O preço de ser Danilo Gentili no Brasil polarizado: o desabafo no SBT
Apresentador desabafa sobre os 11 anos do The Noite, critica a imprensa e expõe os desafios
Publicado em 07/09/2025 às 06:03
Danilo Gentili fez um forte desabafo na última segunda-feira (01) sobre os 11 anos de trajetória do The Noite no SBT. Na abertura do talk show, ele dedicou cerca de 10 minutos para expressar sua frustração com a falta de reconhecimento da imprensa em relação ao programa diante de vários números que mostram o sucesso da atração na TV aberta e web.
Entre algumas de suas conquistas, Gentili destacou a liderança de audiência em 11 das 15 regiões do país medidas pela Kantar Ibope Media, além de ter superado projetos concorrentes, como o Programa do Porchat, da Record, e o Adnight Show, da Globo, apresentado por Marcelo Adnet.
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Entre todos os que fizeram talk show no Brasil, formato que chegou com Jô Soares, Danilo Gentili foi um dos que melhor compreendeu a linguagem na TV aberta. Soube adaptar o modelo internacional ao humor nacional, com irreverência e timing afiado. No entanto, há pontos que ele precisa reavaliar.
O primeiro é sobre sua cobrança por reconhecimento da imprensa. Gentili exige valorização de profissionais que ele mesmo costuma criticar com frequência. É verdade que há maus profissionais em qualquer área, mas ao generalizar, ele acaba colocando no mesmo balaio até aqueles que trabalham com ética e competência.
Outro ponto é sua queixa sobre o fato de outros artistas conseguirem mais contratos publicitários, mesmo ele sendo o apresentador de um dos poucos programas que já tiraram a liderança da Globo. Mas essa questão vai além da audiência.
Danilo Gentili nos bastidores do SBT
Hoje, o mercado publicitário está extremamente sensível às posições políticas dos artistas, especialmente num país tão polarizado. As marcas evitam qualquer associação com polêmicas. Danilo, por sua vez, fala abertamente sobre política, critica tanto a esquerda quanto a direita, e isso tem um custo, é o pedágio que se paga por se posicionar publicamente.
Há uma hipocrisia evidente: muitos que dizem sentir falta de figuras como Hebe Camargo (1929 -2012), que falava abertamente sobre política, seriam os mesmos que hoje a criticariam por suas opiniões.
O mercado atual não tolera polêmicas, independentemente do lado. Por isso, não há mais espaço para uma nova Hebe, muito mais por falta de aceitação do que por ausência de novos talentos.
Num país polarizado entre Lula e Bolsonaro, ser artista hoje parece exigir silêncio. Não estou dizendo que isso é certo, apenas expondo a cartilha que, atualmente, rege o comportamento nas agências de publicidade.

Nos bastidores, Gentili é muito mais vendável do que aparenta em suas redes sociais. É alguém que defende sua equipe, faz sacrifícios pessoais para evitar demissões e, no caso envolvendo Juliana Oliveira e Otávio Mesquita, mostrou que está disposto a enfrentar a direção da emissora para proteger os seus. Isso revela um lado humano e leal que nem sempre transparece na sua persona pública.
Danilo é o oposto de muitos artistas que, diante das câmeras, se apresentam como santos ou modelos da família brasileira, mas mantêm apartamentos em São Paulo para receber visitas fora do casamento com discrição. Mais uma vez, é a hipocrisia.
Mas, para seguir adiante com mais força, talvez seja hora de Danilo Gentili fazer um gesto de autocrítica. Um ato de mea-culpa para uma mudança de rota. Talento e inteligência têm para isso.