Opinião

Novo Pânico da Jovem Pan virou programa do "tiozão do Zap"

Versão atual do programa tem fixação por política e no debate sobre ser de direita e esquerda


Emílio Surita usando camisa branca na bancada do programa Pânico na Jovem Pan
Emílio Surita é apresentador do Pânico na Jovem Pan - Foto: Reprodução/Jovem Pan

Quando estreou na RedeTV! em 2003, o Pânico foi um divisor de águas para o humor, com um programa ousado, inovador e com uma linguagem inédita para a televisão na época. A atração conseguiu atingir tanto o público mais jovem quanto o mais tradicional, algo difícil de alcançar. O Pânico chegou à televisão após ser um fenômeno no rádio e um marco para uma geração. No entanto, a versão atual na Jovem Pan News está muito aquém do que já foi e pode até ser considerada como tendo uma fixação patológica por política.

Todo o programa gira em torno de direita e esquerda. Não há mais humor, apenas a tentativa de ser algo engraçado. Somente os integrantes acham graça das piadas, talvez para agradar o chefe que está na bancada. O experiente Emílio Surita está mais ranzinza no vídeo, e nem de longe lembra sua apresentação nos anos 2000.

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No passado, o Pânico era um alívio para as atribulações do dia a dia. O programa foi um precursor do formato hoje consagrado dos podcasts. O Pânico conseguia obter declarações inéditas dos artistas, que repercutiam em toda a imprensa. Hoje mesmo quando flerta com o entretenimento, a falta de bom elenco é sentida.

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Bola, Carioca, Carlinhos, Rodrigo Scarpa, Viny 'Gluglu' Vieira, Ceará, Evandro Santo, Eduardo Sterblitch e Nicola Bahls são alguns dos talentos lançados pelo programa. Até Sabrina Sato ganhou oportunidade de ser mais do que ex-BBB no programa liderado pelo Emílio Surita.

O programa na RedeTV! era uma preocupação para a Globo, pois frequentemente tirava a liderança do Fantástico e deixava Silvio Santos em terceiro lugar. O Pânico ditou tendências no humor televisivo.

Novo Pânico da Jovem Pan virou programa do \"tiozão do Zap\"

Sinto saudades desse Pânico, que não se preocupava em agradar a direita e tinha o tom ideal para tirar sarro da política. Um fenômeno entre os jovens, o programa atual não se renovou, envelheceu mal e parece feito para os tiozões do WhatsApp, aqueles que só falam de política nos grupos da família. O programa tem um humor superficial e sem inteligência. É uma pena, pois a TV está carente das transgressões do antigo Pânico.

Existem vários programas na Jovem Pan para expressar opiniões políticas; o Pânico deveria focar no entretenimento. Ao tentar ser político, o programa está assumindo um papel que não é seu e fica, cada vez mais, distante da sua essência.

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