Plantão mais triste da história da Globo chocava o Brasil há 31 anos
O público parou em 1º de maio de 1994 para acompanhar a cobertura do trágico acidente que tirou a vida de Ayrton Senna, em corrida transmitida ao vivo pela Globo

Publicado em 01/05/2025 às 10:21,
atualizado em 01/05/2025 às 13:01
Ao longo de seus 60 anos, a Globo já perdeu a conta de quantas vezes teve que interromper sua programação para informar algum acontecimento extraordinário. A partir de 1991, a emissora passou a utilizar a temida vinheta do plantão, que aterroriza o público a cada vez que é exibida.
No entanto, quando pensamos em plantões históricos, certamente o primeiro que vem à cabeça de muita gente foi transmitido há exatamente 31 anos, em 1º de maio de 1994.
Nesse dia, Ayrton Senna disputava sua última corrida no circuito de Ímola, perto de Bologna, na Itália, em busca de sua primeira vitória pela Williams. No entanto, a impiedosa curva Tamburello interrompeu sua brilhante trajetória de tricampeão mundial de Fórmula 1, que tinha apenas 34 anos.
Acidente fatal
O trágico acidente foi visto por milhões de pessoas em todo o mundo que acompanhavam a corrida ao vivo e causou comoção por vários dias entre os brasileiros.
Ao longo daquele domingo, os telespectadores brasileiros, ainda sem meios de comunicação instantâneos como redes sociais e aplicativos de mensagens, esperaram por notícias sobre o estado do piloto na frente da televisão.
Roberto Cabrini, que atualmente comanda o Domingo Espetacular na Record, era o repórter da Globo na corrida. Após o acidente, rapidamente foi para o Hospital Maggiore, em Bologna, onde acabou sendo o primeiro repórter a dar a triste notícia que abalou o país, às 13h40 no Horário de Brasília.
"A médica comunica a todos os jornalistas aqui do hospital de Bologna que Ayrton Senna da Silva está morto. Morreu Ayrton Senna da Silva. Uma notícia que a gente nunca gostaria de dar", informou.
Cobertura total
O chocante comunicado foi o prenúncio do que aconteceria em todas as localidades do país nos dias seguintes, quando o Brasil literalmente parou para se despedir do ídolo.
"Ayrton Senna sempre foi um grande ídolo nacional, mas a dimensão do seu alcance talvez só tenha sido percebida naquele dia. A imprensa soube capturar bem este espírito e deu uma ampla cobertura no caso, algo também inédito - maior até do que se fosse a morte de um chefe de Estado", revelou o jornalista Rodrigo França, autor do livro Ayrton Senna e a Mídia Esportiva, em entrevista ao colunista Fábio Marckezini, do TV História.
"É uma lembrança de algo que colocou todo mundo em choque, Ayrton Senna era parte da grande maioria da família brasileira, um integrante que estava lá no domingo de manhã vencendo o mundo: era o Brasil que dava certo na época que política, economia e até o futebol decepcionavam", completou.
Naquele dia, a Globo interrompeu sua programação para fazer a cobertura completa do fato, derrubando tudo o que havia sido programado, por exemplo, para atrações como o Domingão do Faustão e o Fantástico.
A comoção continuou durante a semana, com a chegada do corpo do piloto, o velório aberto ao público e o enterro em São Paulo - tudo foi transmitido ao vivo por praticamente todos os canais.
Para se ter uma ideia, até mesmo o lançamento de uma novela foi adiado. O SBT estrearia Éramos Seis na segunda, dia 2 de maio, mas acabou programando a trama para iniciar sua trajetória na semana seguinte, já que não existia o menor clima para isso.