Querida pelos cariocas
Ela popularizou o jornalismo da Globo no quadro RJ Móvel, do RJTV que tratava de problemas das comunidades e cobrava melhorias.
Susana Naspolini, que morreu aos 49 anos de complicações de um câncer no osso da bacia, era uma repórter que cativou o público com sua simplicidade, simpatia, bom humor e que falava a língua do povo.
Autor: Jéssica Alexandrino
Ela popularizou o jornalismo da Globo no quadro RJ Móvel, do RJTV que tratava de problemas das comunidades e cobrava melhorias.
Apesar de tratar de assuntos lamentáveis como vazamento de esgoto, obras inacabadas, ruas sem asfalto, dentre outros problemas recorrentes de alguns bairros do Rio de Janeiro, Susana Naspolini tratava do assunto com bom humor e protestava.
A jornalista andava de triciclo de criança em ruas cheias de buraco, pegava carona na bike do entregador de água e até dentro do carrinho de supermercado. Ela também celebrava com os moradores de regiões carentes e esquecidas pelas autoridades.
Certa vez, a repórter se fantasiou de jacaré para cobrar a reforma de uma ponte localizada no Canal das Tachas, conhecido como Canal do Jacaré, e localizada no Recreio dos Bandeirantes, zona oeste do Rio de Janeiro.
De peruca loira e vestido branco, inspirada em Marylin Monroe, Naspolini protestou contra o vazamento de um esgoto no bairro Pedra de Guaratiba, na mesma região da cidade maravilhosa.
Gente, eles estão bravos, estão tristes. Chove, o esgoto levanta, invade tudo, entra nas casas. Quem já perdeu coisas de casa?
Quando a cobrança dava certo, Susana Naspolini ia até o bairro, na data combinada e marcada em um calendário para mostrar o resultado e comemorar com os moradores que a recebiam com bolos, café e docinhos.
Ela adorava visitar a casa de alguns deles e era sempre recebida com muito carinho.
É o meu jeito de trabalhar, podem ou não gostar. Sou muito feliz fazendo, me sinto em casa. No outro dia, minha filha falou: ‘Mãe, sua blusa estava toda suada’.
Respondi: 'Filha, estava gravando em Bangu, meio-dia, não vai ter suor?'. Tem suor, tem o cafezinho. Se eu tiver andando e tropeçar, vai entrar o tropeço.
Se eu sentar na calçada pra falar com alguém, vai mostrar. Ah, esse ângulo tem mais sol do que o outro? Não tem problema, é ali que a gente está.
Em uma reportagem no bairro Encantado, a repórter desceu até a beira de um rio poluído amarrada por uma corda e presenciou ao vivo um morador caindo no chão na sua frente.
Sem poder rir da situação, a jornalista, que conhecia todos pelo nome, perguntou se seu Valdir precisava de ajuda.
Solidária, forte e guerreira. Susana merece muitos adjetivos pois foi um exemplo de jornalismo popular e lutou bravamente contra seu quinto câncer.
Confira o texto de Marcela Ribeiro na íntegra e saiba mais sobre a trajetória de Susana Naspolini!
Data de publicação: 26/10/2022