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"Fofocando" pode dar certo, mas precisa de paciência e evolução constante

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Reprodução

Estrear um programa de televisão exige bastante produção prévia. Deve ser bem elaborado, pensado, estrategicamente encaixado na grade de programação, pilotos devem ser realizados para identificar possíveis falhas e, se possível, grupos de discussão devem ser realizados para que a atração vá ao ar mais moldada ao público a quem se dirige.

Foi o que não fez o SBT ao estrear seu novo programa de fofocas, o “Fofocando”. Desenvolvido às pressas por Silvio Santos, em menos de uma semana, teve seu primeiro piloto ao vivo para todo o Brasil na última segunda-feira (1). E foi um desastre.

Exceção feita aos dois bons e conhecidos fofoqueiros Mamma Brusquetta e Leão Lobo, tudo deixou a desejar no primeiro dia. E nem poderia ser diferente. Sem tempo para gravar e produzir pautas e tendo que correr com vinhetas e cenário, o "Fofocando" cometeu praticamente todos os pecados capitais da televisão.

Primeiro, utilizou-se de pauta requentada. Notícias da semana anterior, que fizeram parte de todos os programas do gênero, inclusive dos já famosos “resumões da semana”, que costumavam ser apresentados nos domingos, deram a tônica do programa, tirando totalmente o ar de novidade e trazendo a sensação de brincadeira, digna de alguns memes que circulam na internet e são atribuídos ao piloto Rubens Barrichello.

Depois, não houve tempo hábil para um teste de vídeo completo, o que resultou em imagens estáticas pelo minúsculo cenário montado e algumas tentativas de movimentação de câmera que “vazaram” os bastidores do estúdio por diversas vezes.

Também ocorreram falhas de áudio, com reportagens entrando no ar sem narração e pegando de surpresa até os experientes comentaristas de celebridades, que tiveram que rebolar para tentar manter o ritmo.

Mas o erro mais perceptível talvez tenha sido na apresentação do programa. O personagem “Homem do Saco”, criado para ocupar um terceiro posto de apresentador, foi interpretado por alguém totalmente sem traquejo. Por mais que Leão e Mamma dessem força e levantassem a bola, não emplacava nenhuma cortada.

Fraco, o “homem do saco” quebrou a dinâmica da atração e, aliado às pautas e à falta de VTs e narrações, fez da estreia algo sofrível, até mesmo aos mais tolerantes SBTistas.

Mas, como disse o colunista Thiago Forato na Live do NaTelinha sobre o assunto no Facebook, era preciso aguardar a evolução dos programas para se tirar uma conclusão.

No segundo dia, graças a uma coluna que “dedurou” o nome do intérprete do “Homem do Saco”, colocaram outra pessoa para fazer as vezes e houve uma melhora considerável na unidade do trio. O segundo programa passou rápído, com pautas atuais, brincadeiras divertidas e um entrosamento entre os participantes raras vezes visto na TV. Ainda faltaram os vídeos, mas a dinâmica do programa foi totalmente alterada.

Tudo levava ao caminho da substituição do intérprete do terceiro integrante da bancada, mas não foi o que ocorreu. Na quarta-feira (3), retornou o intérprete do primeiro programa, quebrando boa parte da melhora conquistada no segundo dia e trazendo, também, uma falha “nova” no áudio.

Com músicas de fundo subindo na hora errada e áudio de VTs entrando fora de sincronia, a atração de quarta foi um banho de cubos de gelo em quem imaginou que o crescimento do dia anterior fosse se manter. Ao menos, os erros nas tomadas de câmera cessaram, naquele que foi o ponto positivo do dia.

Nem é preciso dizer que foi pouco. Se o segundo programa trouxe a perspectiva de melhora, a constatação de que foi um mero espasmo fez o "Fofocando" despencar na audiência de quinta-feira (4). A atração, que vinha se mantendo na casa dos 6 pontos, caiu para míseros 3,9, mesmo com nova troca do personagem misterioso, novamente por alguém com presença de palco.

Na sexta-feira (5), com um “Homem do Saco” bem parecido com Luís Ricardo - se não for ele -, o programa se mostrou dinâmico. Começaram as entradas de reportagens e VTs e os erros minimizaram. O destaque negativo - ainda - está com a narração dos VTs, que não traz o dinamismo que a atração, até por seus apresentadores, merece.

"Fofocando", apesar de todos os percalços, é promissor, em grande parte por conta de seu bom time de apresentadores. Se mantiver as trocas efetuadas e corrigir algumas falhas, normais para o pouco tempo de produção, pode colher bons frutos em um futuro próximo. Resta saber se contará com a paciência de Silvio Santos ou se sairá da grade como “Cor de Rosa”, “Olha Você” e tantas outras tentativas do SBT.

Uma coisa tem que ser dita: os membros da equipe que trocaram suas posições em outras emissoras para embarcar nesse projeto embrionário são verdadeiros heróis e merecem reconhecimento como tal. Desejo muita sorte e que o programa conquiste o sucesso em audiência e faturamento que merece.
 

Helder Vendramini é formado em Rádio e TV e pesquisa esse meio há vários anos. Aqui no site, busca fazer análises aprofundadas dos mais variados temas que envolvem a nossa telinha.

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