadia é acomodação, que é uma coisa horrível. ‘Babilônia’ foi uma novela ousada e anticonvencional, que deixou uma marca".
 
"Babilônia" será substituída por "A Regra do Jogo", de autoria de João Emanuel Carneiro.
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