Coluna Especial

Xuxa e Gugu sacudiram a TV nos últimos 15 anos

James Ackel aponta que a troca de emissoras dos apresentadores mexeram no mercado


Xuxa Meneghel e Gugu Liberato
Fotos: Divulgação

Quando sentei na frente da tela para escrever sobre os últimos 15 anos de TV aberta, comemorando os 15 anos do NaTelinha, de imediato pensei no tempo e como ele é volátil na TV. Alguém imaginaria que Xuxa Meneghel deixaria a Globo indo direto para a Record? Alguém imaginaria que Gugu Liberato (1959- 2019) deixaria o SBT para trabalhar na Record recebendo igual ao Faustão? Alguém imaginaria que o Pânico na TV deixaria a RedeTV!? Então a gente olha lá atrás e entende que o tempo não fica na porta, e mesmo tarde, vai entrante e o tempo assim se comporta tal qual amor de nossa amante. 

A TV aberta não ficou melhor nestes 15 anos. Pelos números que temos a TV ficou muito pior. Tanto em conteúdo quanto lucratividade. Xuxa deixou a Globo, que na verdade queria que ela saísse faz tempo, e foi trabalhar na Record com uma entrada digna da grande artista que ela é. 

Teve diretor, daqueles que acreditam entender de TV aberta, que dizia que Xuxa daria mais de 10 pontos no Ibope. Ela não deu e até hoje não teve uma audiência à altura de sua grandiosidade. A culpa é da Xuxa? Não, claro que não é. A Record não teve filosofia e muito menos gente que soubesse dirigi-la e transformá-la em apresentadora de conteúdo maduro.

Coisa parecida aconteceu com Gugu que saiu do SBT e foi para a mesma emissora. Gugu passou a vida artística desde jovem protegido por Silvio Santos e foi o filho que ele não teve. Deixou o SBT pela sedução do dinheiro que era igual ao salário do Faustão. Mas, infelizmente, ele deixou seu talento nos palcos do SBT. Ele não tinha na Record o afeto de Silvio Santos e a proteção afetiva que as paredes da antiga emissora lhe dedicavam.

Ao largo disto, ao longos dos últimos 15 anos, a Globo cavalgou solerte e matreira sendo dona do Ibope e passando por cima das outras emissoras como se elas não existissem. A Globo tem uma superioridade de conteúdo e fidelidade de público que em tempo algum se viu na TV aberta.

Nos anos 60 a TV Tupi, TV Record e TV Excelsior disputavam liderança e publicidade. Hoje a TV Globo parece um avião em altitude de cruzeiro que mesmo sem gasolina ainda plana alto. As outras emissoras parecem aviões na pista sem saber como levantar o avião. E vamos considerar que nos últimos anos a Globo só teve prejuízo, e mesmo assim, a diferença entre o Ibope dela e dos outros até aumentou. 

A emissora nestes anos mandou embora uma coleção incrível de grandes talentos e não perdeu nada de Ibope. Aliás, os que foram mandados embora se portam como se ainda estivessem na Globo. 

Num cenário onde a administração artística da Record não teve sucesso em nenhum dos empreendimentos criados pelo diretor Marcelo Silva ou pelo Guerreiro, onde o SBT está em compasso de sabe lá o que vai ser, a Band tentando resolver seus problemas financeiros e a RedeTV! acomodada onde está, os últimos 15 anos foram de mercado em decadência.

Todas as redes precisam aprender a fazer TV aberta sem grana.  As grandes novelas de liderança de Ibope da TV Tupi e TV Excelsior tinham no máximo 30 atores e não 80. Programas humorísticos era feitos para dar risada e não para falar coisas sem serventia e sem humor.

Os rumos do conteúdo da TV aberta estão em caminhos muito ruins e não acreditem que o cenário vai mudar porque ninguém tem estratégia de comunicação para criar uma grade e um conteúdo competitivo neste mercado de agora. Nestes últimos 15 anos, a dona de casa, que continua habituada a deixar a televisão ligada na Globo, não teve muitos motivos para trocar de canal.


James Ackel é jornalista e faz parte da história da televisão, com passagens pela TV Excelsior, Paulista, Record, SBT e RedeTV!

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