Novela que enterrou faixa da Globo volta em julho
Exibida entre julho de 1978 e janeiro de 1979, Sinal de Alerta nunca foi reprisada pela Globo e ficou marcada por ter enterrado a faixa das dez da emissora

Publicado em 24/06/2025 às 13:01
Uma produção que ficou marcada por ter enterrado uma faixa de novelas da Globo será trazida de volta pela emissora em julho, através do Projeto Fragmentos do Globoplay.
Estamos falando de Sinal de Alerta, esquecida novela de Dias Gomes exibida entre julho de 1978 e janeiro de 1979, em 116 capítulos. Infelizmente, no entanto, apenas seis capítulos que restaram serão disponibilizados ao público a partir do dia 14 do próximo mês.
Trama
Na história, Tião Borges (Paulo Gracindo) enriqueceu de maneira brusca. Seu principal negócio, a empresa Fertilit, de fertilizantes e inseticidas, polui o bairro onde está instalada e provoca a revolta dos moradores da região.
No elenco, além de Gracindo, nomes como Jardel Filho, Vera Fischer, Yoná Magalhães, Carlos Eduardo Dolabella, Renata Sorrah e Milton Gonçalves, entre muitos outros.
Além da trama não ter chamado a atenção do público, a política atrapalhou bastante. Entre setembro e novembro daquele ano, foi exibido o horário eleitoral gratuito, que obrigou a Globo a jogar a produção para a faixa das 23 horas, o que matou a novela de vez.
Quando terminou a propaganda e Sinal de Alerta voltou ao seu horário habitual, a emissora exibiu um compacto de 10 capítulos para mostrar tudo que havia acontecido, mas nem isso adiantou. Walter George Durst foi chamado para auxiliar Dias Gomes e colaborou nos 30 capítulos finais da obra.
Problemas
Sinal de Alerta também ficou marcada por não ter um tema de abertura. Uma animação mostrava apenas sons e ruídos, para simbolizar o caos urbano.
No livro Memória da Telenovela Brasileira, o especialista Ismael Fernandes enumerou diversos problemas da novela.
“O maior deles: Paulo Gracindo como capitão de indústria, mas ao estilo dos seus coronéis já conhecidos. Ou serão as sufocantes cenas da vila esfumaçada (que Dias queria editadas em preto e branco)? Além do mais, personagens como Consuelo (Isabel Ribeiro), que liderava movimentos contra a poluição, ou Vera (Bete Mendes), operária da fábrica, ficariam melhor em uma Fertilit do ABC (parque industrial paulista) que em praças cariocas”, escreveu.
Fim da linha
Além das tramas das seis, das sete e das nove (até alguns anos atrás, das oito), a Globo contava com uma quarta faixa de novelas às dez, que teve algumas produções de sucesso e outras que não alcançaram a repercussão desejada.
Entre as obras que foram bem, podemos registrar Bandeira 2 (1972) e O Bem-Amado (1973). Essa última, que eternizou o personagem Odorico Paraguaçu (Paulo Gracindo), foi a primeira novela a cores da televisão brasileira. Também se destacaram Gabriela (1975) e Saramandaia (1976).
A faixa ainda registrou experimentações, como O Rebu (1974), onde toda a ação se passou em uma única noite e o público tinha que descobrir quem morreu, quem matou e porque matou; e O Grito (1975), que surpreendeu o público ao mostrar acontecimentos de apenas uma semana, com um ar soturno e depressivo.
Depois de Saramandaia, que muitos se lembram até os dias de hoje por causa da explosão de Dona Redonda (Wilza Carla), o horário das dez foi interrompido entre 31 de dezembro de 1976 e 27 de junho de 1977, após a proibição de Despedida de Casado e a reprise de O Bem-Amado.
A partir daí, nenhuma novela apresentada na faixa foi bem no Ibope. Nina (1977), com Regina Duarte e Antônio Fagundes, teve que passar por mudanças para tentar cativar o público; O Pulo do Gato (1978), estrelada por Jorge Dória, passou despercebida, e sua sucessora, Sinal de Alerta acabou enterrando o horário de vez.
Após reprisar Gabriela, o canal reservou o horário para séries brasileiras, como Malu Mulher, Plantão de Polícia e Carga Pesada, e, posteriormente, as minisséries, nos anos 1980.
Um breve retorno ocorreu em 1983, com Eu Prometo, última novela de Janete Clair. A faixa foi recriada apenas para a despedida da autora, que lutava contra o câncer e morreu durante a exibição da trama, concluída por Glória Perez.