Publicado em 27/08/2024 às 05:27:00, atualizado em 27/08/2024 às 11:41:43
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Renascer entrou em sua reta final. Escrita por Bruno Luperi, a novela exibida pela Globo chega ao fim no dia 6 de setembro e um dos destaques no folhetim é Vladimir Brichta, intérprete do vilão Egídio.
Em conversa com a imprensa nos Estúdios Globo, com a presença do NaTelinha, o ator elogiou as pautas discutidas pelo autor através das tramas do seu personagem. Como, por exemplo, a reforma agrária.
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"Se pensarmos na história do nosso país, somos um dos poucos países recentes do planeta que não fizeram reforma agrária. É um tema espinhosíssimo! A gente fala e mobiliza uma parte conservadora do nosso país que acha que isso é tomar uma coisa de alguém. Enfim, tem uma distorção... A história do nosso mundo discute a reforma agrária e, de repente, isso tá na novela de uma forma tão integrada. Eu acho muito saudável!".
Vladimir Brichta
Já sobre o perfil de Egídio, Brichta aponta como uma cara cruel, sem limites ou senso de justiça "Um vilão que comete maldades, crueldades, tem senso de valor e de justiça torto, corrompido", pontua.
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"Explora a mão de obra, enxerga os assentados, os sem terra, como pessoas que não são merecedoras de atenção, menos dignas, como sub-humanos... O Tião Galinha [Irandhir Santos], que representa esses assentados, pessoas que querem trabalhar, produzir em terras não produtivas, eu acho uma discussão valiosíssima!", acrescenta.
Vladimir recorda que quando recebeu o convite para o trabalho lembrava muito pouco sobre o papel interpretado por Herson Capri na primeira versão, em 1993. "Sabia que era um personagem que como vilão mobiliza bastante as ações da novela", fala.
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Para o ator, era a oportunidade de fazer algo diferente do que ele está acostumado fazer na televisão, ao mesmo tempo de se aproximar de um universo familiar. "Eu sou da Bahia, cresci em Itacaré, cidade próxima de Salvador, numa região envolvida com a história do cacau", explica.
Brichta confessa que já tinha uma expectativa muito boa com relação à novela antes e que só se concretizou com o tempo. "Agora, chegando na reta final, eu posso dizer que estou bem feliz e orgulhoso do trabalho coletivo e do meu individual", avalia.
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"A gente está fazendo uma novela muito bonita e comprometida também. A gente gosta da novela! Ela aborda temáticas ricas e valiosas para a gente em coletividade. Eu sempre repito que novela não tem a obrigação de ocupar esse espaço, mas, eventualmente, ela tem a chance de fazer isso e quando acontece eu acho feliz", observa.
"Estamos aprendendo o tempo inteiro, pensando sobre formas de se relacionar, que sejam espontâneas, no entanto respeitosas. Não existe uma regra, uma partitura, a gente vai entendendo até onde é respeito, onde permite uma brincadeira, onde está representando o machismo, a misoginia, o racismo...", lista.
O ator cita como exemplo a forma tóxica e abusiva que seu personagem tratava a mulher, dona Patroa (Camila Morgado), enquanto eles estavam casados.
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"Um cara que subjuga a mulher. Estamos tocando em temas que são valiosos, e eu me orgulho que isso exista na novela e a gente possa contar", reflete.
Ainda sobre o assunto, Vladimir cita uma cena em que Egídio tenta diminuir Kika (Juliane Araújo), advogada da sua ex-mulher, durante conversa sobre o divórcio, dando opção de escolha entre forma consensual ou litigiosa, e o coronel responde: "Eu também prefiro a forma sensual. Quer dizer, consensual".
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"Uma forma dele lembrá-la que ela é uma mulher, diminuí-la, dizer que ela é passiva de ser objetificada", ressalta o ator que disse, ainda, ter colocado esse caco pensando nos políticos que tratam repórteres mulheres desta forma.
Vladimir Brichta comemora momento profissional e revela que final daria a Egídio
Uma das reviravoltas na vida de Egídio nessa reta final de Renascer é a gravidez de Eliana (Sophie Charlotte). O filho pode ser tanto do coronel quanto de Damião (Xamã), embora ele acredite ser mesmo seu.
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Para Vladimir Brichta, isso se dá por causa da relação que o vilão tem com o pai já morto. "Onde está o amor desse personagem? Tá no pai, na figura que ele tenta representar. Tem a ver com o legado, com a dinastia. Agora, na cabeça dele, o filho vai ser o Egídio segundo, e vai perpetuar nossa história", avalia.
Já sobre o final do personagem, o ator acredita que o fim mais esperado para homens feito o coronel é a morte pelas mãos de algum justiceiro ou inimigo. Na versão original, escrita por Benedito Ruy Barbosa, ele foi atocaiado.
"Eu como humanista não desejo a morte de ninguém. Então, gostaria que ele fosse preso, condenado, e pagasse por todos os crimes que cometeu, que foram muitos. Ele não tirou só a vida de uma pessoa. Ele abusa, faz as pessoas trabalharem pra ele de forma análoga à escravidão, explora essas pessoas, o que também é crime. Obviamente que menor do que tirar a vida de uma pessoa, mas muito cruel".
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Vladimir Brichta
"Nessa novela, que fala das tocaias, que se disputa terra, honra e memória com sangue, eu não acho improvável que se mantenha o final original da primeira versão em que ele acaba atocaiado.", observa.
Brichta conta que assistiu a sequência da morte para saber quem atirava no vilão, porque pensou em dar uma provocada agora, mas a identidade não era revelada. "Mas eu tive um indício, porque ele olha e fala assim: 'É você, miserável!'. No masculino. Então, não é a Mariana [Theresa Fonseca] ou a Eliana", relata.
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"Fiquei tentando decifrar, mas o que vier será legal. O autor é extremamente cuidadoso com todos os personagens, conseguimos acompanhar e perceber que todos têm suas dores e seus dramas. O fim vai ser bem escrito e bem cuidado".
Vladimir Brichta
Além de Renascer, o ator pode ser visto também em "Pedaço de Mim", ao lado de Juliana Paes, que esteve na primeira fase da novela como Jacutinga, na série da Netflix.
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"Na novela ele é um vilão dentro desse universo, desse arquétipo. No streaming eu faço um personagem que se revela cruel, vilão, apesar de não ser tão clara essa definição, de forma distinta", avalia.
Vladimir finaliza a conversa citando o que lhe faz ficar satisfeito com um trabalho. "O grande público viu. As pessoas que têm opinião mais relevante pra você viram e aprovaram, e você também. Eu tive algumas experiências ao longo da minha história, é um momento feliz. Não é inédito, mas quando surge e bem legal", conclui.
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