Publicado em 15/10/2019 às 06:21:47
A televisão tem quase sete décadas no Brasil e, ao longo dos anos, ficou marcada pela maioria da população como um instrumento de entretenimento. Neste Dia do Professor, vale lembrar que nos últimos tempos, profissionais realizaram estudos e apontaram que programas, novelas, documentários, séries e reportagens podem ter papel fundamental na sala de aula e na educação, como ocorreu com a novela Lado a Lado (2012) e Segunda Chamada.
A trama escrita por João Ximenes Braga e Cláudia Lage foi ambientada no período posterior à abolição da escravidão e Proclamação da República do Brasil, retratando temas como feminismo, luta de classes, o surgimento das primeiras favelas no Rio de Janeiro e a decadência dos barões.
Em 2013, Elaine Azevedo e Roberto Elias, mestres em comunicação, apresentaram um relatório a Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UFRGS) com o título “Lado a Lado: a história do Rio de Janeiro e a telenovela”, explicando que a produção conseguiu apresentar temas históricos do Rio de Janeiro no começo do século XX.
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“Os meios audiovisuais, em especial a televisão, são fartamente consumidos pelo público brasileiro. Dentre seus produtos, a teledramaturgia é o que encontra maior reverberação, sendo reconhecidamente uma das principais mercadorias da indústria do entretenimento Sendo assim, têm inegável força na formação de opiniões e na transmissão de informações a uma população que, de modo geral, não tem o hábito da leitura. Reprises de novelas antigas nos fazem recordar outras épocas, enquanto as chamadas tramas de época buscam reproduzir determinados períodos históricos. Nesta medida, a telenovela cumpre um papel lúdico e didático ao romancear situações do passado, levando o público a conhecer um pouco mais sobre a história do seu próprio país. Para ilustrar tal afirmação tomamos como exemplo Lado a Lado, novela exibida pela Rede Globo, contextualizada no Rio de Janeiro do início do século XX, que dramatiza importantes acontecimentos históricos daquele momento” diz a introdução do estudo.
Muitos estudos feitos em torno da importância da televisão sobre a educação apontam que os profissionais da área precisam ter um olhar mais atento as produções, pois pode utilizá-la para ajudar os alunos na compreensão de determinado assunto, pelo simples fato do audiovisual chamar mais atenção.
Documentários, por exemplo, são usados com maior frequência em aulas de biologia, história e sociologia. Uma das regras adotadas pelos professores para definir qual produção usar em suas aulas é a de deixar claro aos alunos que o audiovisual é para trabalho e não lazer.
Outro ponto é utilizar programas de televisão com uma nova abordagem, numa tentativa de criar senso crítico nos alunos. A pedagoga Rosineide Assis da Silva realizou um estudo em 2008 e questionou os professores sobre como eles utilizam os conteúdos exibidos na TV. Os profissionais foram unânimes e explicaram que utilizam as obras com conteúdos relacionados a suas matérias e propõem um debate sobre todos os aspectos abordados.
“O uso da TV como ferramenta para a pedagogia é um dos mais eficazes porque costuma atrair a atenção dos alunos de modo que a forma corriqueira de leitura/uso de lousa não consegue. Não se trata de uma abordagem diária, mas de uma exemplificação empírica para levantar debates. Por isso, utilizar documentários, filmes e cenas soltas de série são pontos importantes. Também pode-se discutir a questão do noticiário quando o assunto couber. Sempre dá resultado e provoca discussões acaloradas, o que no fim, dá o resultado buscado, a reflexão”, afirmou o professor de escola pública do interior de São Paulo, Ricardo Marquês.
O crescimento de conteúdos de TV em sala de aula é recente, contudo, professores e escolas em produções são comuns, desde dramaturgia até o jornalismo. Malhação, por exemplo, costuma a apresentar alunos em escolas tendo conflitos sobre notas e comportamentos aos olhos dos educadores.
Em jornais, são comuns matérias abordando o dia-a-dia das escolas, além de detalhar dados levantados por Instituições que fazem estudos sobre a educação nacional, seja pública ou particular.
Recentemente, a Globo lançou a série Segunda Chamada. O enredo aborda o cotidiano de professores que trabalham numa escola pública cheia de problemas de estrutura e violência. Protagonizada por Débora Bloch, os educadores são apresentados ao público como profissionais em busca de transformar a vida dos seus alunos através da educação.
“A escola pública com todas as suas mazelas sempre foi rejeitada pela sociedade no debate. O motivo é evidente, afinal, ninguém quer ver o que é feio, descuidado. A Segunda Chamada é uma série interessante porque coloca luz sobre um problema que não é só dos alunos ou dos professores, é da sociedade. Jovens e adultos, além de tudo, sendo alfabetizados é importante para produzir um país mais justo e igual”, apontou Ricardo.
Mas o educador também fez uma análise sobre um problema na abordagem da produção. “Por outro lado, professor tem vida, tem família e é um profissional como qualquer outro. Eu não conheço um único professor que sai cuidando da vida dos alunos e até gasta tempo invadindo favela ou quebrada para resgatar aluno. O mundo real não é assim. É claro que deve existir em toda profissão pessoas com mais ou menos empatia, não estou dizendo que professor é gélido. Mas quando uma série pinta um professor como um ser responsável por resolver todos os problemas da vida de seu aluno ela incorre num risco grave de vender uma mentira e, mais, fazer a sociedade buscar profissionais assim. No mundo real eles não existem”.
O Tempo Não Para (2018), novela exibida na Globo, abordou alguns problemas numa escola e a CNTE (Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação) não gostou da forma em que a história foi conduzida, tanto que escreveu nota de repúdio ao texto de Mário Teixeira.
A produção mostrou personagens reclamando do método de contratação de professores. No Brasil, para que um profissional dê aula numa escola municipal ou estadual, ele precisa ser aprovado num concurso público, ou seja, não há contratação direta. A novela apontou que isso seria um problema.
“Eu não entendo, para que tantas complicações? Por que simplesmente não avaliam a competência dos candidatos, a expertise? Seria muito mais inteligente, mais ágil e todos ganhariam com isso”, disse a personagem Miss Celine.
“Esse poderoso grupo econômico aguarda ansiosamente a aprovação da nova Base Nacional Comum Curricular do Ensino Médio para que, assim, possa ser ofertado os seus telecursos pelo Brasil afora, atendendo aos preceitos do que se pretende impor no Brasil nos tempos de hoje. Para isso, eles precisam destruir o atual modelo público, tratando a educação como mercadoria. Por isso, a cena da novela não foi despropositada e tampouco desinteressada”, escreveu a CNTE.
“A Globo tem um compromisso histórico com a Educação. Através de campanhas na programação, debates, reportagens nos telejornais e cenas de temática social inseridas nas tramas de suas novelas, a empresa busca mobilizar a sociedade em torno do tema. A valorização do professor e o incentivo à leitura são algumas das questões presentes nas iniciativas adotadas pela empresa, como a parceria com o Prêmio ‘Educador Nota 10’, a plataforma ‘Assista a Esse Livro’ e em campanhas como a do “público da escola pública”, amplamente veiculada este ano e já entrando em uma terceira fase que mostrará depoimentos sobre pessoas que foram alunos de escolas públicas e valorizam isso na sua trajetória acadêmica e profissional”, respondeu a emissora na época.
A educação na televisão deve continuar sendo retratada, levantando temas controversos. Documentários e reportagens também trarão assuntos interessantes para que docentes e alunos possam debater em sala de aula. A televisão continuará desempenhando papel fundamental na formação da sociedade.
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