Publicado em 17/11/2024 às 08:00:00,
atualizado em 17/11/2024 às 12:07:38
Fora da televisão desde que deixou a Globo em abril de 2023, após 20 anos de contrato, Fabio Turci não planejava voltar ao veículo tão cedo - apesar das sondagens de outros canais, o foco do jornalista era o seu podcast, o Existo. A proposta da CNBC Brasil, no entanto, foi irrecusável.
Em entrevista exclusiva ao NaTelinha, o jornalista, um dos mais elogiados e queridos da sua geração, revela suas expectativas para essa nova fase profissional, que se inicia neste domingo (17), com o lançamento da programação especial do canal econômico - a grade pra valer estreia na segunda-feira (18) e Turci estará no ar das 16h às 19h -, e abre o jogo sobre a sua saída do plim plim.
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A demissão, no entanto, não foi algo que o surpreendeu. "Ser apresentador estava no caminho natural, era algo que vinha se desenhando para mim mas, naquele momento, não era o que eu queria. Meu desejo era continuar na reportagem e eu expliquei isso à direção. Sobre deixar a emissora, como falei para a imprensa na época, sim, já era esperado, pois era muito claro o movimento que a empresa vinha fazendo de cortar gastos com a estrutura e com parte dos profissionais com mais tempo de casa", afirma Fabio Turci.
"Eu não me imaginava de volta à TV. Já havia recebido convite de três outras emissoras, mas expliquei que não era meu momento. Eu queria fazer coisas novas. Em especial, queria cuidar do meu podcast, o Existo. Quando a CNBC me procurou e explicou o projeto, meus olhos brilharam. A vontade de fazer TV voltou! E a CNBC foi muito acolhedora com esse meu outro lado profissional. Tenho total liberdade para continuar com o Existo, bem como com as palestras e treinamentos que faço sobre comunicação e DE&I (Diversidade, Equidade & Inclusão)", explica o âncora.
Turci tem pela frente um desafio e tanto, afinal vai enfrentar grandes concorrentes. "Nessa faixa de horário, muita coisa já aconteceu e muita coisa ainda está acontecendo no País. O Radar CNBC [programa que ele comandará] será uma combinação de noticiário quente com análise, contextualização e aprofundamento daquilo que aconteceu mais cedo. Também temos a missão de traduzir assuntos mais complexos. Nosso noticiário, especialmente o de economia e negócios, não será feito apenas para investidores e operadores do mercado. Vamos falar para eles, sim, mas, também, para a população em geral", adianta.
"As entrevistas serão parte do trabalho cotidiano. Diariamente, vou entrevistar economistas, empresários, empreendedores de todos os tamanhos, políticos, pessoas! Sobre deixar os estúdios: sou um apaixonado pela reportagem! A essência do jornalismo está na rua, no contato com as pessoas, no testemunho. Sempre que for possível, sim, quero ir pra rua!", conta Fabio.
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Apesar da concorrência com GloboNews, Record News, CNN Brasil, Jovem Pan News e BandNews, Fabio Turci vê a chegada da CNBC como um diferencial. "Acho bastante saudável a abertura de novas opções para o público. Somos um canal diferente, trazemos um jornalismo mais voltado aos negócios, às finanças, à economia, falando para todos e sem descuidar do noticiário político e em outras áreas importantes, que impactam nosso dia-a-dia. Também temos conteúdo de entretenimento, onde os negócios se encontram com a ciência, o turismo, a aventura, a gastronomia. Além disso, não somos exclusivamente uma TV por assinatura. Estamos no streaming, no YouTube, na TV conectada, um mercado que vem crescendo muito", comenta.
Presente em muitas coberturas marcantes, o jornalista lembra das Eleições Americanas de 2016, quando Donald Trump superou Hillary Clinton. "Para tentar escolher apenas um exemplo, eu citaria a cobertura da eleição americana de 2016. Foi de um valor jornalístico difícil de mensurar. A História estava vivendo um momento de mudança que a gente só enxergaria com clareza mais tarde. Muita coisa nos EUA e no restante do mundo, inclusive no Brasil, se redefiniria a partir dali", opina.
Apesar do pessimismo que ronda a área, Fabio se mostra esperançoso. "O exercício da profissão está, sim, mais difícil. Muitos postos fecharam, as condições de trabalho estão mais precárias, os salários estão mais baixos. Penso que o jornalismo ainda está se reacomodando nesse novo terreno de comunicação que temos hoje. Ainda não está claro o que será da profissão. É sempre importante deixar muito claro tudo isso, mas eu, como apaixonado pelo jornalismo, não consigo dizer a alguém: desista, não vale a pena... Serei sempre entusiasta do jornalismo como profissão fundamental que é para a democracia", reflete.
Por fim, Fabio Turci revela ao NaTelinha quais são as suas referências no jornalismo. "Tive muitas referências e a felicidade de trabalhar com quase todas elas! Em TV, a humanidade e o texto sensível e literário do Marcelo Canellas, a criatividade do Ernesto Paglia, a capacidade de improviso e o senso crítico do Chico Pinheiro... Além de outros, como Carlos Tramontina, Alberto Gaspar, Graziela Azevedo, José Roberto Burnier, Tonico Ferreira", enumera.
"Um momento que me marcou e influenciou muito foi a transmissão do 11 de Setembro pelo Carlos Nascimento e pela Ana Paula Padrão. Foi uma grande transmissão ao vivo, com fluidez e conteúdo, diante de uma tragédia absolutamente estarrecedora, algo impensável naquele momento", lembra.
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