Saudade
“Quando recebi a notícia [da morte do Jô], um filme passou pela minha cabeça. Foram 19 anos de parceria, de amizade. O que eu sei de televisão, aprendi com ele”, diz Eliezer Motta.
Para o ator Eliezer Motta, parceiro do humorista em vários trabalhos, o personagem de sucesso dos anos 1980 seria vetado em 2022.
Autor: Walter Felix
“Quando recebi a notícia [da morte do Jô], um filme passou pela minha cabeça. Foram 19 anos de parceria, de amizade. O que eu sei de televisão, aprendi com ele”, diz Eliezer Motta.
Os dois trabalharam juntos em Faça Humor não Faça Guerra (1970), Satiricom (1973), Planeta dos Homens (1976), Viva o Gordo (1988), na Globo, e Veja o Gordo (1988), no SBT.
Das histórias que guarda com o amigo, Eliezer resgata idas à Polícia Federal. “Fizeram uma queixa de que o Jô vendia contrabando dentro da Globo. Fui com ele conversar com o delegado.”
“O Jô estava nervoso. Perguntou se podia fumar, tirou uma carteira de cigarros americanos e ofereceu um ao delegado, que reagiu: ‘Você diz que não faz contrabando e me oferece cigarro importado?’"
“Faziam algumas denúncias contra ele na época. Eram brincadeiras de mau gosto, uma maldade, mas que renderam histórias engraçadas”, explica Eliezer.
O ator avalia que, 40 anos depois, o Capitão Gay e Carlos Suely não seriam bem aceitos. “Não iam deixar. Se fizéssemos agora, no dia seguinte teria uma ação na Justiça proibindo os personagens.”
“Muitos gays iam curtir, mas não todos. Agora, tudo é homofobia. Tudo rende processo, não se pode mais brincar com ninguém”, reclama Eliezer.
"Os gays me abordavam nas ruas, me davam dicas. Diziam ‘faz isso’, ‘diz aquilo’. Fui a muitas boates gays, me chamavam para entrevistas. Tinha um relacionamento maravilhoso com esse público", recorda.
Aos 77 anos, o ator lembra da retaliação da Globo após assinar com o SBT e dá detalhes sobre os trabalhos hoje, longe e em frente às câmeras. Leia a entrevista na íntegra.
Data de publicação: 09/08/2022