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Thelma Guedes e Duca Rachid falam sobre "Cordel Encantado" e parceria

"Não é o momento de a gente pensar em seguir caminhos diferentes"


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Duca Rachid e Thelma Guedes - Foto: TV Globo/Bob Paulino

“Não é o momento de a gente pensar em seguir caminhos diferentes”

 

Thelma Guedes e Duca Rachid são parceiras natas. Conseguem, simultaneamente, ter sintonia, a mesma visão estética das coisas, afinidades artísticas, ideológicas e existenciais, além de histórias de vida muito parecidas. Pensam um dia em apresentar novelas à emissora da Globo sozinhas, cada uma para seu lado, mas agora, dizem, “ainda não é o momento de pensar nisso”.

As autoras de “Cordel Encantado”, a nova novela das seis da Globo, parecem ter esta ideia bem fixada. E a rara tarefa de dividir um trabalho de criação artística parece que dará bons resultados pela terceira vez. Afinal, a nova trama de ambas é a terceira consecutiva que escrevem nesse horário, em dupla, em pouco mais de seis anos. “É um horário extremamente importante, porque a novela das seis toca no fundo das pessoas, cria empatia e usa elementos da cultura brasileira para se aproximar das pessoas”, explica Thelma Guedes.

Depois do remake de “O Profeta” e de “Cama de Gato”, as autoras da nova novela criaram um autêntico conto de fadas, descompromissado com a realidade brasileira, mas que lida com dois elementos míticos, o sertão e uma realeza atemporais.

A ideia de “Cordel Encantado” ficou na gaveta da Globo por pelo menos quatro anos, tempo suficiente para que a emissora se convencesse a retomar as produções de época num horário que já foi rotulado por esse gênero de folhetim. “Chegamos a fazer uma versão contemporânea, sem os cangaceiros, que  era interessante também porque tinha os seus ganhos em termos de situações dramáticas”, adianta Duca Rachid. Apesar da longa espera, as autoras estão confiantes no sucesso e repercussão da nova trama. Em entrevista exclusiva, concedida a Bruno Cardoso, do NaTelinha, a parceria mais bem-sucedida dos últimos tempos da Globo fala de tudo isso e de um pouco mais.
 

NaTelinha: Depois de “O Profeta” e de “Cama de Gato”, exibidas com sucesso e repercussão pela Globo, vocês voltam a trabalhar juntas em “Cordel Encantado”. Como está sendo pela terceira vez consecutiva repetir a parceria no horário das 18 horas?

Thelma Guedes:
Muitos fatores permitem que nossa parceria seja tão boa, em tantos sentidos. Sei que é muito raro fazer bem e em paz um trabalho de criação artística em dupla. A primeira coisa que contribui pra isso é a sintonia. A nossa visão de mundo é parecida, a visão estética das duas é muito próxima. Não é fácil, mas eu me esforço muito pra não desrespeitar o espaço da Duca. Porque ela é uma grande amiga, antes de qualquer coisa. E eu quero preservar essa amizade. E é muito bom esse exercício de adestramento da vaidade... E assim, a dupla vai se criando, criando histórias bonitas, e se divertindo com isso! Trabalhar feliz é tudo!

Duca Rachid: Está sendo ótimo. A gente tem muitas afinidades artísticas, ideológicas, existenciais... Temos histórias de vida muito parecidas. Ideia e pensamentos semelhantes. A Thelma é uma pessoa de quem eu ficaria amiga, mesmo se não trabalhássemos juntas..

 
NT: Como nasceu a ideia de “Cordel Encantado”?

D.R.:
Cordel é um projeto bastante antigo. Estamos tentando emplacá-lo há pelo menos uns quatro anos. Ele foi apresentado à emissora ainda antes de Cama de Gato.  A ideia agradou todo mundo, mas, na época, a TV Globo tinha decidido suspender por um tempo as novelas de época. Chegamos a fazer uma versão contemporânea, sem os cangaceiros.  Era interessante também. Tinha os seus ganhos, em termos de situações dramáticas. Mas, de fato, a união desses dois universos, a corte europeia e o cangaço, era um apelo muito mais forte.Cordel é isso, uma fábula que reúne esses dois universos atemporais: a corte e o cangaço. São universos quem têm símbolos e rituais muito próprios. E que estão presentes na literatura de cordel, há muito tempo. Embora hoje em dia o cordel fale sobre qualquer assunto. Essa é uma novela que tem por objetivo levar o telespectador para um mundo de sonho e fantasia. Uma história de amor, temperada com muito humor e aventura.

T.G.: A historia nasceu quando terminamos de escrever nossa primeira novela, o remake de O Profeta. Nós começamos a pensar, então, no que ofereceríamos à emissora. Inicialmente apresentamos três idéias: outro remake; uma novela de época e uma trama atual. Cordel era a ideia de época, que, como a Duca já disse, foi a que mais agradou. Mas naquele momento o objetivo da Globo era dar um tempo em tramas de época. Oferecemos a versão atual dela, mas todos diziam que não era tão encantadora quanto a versão original. Era melhor esperar um pouco, para levá-la ao ar mais tarde. Apresentamos então a sinopse de Cama de Gato, que acabou dando certo. Mas enquanto Cama de Gato nasceu de uma angústia existencial, de papos que Duca e eu tínhamos sobre a realidade dura de hoje, em que o individualismo impera sobre uma visão mais humanista e humanitária, acho que Cordel Encantado nasceu, por outro lado, da nossa alma de contadoras de história, do nosso amor pela ficção, pelo sonho, pela fantasia, pela literatura, enfim, pela arte, que é o que nos faz transcender à nossa condição de seres finitos e tão ínfimos

 
NT: Em que se distingue “Cordel Encantado” das restantes tramas de época já apresentadas pela emissora?

T.G.: Uma coisa que me parece ser uma característica bem particular dessa novela é que, mesmo sendo uma novela “de época”, ela não tem compromisso com a realidade histórica. Cordel Encantado lida com dois universos míticos: um sertão e uma realeza atemporais.

 
NT: Com “Cordel Encantado”, Cauã Reymond e Bianca Bin assumem pela primeira vez o par protagonista. É um risco, para vocês, colocar nas mãos deles os papéis de Jesuino e de Açucena?

T.G.:
Não há risco nenhum! Só pelas chamadas é possível o público ver que eles estão maravilhosos! Os dois são jovens muito talentosos. Estamos apostando na Bianca Bin como protagonista, atriz na qual botamos a maior fé. Quanto ao Cauã, somos grandes admiradoras do trabalho dele há muito tempo.

D.R.: Eles têm dado aos personagens os atributos que imaginamos para cada um. O Jesuíno é o nosso herói,  nosso Robin Hood,  que não consegue fugir de sua sina. Açucena é uma moça que tem que escolher entre o amor e as suas verdadeiras origens. Pelo que já vimos os dois têm uma química forte, poderosa.

 
NT: Nathália Dill e Bruno Gagliasso completam o principal quarteto amoroso. Acham que o público não está cansado das constantes personagens que eles têm vindo a desempenhar, todas elas num curto espaço de tempo? Quais as diferenças entre os personagens que vão agora desempenhar e os anteriores?

D.R.:
As diferenças são claras. São histórias totalmente distintas e personagens idem.

T.G.: A Nathalia está em seu terceiro papel em uma novela das seis. E com o seu talento e beleza acho que mesmo que estivesse no 30º seria difícil o público enjoar dela. Além do mais, o papel dela em Cordel Encantado é muito especial, diferente de tudo o que ela já fez. A princípio pode até parecer igual, mas em dado momento, o público vai se surpreender e muito com ele! Quanto ao Bruno, a gente queria muito que ele fizesse o Timóteo. Ainda bem que conseguimos. Ele é um ator incrível.

 
NT: A principal vilã da novela, Úrsula, será desempenha pela Débora Bloch.. Como é contar com uma atriz do gabarito dela, especialmente quando ela tem estado desaparecida desde “Caminho das Índias”?

D.R.:
A Debora é uma atriz maravilhosa e é uma honra tê-la na pele da nossa vilã Úrsula. Ainda mais em uma dupla com o também maravilhoso Luiz Fernando Guimarães

T.G.: Úrsula e Nicolau são dois escroques, vaidosos, que não medem esforços para ter poder e dinheiro. Mas mesmo sendo maus, sem escrúpulos, farão os telespectadores rir muito!


NT: Tal como nas suas novelas anteriores, “Cordel Encantado” também dará espaço para a comédia e para outras tramas importantes?

T.G.:
Acredito que a trama tenha os ingredientes fundamentais: uma história central forte, fôlego, personagens bem construídos, reviravoltas e muito romance, ação, aventura e humor.. Espero que o público concorde comigo. As tramas paralelas são fortíssimas. Como vocês devem saber, Duca e eu costumamos fazer as tramas paralelas não serem tão paralelas assim. Elas atravessam e interferem na trama central, de uma maneira muito dinâmica.

D.R.: Temos a trama do Rei Augusto, que sofre e mantém sua humanidade, apesar de estar restrito por todo aquele cerimonial típico da corte; de Herculano, cangaceiro, homem  rude; do prefeito Patácio e sua mulher Ternurinha, o casal que representa aquela política que ainda persiste no Brasil; do delegado Batoré, homem da lei, que deveria ser duro e rígido, mas é, no fundo, um fraco, patético e apaixonado; de Timóteo, que tem aquele falso verniz do dândi, mas, no fundo, é um coronel como o pai; de Dora, uma moça culta, inteligente, independente, à frente de sua época, e, ao mesmo tempo, apaixonada; de Jesuíno, um homem bom, um herói que cumpirá sua sina e virará um cangaceiro do bem, que roubará dos ricos para dar aos pobres. De Açucena, uma moça doce e ao mesmo tempo forte que ficará entre o amor de sua vida e suas verdadeiras origens; do Miguézim, que representa o lado místico do sertão. De Úrsula e Nicolau, dois vilões cheio de vaidade que passam por cima de tudo e de todos para ter poder e dinheiro...

 
NT: Por que a ideia de gravar na França as cenas iniciais da trama? É mais um sinal da plena confiança da emissora no trabalho que apresentam?

D.R.:
Tomara que sim! Que seja um sinal de confiança! Mas nesse caso, avaliamos junto com Amora e Ricardo que era necessária uma locação, um "cenário real", para dar mais verdade aos personagens da corte de Seráfia.

T.G.: Quando propusemos a novela à emissora, nós chamamos a atenção para o fato de essa novela precisar de duas viagens. Precisávamos de um castelo europeu de verdade e de um lugar paradisíaco no nordeste do Brasil. Sem essas viagens, seria difícil criar esse universo ficcional de maneira consistente.

 
NT: Como é contar com a direção de Amora Mautner? E com Ricardo Waddington?

D.R.:
Nós estamos repetindo a parceria bem sucedida de ‘Cama de Gato’. Amora e Ricardo garantem que a nossa história seja contada da melhor maneira possível, com toda a qualidade, dedicação e competência. O público já deve ter percebido isso pelas chamadas que mostram as imagens filmadas em 24 quadros. A primeira novela que usa essa tecnologia.

T.G.: A Amora é uma diretora sensível, dedicada, apaixonada e temos uma sinergia forte com ela, com seu olhar feminino. O Ricardo é um diretor muito experiente, com quem temos uma troca muito intensa e rica. Ele é exigente e quer sempre o melhor. Isso é maravilhoso.
 

NT: Uma de vocês teve recentemente seu apartamento assaltado. Os ladrões levaram o computador e, nele, os primeiros capítulos da trama. Esse episódio caricato obrigou o vosso time a mexer no roteiro da trama?

D.R.:
Foi o apto. da Thelma. Mas não mexemos numa vírgula! O computador tinha senha.

T.G.: É um baita susto ter o lar da gente invadido. Neste caso, logo quando soube que meu computador também tinha sido levado fiquei bastante preocupada, até lembrar que tínhamos cópias dos capítulos no computador da Duca e dos colaboradores. E que meu computador tinha senha...

 
NT: “Cordel Encantado” substituirá no horário “Araguaia”, de Walther Negrão. É uma tarefa difícil assumir o horário agora que ele está em alta e impedir que o público rejeite a trama ou é mais fácil pegar o Ibope no chão e levar as pessoas a sentarem gradualmente em frente ao televisor e conquistá-lo?

D.R.:
A responsabilidade sempre é grande. O horário das seis é muito importante. É ele que estabelece o patamar de audiência, a partir do qual os outros produtos do horário nobre terão para alçar seus voos. É ela que tem a tarefa primeira conquistar e atrair o público. Talvez por isso mesmo ela deva ser muito sedutora...

T.G.: Afinal, será dela a tarefa de convidar o espectador para a brincadeira e para o sonho da ficção. Assim sendo, o que não pode faltar a ela é essa atmosfera onírica, esse convite para sonhar, a partir de elementos míticos, da fábula, do conto de fadas. Mesmo quando a novela é realista, como no caso de Cama de Gato, tem que ter um pé no sonho. A nossa protagonista Rose era uma mulher pobre, batalhadora, pés no chão, mas era uma sonhadora, romântica. E teve uma trajetória mágica, de personagem de conto de fadas. Da mesma maneira, Gustavo vive um pesadelo também fabular. Outra coisa importante na novela das seis é tocar fundo no sentimento do seu público, criar empatia, usar elementos da cultura brasileira para se aproximar das pessoas. Para os espectadores se verem nos personagens e na história que está sendo contada.
 

NT: As tramas que desenvolvem serão a mais curta que já levaram ao ar. Os capítulos que têm chega para contarem uma história ágil e sem barriga, tal como queriam inicialmente, ou é inferior àquilo que previram?

T.G.:
Um autor de novelas tem que estar preparado para a encomenda que recebe. Neste momento, estamos prontas para contar a nossa história no número de capítulos que nos foi estabelecido. Mas não somos bobas... Sempre guardamos algo na manga, para o caso desse espaço aumentar. Mas deixar a história com barriga jamais! (risos)

D.R.: Em ficção tudo é possível...
 

NT: Sendo essa a terceira novela em parceria, vocês sentem a necessidade cada vez maior de rumar caminhos diferentes, apresentando, cada uma, novelas a solo?

D.R.:
Acho que não é o momento da gente pensar nisso, né? Temos uma longa jornada em dupla, pela frente. E eu, particularmente, estou muito feliz com essa parceria.

T.G.: Minha parceria com a Duca é algo muito especial. É raro conseguirmos dividir um trabalho de criação com alguém, como nós duas fazemos. Com todos os esforços físicos, mentais, emocionais e as dificuldades que estão implicados neste trabalho de escrever novela, nós chegamos a um resultado tão bom, e ainda conseguimos nos divertir muito criando juntas. Por isso, ainda que eu queira um dia escrever algo sozinha, este dia ainda não chegou. Tanto é que estamos aqui, começando esta longa viagem pelo Cordel Encantado! Estamos focadas nessa história! Super animadas, juntas e misturadas!

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