Novelas

Marcos Pitombo diz: A dedicação deve ser a mesma, seja fracasso ou sucesso

Ator vive o neonazista Paulão na novela "Vitória", da Record


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Divulgação/TV Record

Atualmente no ar na novela “Vitória”, da Record, Marcos Pitombo encara um dos maiores desafios de sua carreira. Apesar de sempre ter interpretado papéis com relativa complexidade, como o Rei Assuero em “A História de Ester”, e o mutante Valente, da trilogia de “Os Mutantes – Caminhos do Coração”, agora ele vive o neonazista Paulão em sua segunda parceria com Cristianne Fridman (os dois trabalharam juntos em “Vidas em Jogo”).

A retomada da parceria com a autora da novela deixou Marcos Pitombo bastante surpreso e contente. Ele não esperava ser convidado para o folhetim, já que estava no ar em “Pecado Mortal”, antecessora de “Vitória”. “Nem imaginava. Fiquei extremamente lisonjeado quando fui convidado a pedido dela para participar de 'Vitória'”, disse ele em entrevista exclusiva ao NaTelinha.

Diferente de seus outros papéis, em que tinha sede de justiça, Marcos Pitombo passa para outro lado com o Paulão. O ator tem ciência de que é difícil defendê-lo e deixa claro que abomina suas atitudes. No entanto, ele ainda tenta ressaltar as poucas qualidades do personagem: “Ele é um excelente namorado, um grande parceiro”.

Já sobre o desenrolar do personagem e uma possível regeneração, Pitombo é reticente. “Toda pessoa tem o direito de se arrepender, de pedir perdão”, acredita. Apesar de não saber o que a autora prepara para ele, também defende a redenção: “Mesmo os piores dos personagens também são capazes de se regenerar”.

Confira a entrevista na íntegra:

NaTelinha - Em entrevista, a autora Cristianne Fridman relatou que seus personagens tem nuances e podem ser bons e maus ao mesmo tempo. Que característica positiva o Paulão tem?

Marcos Pitombo -
Uma das características das tramas da Cris Fridman é que, ao estabelecer os conflitos, ela não rotula os personagens de forma maniqueísta, ou só bom ou só mau. Muitas vezes os objetivos se cruzam e, dependendo do ponto de vista que uma historia é contada, criam-se os antagonistas, os vilões. E às vezes esses vilões apresentam  um lado que os humaniza, que justifica suas ações, como um lado familiar, uma paixão verdadeira, assim como os mocinhos e mocinhas da Cristianne também erram e expõem seus defeitos. Acho que no caso do Paulão, sem dúvida ele é um grande vilão, com ações injustificáveis como a morte de uma pessoa e o fanatismo pelo neonazismo. Mas do ponto de vista da Priscila, ele é um excelente namorado, um grande parceiro, e também pouco foi revelado de onde o Paulão vem, quem é sua família, ou o seu passado. E mesmo os piores dos personagens também são capazes de se regenerar, de chegar à redenção....Vamos ver o que a Cris vai aprontar!


NaTelinha - O Paulão é um neonazista, tema que até então é inédito na dramaturgia brasileira. Como foi a sua preparação para interpretá-lo?

Marcos Pitombo -
Tivemos uma preparação de mais de 2 meses antes das gravações, com um workshop com uma historiadora sobre o neonazismo, onde pudemos nos aprofundar bastante sobre o tema. Tivemos também uma série de leituras de cenas com o Edgard Miranda e assistimos a alguns filmes relacionados ao tema, como "A Outra História Americana" "A Onda" "Tolerância Zero", e alguns documentários sobre o nazismo. A internet também acabou sendo uma ferramenta de pesquisa, para ver depoimentos reais de adeptos ao neonazismo pelo YouTube, como também perceber o alto grau de organização que alguns grupos já apresentam no país.

NaTelinha - Em algumas novelas de Cristianne Fridman, era comum a associação do público aos personagens, como ocorreu com Lucinha Lins em "Chamas da Vida". Não teme ser confundido nas ruas, ainda mais por ser um personagem tão cruel?

Marcos Pitombo -
Acredito que hoje em dia o brasileiro é craque em novela, e sabe diferenciar o personagem do ator. Em pouco tempo que a novela foi ao ar, já tive um grande feedback, e todos confirmando a importância dessa história para que se gere o debate e as pessoas possam conversar sobre preconceito, racismo e intolerância, e que as atitudes cruéis que o Paulão faz na ficção não aconteçam mais na vida real.


NaTelinha - Apesar de "Vitória" estar apenas no início, você acredita que um personagem que mata por prazer possa se regenerar? Acreditaria que isso possa ser possível na vida real como os skinheads?

Marcos Pitombo -
Acredito que nada traz de volta a vida de quem se foi, mas ao mesmo tempo, toda pessoa tem o direito de se arrepender, pedir perdão e ter uma segunda chance. É uma discussão muito ampla, com muitas possibilidades, e resta saber qual será a mensagem que a Cris vai escolher para esses personagens. O grande barato da dramaturgia é usar o plano das ideias e acabar aprendendo com as histórias, usando a experiência adquirida pelos personagens na vida real. Eu não acredito na política do olho por olho, sou contra a pena de morte, e o meu desejo é que todos os skinheads que cometem essas atrocidades adquirissem consciência a tempo e parassem com essas atitudes. E que comportamentos racistas, homofóbicos ou xenófobos não aconteçam mais.


NaTelinha - Você chegou à Record em 2008 e de lá para cá tem emendado trabalhos todos os anos com os personagens dos mais diversos perfis. Como vê este momento de sua carreira? Existe algum personagem que gostaria de fazer e ainda não fez?

Marcos Pitombo -
Eu estou indo com muita felicidade para o meu sexto trabalho na Record e tenho muito orgulho da minha trajetória na empresa. Desde 2008 tive o prazer de interpretar grandes personagens e bem diferentes entre si. Sou muito grato pelas  oportunidades e pela confiança  que me foram dadas e graças a elas que acabei amadurecendo profissionalmente. Inclusive acho que o grande barato do ator é amadurecer junto com seus personagens, então existe muita coisa pra viver ainda!!

NaTelinha - Como foi a transição de "Pecado Mortal" para "Vitória"? Esperava ser convocado tão rápido para emendar duas novelas e ter poucas semanas entre dois personagens?

Marcos Pitombo -
Nem imaginava. Já tinha trabalhado anteriormente com a Cris em "Vidas em Jogo" . Sempre fui fã do jeito dela de escrever e fiquei extremamente lisonjeado quando fui convidado, a pedido dela, para participar de "Vitória". Então por isso minha saída de "Pecado Mortal" acabou sendo antecipada. Realmente emendar 2 personagens tão rápido é um desafio, mas o fato de eles serem completamente diferentes também ajudou.  


NaTelinha - Você atuou em duas temporadas de "Malhação" como o Siri e em duas temporadas de "Mutantes" como o Valente. Qual importância dá a estes papéis na sua carreira? As pessoas ainda lembram de você por algum deles?

Marcos Pitombo -
Sem dúvida foram personagens muito importantes para mim e marcantes. Esses dois personagens tiveram em comum o fato de terem um enorme público jovem, que hoje em dia amadureceu junto comigo, além de terem ficado no ar por quase 2 anos cada um. Pra mim sempre será uma felicidade relembrar junto com as pessoas os momentos daqueles personagens..  

 
NaTelinha - "Vitória" vem alcançando médias entre 6 e 8 pontos até agora. Você se preocupa com a audiência dos seus trabalhos?

Marcos Pitombo -
Todo mundo que trabalha em TV acaba de alguma forma buscando saber sobre os índices de audiência. Mas acredito que mesmo em casos de resultados positivos, não se deve deixar levar por um excesso de  euforia ou relaxamento, como também quando a coisa não está boa, se preocupar a ponto de deixar abater e desanimar. A dedicação do ator com o personagem, o esforço nas horas de estudo e o comprometimento no set de gravação devem ser o mesmo, seja fracasso ou sucesso.

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