Miguel Rômulo fala sobre reviver papel em Êta Mundo Melhor: "É como reencontrar um velho amigo"
Ator comenta sobre o amadurecimento do Quincas, fala de Dona Beija e do futuro das novelas na TV aberta e streaming
Publicado em 15/10/2025 às 04:44,
atualizado em 15/10/2025 às 10:44
Para quem acompanhou Êta Muito Bom (2015), basta assistir Êta Mundo Melhor para perceber que o Quincas continua um homem preguiçoso, mulherengo e pouco chegado ao trabalho.
Dez anos separam uma produção da outra, mas de acordo com Miguel Rômulo, intérprete do personagem, o atual folhetim começa praticamente de onde parou o outro, e somente quando já está no ar é que sofre uma passagem de tempo.
"Eu precisei resgatar o Quincas de dez anos atrás. Entendi a composição do personagem nesse início e o que o autor propunha para essa versão, mas confesso que não imaginava que o Quincas estaria como ele está hoje. Espero que ele ainda aprenda muito, se desenvolva e cresça, se tornando mais maduro", disse o ator em conversa exclusiva com o NaTelinha.

Na trama, o caipira é filho de Quinzinho (Ary Fontoura) e Cunegundes (Elizabeth Savalla), o único que retornou nesta continuação do folhetim da Globo criado por Walcyr Carrasco.
Uma das novidades na novela é a separação de Quincas da Dita (Jeniffer Nascimento), depois que ela descobre ter sido traída pelo marido. Em compensação, ele conhece Sônia (Paula Burlamaqui), uma mulher madura e pé no chão, que tem tudo para fazê-lo mudar de verdade, como torce o ator.
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"É uma relação que faz ele se olhar de outro jeito, perceber o quanto as atitudes dele machucaram as pessoas que amava. Sônia é a pessoa que faz ele começar a amadurecer e repensar as escolhas. Agora, se ele vai conseguir sustentar essa mudança até o fim, aí só acompanhando pra ver."
Miguel Rômulo

Além de Êta Mundo Melhor, Miguel Rômulo está no remake de Dona Beija, com previsão de estreia no primeiro trimestre de 2026 na HBO Max, como um padre de caráter duvidoso.
"Tenho certeza de que o público vai sentir coisas bem fortes em relação a ele, e assim espero. No geral, acredito que o público vai adorar essa novela."
Miguel Rômulo
NaTelinha: Quais os desafios de reviver o mesmo papel dez anos depois? Como tem sido essa experiência para você?
Miguel Rômulo: Reviver o Quincas depois de dez anos é como reencontrar um velho amigo, só que agora com um novo olhar sobre ele. Nesse tempo, eu amadureci, ganhei mais experiência e isso acaba refletindo na forma de construir o personagem. Existe, também, uma responsabilidade maior, porque o público guarda essa novela com muito carinho e espera ver a mesma qualidade e verdade de antes. O desafio é manter a essência do Quincas, mas trazendo uma versão mais madura, com novas camadas e pequenas sutilezas que o tempo me permitiu enxergar.
NaTelinha: As pessoas mudam em dez anos, não só fisicamente. Como você imaginou o Quincas hoje? Teve alguma coisa sua que trouxe para o personagem?
Miguel Rômulo: A passagem de tempo do Quincas de Êta Mundo Bom! para o Quincas de Êta Mundo Melhor! foi muito pequena, porque a novela começa logo após o final da outra e só depois acontece uma grande passagem de anos. Então, eu precisei resgatar o Quincas de dez anos atrás. Foi um desafio! Aqui fora, eu aproveitei toda a experiência que vivi como ator nesses 10 anos pra reencontrá-lo e entender seu novo rumo. Entendi a composição do personagem nesse início e o que o autor propunha para essa versão. Espero estar transmitindo isso para o público da melhor forma possível e torço para que todos estejam gostando do Quincas de Êta Mundo Melhor! Mas confesso que não imaginava que o Quincas estaria como ele está hoje. Espero que ele ainda aprenda muito, se desenvolva e cresça, se tornando mais maduro.

NaTelinha: O Quincas é meio malandro, preguiçoso e mulherengo. Buscou inspiração em alguém para compor o papel?
Miguel Rômulo: É muito difícil buscar inspiração em um personagem com defeitos tão marcantes quanto o Quincas, né? [risos]. Ele é um mulherengo, um homem preguiçoso e que agora, nesse período da novela, já começa a mostrar uma vontade de mudança, principalmente pela relação com a Sônia. Mas, no início, ele cometeu erros que não são difíceis de encontrar na nossa sociedade. Existem muitos exemplos de pais ausentes ou que traíram a esposa e a família. É só olhar em volta ou pesquisar um pouco que a gente encontra diversos relatos de mulheres que foram abandonadas ou traídas, muitas vezes com filhos pequenos. Então, acho que essas inspirações vêm muito da observação do mundo real. Mas na minha vida pessoal eu tive exemplos maravilhosos de pai, e não só na minha família, mas também entre amigos próximos que são pais incríveis.
NaTelinha: O Quincas se apaixonou de verdade pela Sônia? Acredita que ele possa ter mudado por esse amor ou vai acabar tratando-a igual a Dita?
Miguel Romulo: O Quincas se apaixonou de verdade pela Sônia, sim. É uma relação que faz ele se olhar de outro jeito, perceber o quanto as atitudes dele machucaram as pessoas que amava. Ele vem tentando mudar, ainda que tropeçando no próprio jeito impulsivo. Mas eu acredito nesse amor, acho que ela é o ponto de virada do Quincas. Sônia é a pessoa que faz ele começar a amadurecer e repensar as escolhas. Agora, se ele vai conseguir sustentar essa mudança até o fim, aí só acompanhando pra ver.
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NaTelinha: Você está no elenco de Dona Beija, produzida pela HBO MX. Como é o seu personagem?
Miguel Rômulo: Dona Beja vem aí, uma novela muito especial, na qual vou poder mostrar uma composição de personagem completamente diferente de tudo o que eu já fiz. O Padre Otávio tem um caráter horrível, com opiniões totalmente distorcidas sobre o que, de fato, uma Igreja deve ser. Tenho certeza de que o público vai sentir coisas bem fortes em relação a ele, e assim espero. No geral, acredito que o público vai adorar essa novela. É um trabalho muito especial, feito por um elenco maravilhoso e, principalmente, por uma equipe com muita dedicação, empenhada em entregar um trabalho nota 10, com um texto sensacional. Estou muito ansioso e tenho certeza de que todos vão gostar bastante.

NaTelinha: Além de Dona Beija ser uma obra fechada, quais outras diferença você destacaria em uma novela feita para o streaming?
Miguel Rômulo: Acho que são duas diferenças principais. A primeira é o dinamismo, porque Dona Beja tem 40 capítulos e a narrativa é um pouco diferente do que vemos em uma novela tradicional. A segunda é o streaming. Na HBO Max você pode assistir à novela na hora que quiser. Assim como na Globoplay, no caso de Êta Mundo Melhor! e outras... Recebo muitas mensagens de pessoas que estão me assistindo em trabalhos anteriores, com outros personagens que já fiz em novelas anteriores, nesse momento. Nos serviços de streaming o público tem esse conforto de poder pausar, voltar e acompanhar a narrativa no seu próprio ritmo, quando quiser.
NaTelinha: Você acha que a TV aberta perde espaço com o investimento das plataformas de streaming nas novelas?
Miguel Rômulo: Culturalmente, a nossa TV aberta e as novelas são essenciais para o Brasil, essenciais para a gente. A novela é um patrimônio nosso. Além disso, a TV aberta é fundamental para o público que não tem acesso a canais fechados ou a serviços de streaming, garantindo que todos possam acompanhar as histórias. Então, eu acho que não existe perda de espaço. O que existe, de fato, é a possibilidade de o público desfrutar da novela de todas as formas possíveis, principalmente da forma que ele quiser. Acho que esse é o ponto principal. A novela é feita para o público. Não importa a forma como ela é exibida, o que importa é que chegue ao público de uma maneira em que o espectador se sinta confortável para assistir. Eu acho que é sobre isso.