O sucesso do "Cidade Alerta" é ruim para a qualidade da Record TV

Publicado em 08/08/2018 às 09:03
A Record TV investe milhões em suas novelas bíblicas, importa formatos estrangeiros com altos custos de produção, como "Dancing Brasil" e "Canta Comigo", e possui artistas como Xuxa Meneghel, Gugu Liberato, Sabrina Sato e Rodrigo Faro, mas a maior audiência da sua programação é o policialesco "Cidade Alerta".
Na última segunda-feira (06), a atração comandada por Luiz Bacci conquistou 13 pontos de média em São Paulo. No mesmo dia, "Jesus" marcou 11,6, a reprise de "A Terra Prometida" atingiu 11,2 e a principal atração da noite na linha de show, o jornalístico "Repórter Record Investigação", conquistou 5,2 de média.
Como forma de comparação, o "Canta Comigo" exibido no dia 1º de agosto registrou 7,6 pontos, enquanto a terceira temporada de "Dancing Brasil", finalizada em abril, teve média geral de 6,6, a maior audiência de todas as edições produzidas. Milionárias, os índices destas atrações ficam bem distantes dos consolidados pelo "Cidade Alerta". Como se explica?
Cada vez mais longe da liderança, a Record TV tem como concorrente direto o SBT. Mas sua pontuação no Ibope não é uma realidade tão distante do canal de Silvio Santos, como as cifras que investe na programação.
Não possuir nenhuma outro produto que supere um programa com qualidade duvidosa, como é o "Cidade Alerta", é algo preocupante. Além disso, com seus resultados positivos na audiência, é um produto que influencia a concepção de outros programas da grade e isso respinga até nas atrações dominicais.
Com quase três horas de duração, para desespero da área comercial, o "Cidade Alerta" possui a função importante de alavancar toda a grade do horário nobre da Record TV, ele consegue, mas beirando o sensacionalismo e em muitas vezes faltando o principal: a informação.
No ano em que completa 65 anos, a Record TV tem a oportunidade de repensar como buscar uma programação forte o suficiente para disputar com a Globo e SBT no início de noite, sem precisar explorar o sangue, tragédia e pobreza. O "Cidade Alerta" faz bem para a programação da emissora, mas o policialesco presta um desserviço à qualidade da TV aberta.
Enquanto isso, na mesma faixa, a Globo segue líder, bem distante em audiência e faturamento. Pelo acomodado cenário atual, é algo que não deve ser modificar por muito tempo.