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Controversa mas exitosa, falar de "O Outro Lado do Paraíso" virou moda

"O Outro Lado do Paraíso" é como escalar a seleção brasileira


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Globo/Marília Cabral

No ar desde outubro e com uma audiência crescente, "O Outro Lado do Paraíso" tem despertado os mais diversos tipos de telespectadores, fãs, odiadores e simpatizantes.

A novela de Walcyr Carrasco tem uma lista interminável de furos e situações inverossímeis, mas seus números no Ibope não param de crescer. O que isso significa? Quem disse nada, errou. Significa o óbvio, que mais pessoas estão sintonizando na Globo na faixa horária da trama.

Seja para torcer por Clara (Bianca Bin) ou para rir das situações melancólicas dos personagens, falar de "O Outro Lado do Paraíso" está como escalar a seleção brasileira. Todo mundo opina, concorda, discorda. O que não existe é unanimidade.

O tema vingança é um grande chamariz. O público, na atual conjuntura catastrófica que se encontra o país, vê na teledramaturgia, talvez, o único lugar que se possa fazer justiça de verdade e se apega nesse discurso de que "tudo que você faz, um dia volta pra você".

Dito isto, também preciso dar meu pitaco sobre a nova mania nacional que é "O Outro Lado do Paraíso" e destacar algumas situações que não tem o menor cabimento.

Não reconheceu a mãe

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Não adianta tentar explicar isso: Adriana (Julia Dalavia) não ter reconhecido Elizabeth (Gloria Pires) passou do limite do inexplicável. Tentar justificar com choque ou qualquer outra coisa que seja, não cola. A menina tinha por volta dos 10 anos quando a mãe "morreu", a vê na cadeia e não reconhece. Certamente ela tinha papéis em sua casa, que nós, pessoas, chamamos de fotografia. Será que a jovem advogada teria sido abduzida por alienígenas? Fica esta sugestão para o autor que é perfeitamente plausível, levando em consideração os fatos.

Didatismo e teatro puro

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A cena da morte de Natanael (Juca de Oliveira) foi sem comentários. Digna de fazer inveja em filme B mexicano. O esforço para que o advogado e Elizabeth faziam no diálogo como se alguém precisasse escutar aquilo tudo desde o início foi constrangedor. Será que com alguém com uma arma na mão faria a situação se arrastar por tanto tempo e começar a lembrar da época que o Guaraná era de rolha? Acho que não.

Nanismo

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Estela (Juliana Caldas) tem sido tão importante quanto um feriado no domingo para o trabalhador. Sua história, que poderia retratar as dificuldades do nanismo e a superação, não saiu do lugar até agora. A personagem fica pelos cantos com a empregada (que nem parece ser empregada, que serviço ótimo) esperando pelo príncipe encantado sem mexer um dedo sequer. Um bom tema pouco aproveitado.

Casamento sem sexo

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Não vou me aprofundar muito nessa questão por conta do horário, mas o que vem por aí é simplesmente inclassificável: Diego (Arthur Aguiar) vai propor um casamento sem sexo para a esposa Melissa (Gabriella Mustafá) porque quer que ela continue "pura como um cristal". E ela aceita. Rapaz...

Talvez tenha até me esquecido de alguma coisa. Somado isso aos bordões incenssantemente repetidos, o núcleo de Samuel (Eriberto Leão) que virou a casa da mãe Joana e foi para o humor rasgado...

"O Outro Lado do Paraíso" é ruim, mas é boa, como disse nesta semana a sábia Sônia Abrão. É como aquela coxinha de rodoviária encharcada de óleo. Você está com fome e só comeu salada nos últimos meses.

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Ok, minha analogia talvez não tenha sido das melhores, mas o fato é que Carrasco sabe virar suas tramas do avesso como ninguém e isso já havia sido retratado neste espaço em 2016 com o sucesso de "Êta Mundo Bom!".

Carrasco escreveu em todas as faixas nos últimos anos: 18h, 19h, 21h e 23h, obtendo sucesso em todas elas. A Globo não tem do que reclamar. 

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