É a Lurdes

Atuação da Semana: Realismo cru de Regina Casé diverte e emociona em Amor de Mãe

Protagonista da novela parece uma vizinha que todo mundo tem ou teve na vida


Regina Casé, como Lurdes, abraçada com seu filho em Amor de Mãe
Em Amor de Mãe, Regina Casé tem brilhado. Foto: Divulgação

Um dos maiores desafios de um ator ou atriz é transmitir verdade em cena. Janete Clair costumava dizer que uma novela não precisa ser real, precisa ser verossímil e é isto que se cobra das composições. Regina Casé, de volta às novelas em Amor de Mãe depois de um longo hiato, comprova a tese.

A atriz da vida a Lurdes, uma das três protagonistas da história de Manuela Dias (as outras duas são Adriana Esteves e Taís Araújo) e nesta primeira semana se destacou de forma diferente do que se costuma ver na televisão brasileira. Ela ainda não recebeu cenas com alto grau de emoção ou mesmo um bife (termo utilizado por novelistas que significa longos textos, uma espécie de mini monólogos) e não precisou de grandes recursos para ser o nome de Amor de Mãe nesta primeira semana.

Quando uma novela estreia, uma dos grandes objetivos de todos que cercam a produção, autor, diretor e elenco, é convencer o telespectador de que vale a pena continuar. Porque quem assiste estava há oito meses ao lado de outro grupo de personagens diariamente e já familiarizado com eles. Como criar intimidade com quem não se conhece? É essa a resposta que um primeiro bloco de capítulos de novela deve responder e, ultimamente, a maioria não consegue.

Regina Casé é a exceção. De posse de um texto fragmentado e uma condução de história no pretérito (perdeu um filho, matou o marido, criou os outros filhos, tudo na vida dela se passa no passado), a atriz fugiu dos caminhos óbvios para apresentar sua Lurdes ao público. Uma mulher em busca de seu filho perdido poderia ser amarga, rancorosa pelo que a vida lhe ofereceu ou mesmo muito sofredora, melodramática. 

Atuação da Semana: Realismo cru de Regina Casé diverte e emociona em Amor de Mãe

Lurdes não é nada disso e não se trata do texto ou da direção. É mérito da atriz. Regina Casé é experiente em conquistar as massas graças a trabalhos como apresentadora (Brasil Legal, Muvuca , e mais recentemente o Esquenta) e pensou em sua protagonista seguindo os moldes de sua empostação como apresentadora.

Ela deu ares de cotidiano, com dramas e leve dose de humor em toda cena. Não existe uma aparição de Lurdes em que os detalhes não saltam aos olhos. Como quando ela se encontra com Thelma (Adriana Esteves) caída na rua e, para ajudar a desconhecida, ergue as mãos desajeitadamente para pedir ao trânsito parar. Ou quando o médico anuncia que Thelma tem uma doença grave e, ao lamentar, ela coloca levemente a mão no rosto, chocada com a notícia.

Lurdes teve uma apresentação como toda personagem de Amor de Mãe, mas Regina Casé não se preocupou em se apresentar ao público pela história, até porque, ainda não se sabe direito qual será a história futura dela. A atriz transformou sua Lurdes numa personagem tão real que parece uma vizinha que todo mundo tem ou teve um dia. 

A interpretação não difere muito do que ela fez quando retornou ao universo da interpretação com o premiado filme Que Horas Ela Volta. As nuances, no entanto, são marcantes e demonstram que Regina Casé fez a lição de casa e, ao menos nesta primeira semana, está muito a frente do restante do elenco. Por isso, ela é a atuação da semana.

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