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Extinto há 14 anos, canal PSN tinha Libertadores exclusivo mas faliu

"Eu Paguei Pra Ver" relembra histórias e curiosidades da TV paga brasileira


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Foto: Divulgação

Nesta segunda-feira (14), o NaTelinha estreia uma nova sessão semanal que vai destrinchar a história da TV por assinatura no Brasil.

É o "Eu Paguei Pra Ver", que vai contar histórias e curiosidades da televisão paga numa época em que, para se ter o serviço, você tinha que vender os olhos da cara - fora ter que pagar por instalação, adesão e essas bobagens que, graças a Deus, já não fazem parte da realidade dos atuais assinantes.

Para começar, o NaTelinha vai falar de um canal que "chegou chegando" não só aqui no Brasil, mas em toda a América Latina. O PSN se promovia dizendo que vivia "a paixão pelo esporte" e tinha campeonatos fortíssimos em seu cartel de eventos ao vivo, como a Copa da UEFA, a antiga Copa Mercosul (hoje Copa Sul-Americana), NBA, Campeonato Italiano e a mais importante competição de futebol das Américas: a Taça Libertadores da América.

O dono da emissora era a o fundo de investimentos estadunidense Hicks, Muse, Tate & Furst, que investiu em clubes brasileiros na época, como o Corinthians e o Cruzeiro. A sede do canal ficava bem próximo à Miami, nos Estados Unidos.

Até hoje lembrado pelos telespectadores mais antigos, o PSN - ou Pan American Sports Network - prometeu muito em sua estreia, não só pelos eventos que obtinha, mas também pela gama de profissionais que tinha. Na equipe de transmissões, estavam nomes como Téo José, Dárcio Arruda, Mauro Beting, Rogério Corrêa, Marcos César, Marco Túlio Reis, Lano Brito, Milene Domingues, Osmar de Oliveira, Antônio Pétrin, João Bosco Tureta, dentre outros. Quem também era contratado do canal era Pelé, que tinha um programa quinzenal chamado "Show do Pelé", uma mesa redonda que contava antigas histórias do futebol. A expectativa da Tate & Furst era que, em três anos, a PSN fosse o maior canal esportiva de toda a América Latina.

A estreia do PSN aconteceu em 15 de fevereiro de 2000, com o jogo entre Palmeiras e The Strongest, da Bolívia - o clube boliviano, inclusive, estampou a marca do canal na sua camisa durante toda a participação dele naquele ano. Para o Brasil, o jogo foi transmitido por Téo José, com comentários de João Bosco Tureta. Aquele ano ainda reservaria um grande momento para o PSN: na final da Libertadores de 2000 entre Palmeiras e Boca Juniors (ARG), Téo e João Bosco transmitiram diretamente do estádio do Morumbi com a companhia de Maradona na cabine, convidado que era do canal.

O esquema de distribuição da emissora era diferente do que acontecia com o SporTV e a ESPN Brasil na época. O PSN era oferecido no esquema á la carte. Ou seja, além da assinatura normal, quem quisesse o canal teria que pagar uma quantia a mais. Na Sky, o PSN era até distribuído normalmente, mas na Net e na TVA - atual Vivo TV - o valor era de R$ 7,50 e R$ 3,50, respectivamente, valores um tanto quanto absurdos até hoje. O curioso é que, mesmo com o preço elevado, o PSN tinha uma solida quantidade de assinantes. Eram pouco mais de 850 mil telespectadores no Brasil, número bastante respeitável para a época - entre 2000 e 2002, a TV por assinatura tinha quase 2,8 milhões de assinantes em todo o país..

Mas a história promissora foi abreviada. Já no fim de 2001, os boatos do fim do PSN cresciam, junto com as notícias de que a Hicks, Muse, Tate & Furst estava com dificuldades financeiras. Em fevereiro de 2002, a confirmação: o canal iria sair do ar em toda a América Latina, com os direitos de praticamente todas as competições sendo vendidos para o Fox Sports - que só viria a operar no Brasil em 2012. Em março de 2002, o canal saiu definitivamente do ar, sem qualquer aviso para o seu telespectador assíduo. O fato prejudicou demais a cobertura da Libertadores da América daquele ano.

Os torcedores de Flamengo, Grêmio, Atlético-PR e São Caetano ficaram na dependência da Globo para seguirem suas equipes, e nem sempre o canal transmitia os jogos. Para se ter uma ideia, finalista daquela Libertadores, o São Caetano - hoje na Série D do Campeonato Brasileiro, mas fenômeno do futebol nacional na época - só teve as partidas decisivas contra o Olímpia (PAR) e o jogo de volta da semifinal com o América do México levados ao ar. O jogo de ida, no México, foi praticamente fantasma, já que até mesmo poucas rádios o fizeram.

Os motivos para a falência do PSN são óbvios. O fundo de investimento não entendia minimamente de televisão e resolveu se aventurar. Sem entender nada de gestão de negócios, o canal investiu alto demais numa época que a TV paga ainda não dava o retorno necessário para tanta grana investida. O fato é que o PSN deixou nostalgia em quem viu, porque para o bem ou para o mal, marcou. E marcou muito.


Gabriel Vaquer escreve sobre mídia e televisão há vários anos. No NaTelinha, é responsável por reportagens variadas e especiais. Na coluna "Antenado", fala sobre TV aberta quando a necessidade pedir. Já no "Eu Paguei Pra Ver", às segundas, conta histórias curiosas sobre a TV por assinatura no Brasil. Converse com ele. E-mail: gabriel@natelinha.com.br / Twitter: @bielvaquer

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