Publicado em 27/07/2018 às 06:00:00
A reprise da novela “Explode Coração” termina nesta sexta-feira (27) no Canal Viva. Escrita por Glória Perez, a trama pôs em discussão diversos temas, como ascensão da internet, desaparecimento de crianças, respeito à diversidade e cultura cigana. Entretanto, até hoje se mantém no imaginário popular o personagem Igor, vivido por Ricardo Macchi. O ator, então estreante na dramaturgia, foi massacrado por críticas a sua atuação.
A autora acredita que houve certa má vontade dos críticos. “Penso que o bombardeio aconteceu mais em consequência do sucesso da trama do que propriamente da inexperiência dele. Ricardo fez outras novelas depois e não aconteceu o mesmo bombardeio”, opina Glória em conversa com o NaTelinha. “Ele era novato. Foi uma escolha do Paulo Ubiratan (diretor de núcleo), que prometeu uma preparação intensiva que acabou não acontecendo. De todo modo, o cigano Igor brilhou na trama, a ponto de muita gente reclamar por ele não ter ficado com Dara”, complementa.
“Explode Coração” foi exibida originalmente na faixa das 21h (ou 20h30, à época), entre novembro de 1995 e maio de 1996. Analisando a trama 22 anos depois, o balanço é positivo para a roteirista. Especialmente pela campanha social sobre crianças desaparecidas, através de Gugu (Luiz Cláudio Júnior), filho de Odaísa (Isadora Ribeiro) raptado por Geraldo (Gracindo Júnior), ex-namorado que tentou vendê-lo a um casal estrangeiro: “A campanha resultou no reencontro de muitas famílias com seus filhos perdidos”.
Misturando ficção com realidade, Odaísa se juntou ao coletivo “Mães da Cinelândia”, que abria espaço para depoimentos reais, com a jornalista Yone (Deborah Evelyn) entrevistando mães desesperadas. A emissora aproveitou para colocar no encerramento dos capítulos fotos de crianças desaparecidas, ajudando a localizar mais de 100 sumidos.
Internet, trans e ciganos
Glória Perez relembra outros pontos fortes: “Conseguimos popularizar a ideia da internet, que ainda era desconhecida para o grande público, falando das maneiras novas de fazer amigos e se apaixonar que a rede de computadores introduzia no nosso cotidiano, mostramos tipos que só mais tarde se delineariam - como os hackers -; tínhamos também a questão trans, com Sarita Vitti (Floriano Peixoto); e o conflito entre o tradicional e a modernidade, através dos ciganos”, rememora.
“Foi uma novela feliz. A gente se emociona revendo os atores, lembrando os bastidores, e constatando que os anos não lhe tiraram a força: continua atual, falando de sentimentos humanos, diversidade, intolerância, crianças desaparecidas e conquistas tecnológicas”, conclui.
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“Explode Coração” teve 155 capítulos, algo raro para os padrões do horário. “Só aceitei fazer sob essa condição, pois estava marcado para aquele ano o julgamento dos assassinos de Daniella (filha de Glória, assassinada em 1992)”, explica.
Originalmente, a substituta de “A Próxima Vítima” era “O Rei do Gado”, de Benedito Ruy Barbosa, adiada por a direção da Globo não querer ter duas novelas seguidas com núcleo de italianos. Como Benedito não abriu mão de seus personagens, Glória foi escalada para resolver o impasse.
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