“O público achou que uma mulher casada não podia se envolver com ninguém. A moral pública é muito forte. Terminei fazendo o marido interessar-se de novo pela mulher e os dois se reapaixonaram.”
Publicado em 29/11/2024 às 05:27:00
O livro Clarice Lispector Entrevista traz conversas da escritora – conhecida pelo romance A Hora da Estrela e outros clássicos da literatura – no período em que trabalhou como jornalista. Entre os resgates da publicação, está um raro depoimento da primeira chefona de novelas da Globo, Glória Magadan (1920-2001).
Nascida em Cuba, Glória Magadan chegou ao Brasil em 1964, um ano antes da fundação da TV Globo. Na emissora carioca, além de escrever tramas, virou diretora do departamento de novelas, atuando também como supervisora e produtora.
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Magadan esteve à frente de alguns dos primeiros sucessos do canal, como Eu Compro Essa Mulher (1966), O Sheik de Agadir (1966), A Sombra de Rebecca (1967) e O Homem Proibido (1967), entre outros títulos. Na Tupi, ela fez apenas uma: E Nós, Aonde Vamos? (1970).
O novo livro a descreve como a “rainha da telenovela” e uma das responsáveis pelo reconhecido “padrão Globo de qualidade”. Seu estilo melodramático e de capa e espada, passadas em reinos distantes, era bem diferente do realismo a que a teledramaturgia aderiu a partir do fim dos anos 1960.
Na entrevista a Clarice Lispector (1920-1977), Gloria Magadan detalhou sua rotina de trabalho e lamentou que as novelas não pudessem ser mais curtas – reclamação dos autores que perdura mais de 50 anos depois. Apesar de falar português, ela escrevia em espanhol, e os capítulos eram traduzidos pela secretária.
Magadan também revelou detalhes de algumas de suas criações. Segundo a autora, o público não gostou nada da ideia de um romance entre uma mulher, rejeitada pelo marido, com outro homem em A Rainha Louca (1967). Isso fez com que ela precisasse mudar a história:
“O público achou que uma mulher casada não podia se envolver com ninguém. A moral pública é muito forte. Terminei fazendo o marido interessar-se de novo pela mulher e os dois se reapaixonaram.”
Glória Magadan em entrevista a Clarice Lispector em 1969continua depois da publicidade
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“Como é que uma mulher jovem como você não é casada?”, pergunta Clarice, em um dos trechos. O livro traz um comentário da entrevistadora: “Ela então explicou-me. E o assunto daria para uma novela. Mas pediu-me que não publicasse. Não, não imaginem nada de escandaloso”.
Depois de uma saída tumultuada da Globo, em 1970, por não concordar com os rumos da produção de novelas, Gloria Magadan voltou para Miami, onde já havia morado, e seguiu trabalhando para a televisão do México e da Venezuela. Ela morreu em 2001, aos 81 anos.
Lançado pela Editora Rocco, Clarice Lispector Entrevista traz conversas com outros artistas e personalidades como Chico Buarque, Elis Regina, Maysa e Tom Jobim, além de ícones da TV, entre eles Elke Maravilha, Jardel Filho, Paulo Autran, Tarcísio Meira, Tônia Carrero e outros.
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