Notícias

Mion fala do "Legendários" e faz balanço da carreira: dou minha vida por isso

Programa completa seis anos na Record


legendarios-2105.jpg
Fotos: Divulgação

Ele tem 36 anos e muita história pra contar. Quem vê Marcos Mion carismático e brincalhão nas noites de sábado da Record, nem imagina que seu sonho na juventude era revolucionar o mundo através de sua arte: o teatro. Tanto que para tornar-se excelente em seu ofício, na época, cursou Filosofia na Universidade de São Paulo e, com apenas 17 anos, dava aulas de artes cênicas para crianças e adultos.

“Aos 16, já tinha lido toda obra de Shakespeare. Eu era totalmente voltado ao intelectual e atuação de teatro”, relembra o apresentador do programa “Legendários”, que está completando seis anos na emissora de Edir Macedo.

[galeria]

Nessa mesma fase, ele conta que para conquistar sua independência financeira decidiu, paralelamente às aulas, trabalhar como garçom em um restaurante nos bairro dos Jardins. Servindo uma mesa e outra deu de cara com um dos diretores da MTV, Jorge Espírito Santo, e fez uma proposta ousada. “Escuta, se você quiser fazer história na sua emissora para que ela jamais seja a mesma, me contrata”, relembra Mion, que viu em seu ímpeto a grande chance de trabalhar na emissora que admirava desde o final de sua infância, quando conheceu de perto a versão americana no período em que morou nos Estados Unidos com sua família.

A tentativa funcionou. O então diretor pediu que ele o telefonasse, fez um teste e logo já era o titular da atração juvenil “Piores Clipes do Mundo”. À medida que trabalhava, se divertia em sua nova função. Não demorou muito para desejar ampliar seus horizontes e seu objetivo era mais visionário ainda: o sonho de se consolidar no posto de comunicador de massa do sábado à noite da TV brasileira. Em 2010, foi contratado pela Record e passou a batalhar para atingir sua meta. “Todas as mudanças que passamos resultaram em uma trajetória nobre e digna. Tenho orgulho de abrir portas para muita gente que participou e iniciou nesse programa”, destaca.

E mesmo se tornando um dos principais nomes do entretenimento no país, será que sua paixão pela arte de interpretar ficou adormecida? “Eu preciso, lavo a minha alma no palco de teatro”, justiça elen que sempre dá um jeitinho de excursionar com seus espetáculos pelo Brasil.

Confira a partir de agora os principais trechos da entrevista que o apresentador deu ao NaTelinha em sua sala de reuniões na sede da Rede Record, em São Paulo:

NaTelinha - Qual o sentimento em gravar a edição especial de seis anos do “Legendários”?

Marcos Mion -
Minha ficha caiu só depois que eu gravei. Abracei o meu diretor, Fepa, que trabalha comigo desde a primeira temporada da MTV, em 2001, e nos parabenizamos. A gente fica naquela loucura, são cinquenta mil coisas atribuídas a você, depois parei e agradeci a todos. É um programa especial e diferente.

NaTelinha - Nessa festa você contou com a participação de um time de estrelas no palco: Claudia Leitte, Zezé di Camargo e Luciano, Wanessa Camargo, Naldo e Sabrina Sato. Como foi contar com essa turma de artistas?

Marcos Mion -
Um elenco estrelar. Todos eles são muito talentosos, engraçados e engajados. Eu me senti em casa com meus amigos. Foi divertido demais. Quando eu poderia imaginar ser amigo de Zezé e Luciano? Que orgulho. A gente se fala direto.

NaTelinha - O “Legendários” lançou muitos talentos iniciantes. Isso te envaidece?

Marcos Mion -
Sim. MC Guimê, Anitta, Naldo, Munhoz e Mariano... A lista é enorme. As músicas que foram lançadas também, “Beijinho no ombro” da Valesca Popozuda, tenho orgulho, sim. Hoje temos um sábado bem movimentado na TV brasileira.

NaTelinha - Você costuma se envolver e opinar em cada processo do programa seja na edição ou nas reuniões de pauta?

Marcos Mion -
Eu tenho ideias o tempo inteiro. Sou o diretor criativo do “Legendários” como fui de todos os programas que eu integrei. Os textos se não os escrevo eu aprovo, as edições eu me envolvo, o “Vale a pena ver direito” eu mesmo edito. Eu prefiro assim porque no fim das contas o meu nome que está em jogo. Se houver um erro que seja meu e eu não precise ficar louco com ninguém.

NaTelinha - O programa estreou na grade de programação da Record em 2010. Qual balanço você faz das mudanças que a atração passou no decorrer desses anos?

Marcos Mion -
A história que tivemos foi o que me possibilitou estar aqui hoje. Abrimos portas para muita gente que participou desse programa e estão fazendo sucesso em outras emissoras, começaram aqui comigo. Todas as mudanças que passamos resultaram em uma trajetória nobre e digna.

NaTelinha - E de que maneira você costuma lidar com as críticas ao seu trabalho?

Marcos Mion -
Nosso foco principal é o público. Nunca entramos em nenhum tipo de rixa, nem damos vazão a fofocas ou críticas maldosas. Nunca deixei ninguém falar pelo programa. Nossa resposta sempre foi no palco fazendo o que a gente faz.

NaTelinha - O público de televisão te conheceu como ator no ano de 1999, na série “Sandy e Junior”, exibido pela Rede Globo. E mesmo na atualidade você tendo se tornado um apresentador de sucesso, sempre fez questão de retornar aos palcos com peças de teatro. Fale um pouco dessa sua relação com as artes cênicas.

Marcos Mion -
Era uma loucura trabalhar com a Sandy e o Junior nesse universo pop. Quando eu era jovem meu objetivo sempre foi dar aula de teatro, e fazer peças em praças para revolucionar e mudar o mundo. Iniciei aos 13 anos. Depois fiz faculdade de filosofia na USP para ser um ator melhor. Aos 16, eu já tinha lido toda obra de Shakespeare. Eu era totalmente voltado ao intelectual e atuação de teatro. A minha formação e o meu desejo sempre foi me especializar nessa arte. É disso que eu gosto não consigo ficar longe do palco. Realmente as pessoas me perguntam por que eu faço teatro ainda. Elas falam que é muito trabalho, não ganhamos dinheiro e ainda ficamos longe da família... Eu preciso, lavo a minha alma no palco de teatro.

NaTelinha - Você passou um longo período de sua carreira na MTV. Como se deu essa parceria de sucesso? De que forma um ator tão apaixonado por teatro desejou entrar para o mundo do show business?

Marcos Mion -
Morei nos Estados Unidos quando eu era moleque com minha família toda, lá eu conheci a MTV que ainda não existia no Brasil. Tudo era legal: roupa, música, cenário... Eu não fazia a menor ideia de como eu faria para trabalhar ali, mas eu queria fazer tudo aquilo que eu via. Minha família é toda formada por médicos. Como seria? Quando retornei ao Brasil foi exatamente o ano em que o canal estreou aqui com a Astrid Fontenelle. Esse dia foi marcante pra mim, estava sentado no sofá, olhando para o relógio esperando começar no chiado da UHF 32 (risos).

Minha vida seguiu. Eu queria conquistar minha independência sem precisar viver do dinheiro dos meus pais. Aos 17, fui dar aula de teatro para criança e pessoas que gostariam de ter experimentação com teatro, adultos que tinham suas profissões, mas gostariam de falar melhor em público. E trabalhava como garçom no restaurante Spot. Certo dia atendi o diretor da MTV, Jorge Espírito Santo.

Eu sabia quem ele era e achava que seria a minha oportunidade. Cheguei na lata e mandei: “Escuta, se você quiser fazer história na sua emissora para que ela jamais seja a mesma, me contrata”. Bem assim (risos). Era a autoconfiança de um adolescente de 17 anos, sabia do meu preparo, que eu tinha condições de estar ali. A reação dele foi tão inesperada que ele pagou pra ver e pediu para que eu ligasse no dia seguinte. Passei minhas sugestões, fiz o teste e já sabia que iria apresentar o “Piores Clipes do Mundo”. Foi então que deixei um pouco o lado ator em segundo plano para me dedicar na função de comunicador.


 

NaTelinha - Revisitando sua trajetória profissional e pessoal, o que mudou do Mion daquela época, um cara ousado e obstinado, para o Mion da atualidade?

Marcos Mion -
Ah, muita coisa. Quando você não tem pessoas que dependem de você, doa o que doer fazemos o que acreditamos. Dando certo ou não. Hoje tenho responsabilidades e uma família, as coisas mudam. Mesmo quando fiz aquele programa “Descontrole” na Band, uma insanidade que ninguém entendia (risos), eu fazia do meu jeito. Hoje não. Tenho muita gente que depende de mim, não só a minha família, diretamente são 40 pessoas que trabalham comigo no “Legendários”. E hoje em dia eu sou um comunicador de massa, na época não era. No início eu tinha um brilho no olho que era sedutor e cativante. Hoje eu faço exatamente o que eu gosto, mas tenho a consciência de que não é o “tudo ou nada”. Muitas vezes abro mão, adapto, faço de um jeito que o público vai gostar.

NaTelinha - Tem algum cantor ou banda que você almeja levar ao programa?

Marcos Mion -
É raro ver uma banda de rock no “Legendários”. Não é algo que eu possa opinar do meu gosto pessoal. Cara, eu nunca trouxe a Pitty para cantar! Tenho vergonha porque sou muito fã e amigo dela. Nunca falei isso antes. É difícil no trâmite aqui convencer que ela vai agradar a grande massa, que gosta mais do estilo sertanejo e funk. É verdade, os números nos mostram isso. Em seis anos o Skank e CPM 22 vieram uma vez... A gente joga conforme o jogo. Quer queira ou não, não dá para fazer tudo do meu jeito tem de ser de acordo com a audiência.

NaTelinha - A audiência é um fator preocupante?

Marcos Mion -
Temos seis anos de vice-liderança isolada. É uma gratificação enorme. Quando vim trabalhar na Record, o meu foco era ser o cara do sábado à noite. Tanto que quando eu comecei não tinha um rosto forte nesse horário, o Serginho Groisman entrava muito de madrugada. Era só filme. Apostamos e deu certo. Atualmente não é à toa que quando entramos no ar as concorrentes exibem programas similares. Em nosso terceiro ano ficamos em primeiro lugar por horas. Não é coincidência, na TV tudo é bastante pensando e elaborado.

NaTelinha - Você já foi censurado na emissora?

Marcos Mion -
Nunca teve isso. Quando eu cheguei da MTV diziam que a emissora iria me podar. Sempre lidei com profissionais de televisão na Record. Temos um código de ética que existe em qualquer empresa que precisamos saber quando entramos para trabalhar.

NaTelinha - Você ainda deseja mudar o mundo, seu objetivo de vida na juventude que começamos a falar no início dessa reportagem?

Marcos Mion -
No fundo sim, esse sentimento nunca morre. Pelo menos não quero mais mudar o mundo no horário nobre ao vivo na TV (cai na gargalhada). Eu ainda aposto muito no teatro para isso. É a minha arte o lugar que eu posso cem por cento. Tenho o maior orgulho do “Legendários”, dou a minha vida por isso.

NaTelinha - Pensa em desacelerar?

Marcos Mion -
Não. Descanso só quando eu morrer.

NaTelinha - Para finalizar, o que você pretende para o futuro? Já parou para fazer essa análise?

Marcos Mion -
É um ano de crise no país e está tudo uma loucura. A gente nunca sabe o dia de amanhã. Eu ficaria extremamente feliz em manter o que nós conquistamos. Esse era meu objetivo: ser o cara do sábado à noite.

Mais Notícias

Enviar notícia por e-mail


Compartilhe com um amigo


Reportar erro


Descreva o problema encontrado