Memória

Novela que terminava há 41 anos ficou marcada por derrota histórica da Globo

Uma novela das oito que terminava há exatamente 41 anos pagou o pato por um dos maiores erros cometidos nas seis décadas de existência da Globo; confira os detalhes


Irving São Paulo, Lúcia Veríssimo e Tony Ramos em Champagne
Irving São Paulo, Lúcia Veríssimo e Tony Ramos em Champagne
Por Thell de Castro

Publicado em 04/05/2025 às 11:18,
atualizado em 15/05/2025 às 12:47

Uma novela que terminava há exatamente 41 anos pagou o pato por um dos maiores erros cometidos pela Globo em suas seis décadas de existência. Estamos falando de Champagne, que acabou ficando marcada como a primeira novela das oito a perder a liderança para uma concorrente.

Conhecido por ter escrito inúmeros sucessos na faixa das sete, como Anjo Mau (1976), Locomotivas (1977), Brega e Chique (1987) e Que Rei Sou Eu? (1989), Cassiano Gabus Mendes foi promovido ao principal horário da Globo em Champagne, mas a iniciativa não foi bem-sucedida.

Disputa

Em 1983 a Globo se desentendeu com os responsáveis pelos direitos de transmissão dos desfiles das escolas de samba do Rio de Janeiro. Vale lembrar que Roberto Marinho, dono da emissora, e Leonel Brizola, então governador do Rio, eram inimigos mortais, e o político apostou alto na inauguração do Sambódromo, que ocorreria no Carnaval do ano seguinte.

Então todo-poderoso da Globo, José Bonifácio de Oliveira Sobrinho revelou, em seu O Livro do Boni, que o canal não chegou a um acordo. Dessa forma, para resolver a questão, foi costurado um acordo paralelo com Moisés Weltman, diretor da Manchete: a emissora dos Bloch compraria os direitos por 210 milhões de cruzeiros e depois os repassaria para a Globo, dividido os custos.

Só que, na hora da verdade, Adolpho Bloch decidiu não cumprir o acordo. Com isso, pela primeira vez desde 1974, a emissora não transmitiria a folia de Momo na capital fluminense. Sem saída, a Globo manteve sua programação normal com os festejos, enquanto a Manchete fazia seu primeiro Carnaval.

No domingo, o Fantástico perdeu a liderança pela primeira vez para a nova rival. Já na segunda e na terça, foi a vez da novela Champagne amargar um nada honroso segundo lugar em meio aos festejos.

De acordo com dados da época, a Manchete, que se tronaria referência em transmissões carnavalescas, foi sintonizada por cerca de 70% dos televisores do Rio de Janeiro, contra apenas 8% da Globo.

"Ficamos fora do Carnaval. No Rio, a Manchete deitou e rolou na audiência, mas no resto do Brasil, sem Carnaval, a programação da Globo cresceu em relação aos anos anteriores. Essa é a verdade completa da história", minimizou Boni.

Depois disso, a Globo nunca mais deixou de transmitir o Carnaval.

Fiasco

Novela que terminava há 41 anos ficou marcada por derrota histórica da Globo

Além de ter entrado para a história pela surra que levou da Manchete, Champagne também é lembrada por não ter sido uma das melhores novelas de Cassiano Gabus Mendes.

A trama girava em torno do mistério em torno da morte de Zaíra (Suzane Carvalho), copeira assassinada durante uma festa da alta sociedade dos anos 1970. O garçom Gastão (Sebastião Vasconcelos) é condenado pelo crime, mas jura que é inocente.

Treze anos depois, Nil (Tony Ramos), filho de Gastão, tenta provar a inocência do pai. A partir da reabertura do caso, os amigos Zé Brandão (Jorge Dória), Ralf (Claudio Correia e Castro), Jurandir (Mauro Mendonça), Ronaldo (Carlos Augusto Strazzer), Renan (Nuno Leal Maia) e Lúcio (Cecil Thiré) se tornam os principais suspeitos do crime.

O autor voltaria à faixa das oito apenas em 1990, quando escreveu Meu Bem, Meu Mal, sua segunda e última novela no horário.

Nunca reprisada pela Globo, Champagne teve apenas seis capítulos guardados pela emissora, que costumava descartar fiascos dos anos 1970 e 1980. No entanto, resta uma esperança para quem tem curiosidade em rever a produção: a versão internacional foi preservada, mas ainda não se sabe se conta com o canal de áudio em português.

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