Atriz que brilhou na Globo teve carreira destruída pelo vício
Se estivesse viva, Djenane Machado completaria 74 anos nesta terça; atriz brilhou em diversas produções da Globo nos anos 70, incluindo A Grande Família

Publicado em 10/06/2025 às 08:01
Entre 2001 e 2014, Guta Stresser ficou marcada por viver a personagem Bebel na segunda versão de A Grande Família. No entanto, nem todo mundo sabe que ela foi a terceira atriz a dar vida à personagem, que teve duas intérpretes anteriormente.
A primeira delas foi Djenane Machado, que nascia há exatamente 74 anos, em 10 de junho de 1951. A artista foi uma das estrelas da Globo na década de 1970, mas acabou tendo sua carreira destruída pelo vício em álcool e drogas.
Carreira
Djenane estreou na televisão em 1968, na novela Passo dos Ventos, de Janete Clair, na Globo. Nos anos seguintes, participou de diversas tramas da emissora, como A Ponte dos Suspiros (1969), Véu de Noiva (1969), Rosa Rebelde (1969), Assim na Terra como no Céu (1970), O Cafona (1971), O Primeiro Amor (1972), Estúpido Cupido (1976), Espelho Mágico (1977), Saudade Não Tem Idade (1978) e Ciranda de Pedra (1981).
Já fora da Globo, esteve na TV Cultura, onde atuou em Música ao Longe (1982), e na Rede Manchete, participando de Tudo em Cima (1985), Novo Amor (1986) e Tudo ou Nada (1986).
Sucesso
Seu papel em O Cafona, Lucinha Esparadrapo, se tornou um dos grandes destaques de sua carreira, sendo, inclusive, tema de uma das principais músicas da trilha da novela, cantada por Betinho. A personagem de Djenane era uma hippie que vivia em uma comunidade ao lado de Ary Fontoura, Carlos Vereza e Marco Nanini.
Além disso, sua participação no seriado A Grande Família, como Bebel, em 1972, fez com que a atriz ganhasse projeção nacional. Porém, marcou também o início de seus problemas com a Globo.
Afastada das novelas nesse período, Djenane começou a chegar atrasada às gravações do seriado e desistiu de fazer a segunda temporada, em 1973. A artista precisou ser substituída, de um dia para o outro, por Maria Cristina Nunes, que seguiu até o final da primeira versão, em 1975. A atitude da estrela não pegou nada bem na direção da emissora e ela ficou na geladeira por dois anos.
Dependência
Na mesma época, Djenane era uma das vedetes mais requisitadas dos espetáculos produzidos por seu pai, Carlos Machado, conhecido como o Rei da Noite.
Porém, a atriz já estava tendo problemas com drogas e álcool e os convites para novos papéis na televisão foram rareando. Mesmo assim, ela ainda teve grande destaque na novela Estúpido Cupido, quando viveu Glorinha, integrante da turma de jovens da pequena cidade de Albuquerque, onde se passava a trama.
Com a carreira em declínio, atuou em dois filmes brasileiros, Águia na Cabeça (1984) e Ópera do Malandro (1985), com personagens menores. A carreira da atriz se encerrou na Manchete, em 1987, após o término da esquecida novela Tudo ou Nada.
Reclusão e morte
A partir daí, Djenane se afastou da telinha para se tratar contra a dependência de álcool e anfetaminas. Ao mesmo tempo, dedicou-se a escrever um livro de poesias.
A atriz foi casada duas vezes, mas não teve filhos. Nos últimos anos, vivia reclusa de maneira modesta no apartamento que recebeu como herança no bairro Peixoto, na capital fluminense, em companhia de uma cuidadora.
Longe dos holofotes há décadas, Djenane Machado morreu em 23 de março de 2022, aos 70 anos. A causa da morte não foi revelada.
"Djenane era uma moça bem nascida, falava vários idiomas, poetisa, inteligente. Uma pena que tenha deixado a carreira", lamentou o ator Ney Latorraca, que esteve com ela em Estúpido Cupido, ao jornal O Globo.