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Sucessos antagônicos foram os marcos da dramaturgia na televisão em 2015

Território da TV faz retrospectiva comentada deste ano


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Fotos: Divulgação

Uma novela bíblica. Uma novela contemporânea. A saga do povo egípcio a caminho da terra prometida. Os bastidores do mundo da moda envoltos em um clima obscuro. Em comum, a aceitação massiva por parte do público e o status de grandiosos sucessos para seus canais.

“Os Dez Mandamentos” e “Verdades Secretas” parecem não ter nada a ver, mas a explosão de repercussão delas em um curto intervalo de tempo retrata bem o público brasileiro e suas indecisões.
 
Se possível fosse fazer essa análise, certamente uma parcela significativa dos telespectadores chegou a assistir ambas, mesmo com características tão distintas entre elas.

O folhetim da Record foi esticado o quanto a emissora conseguiu com a inserção de flashbacks e outros recursos que prolongaram sua duração, enquanto a macrossérie global abusou da agilidade que a faixa das 23h tem como marca.
 
O ano começou com outra atração ousada da Globo atraindo vários olhares e elogios. A minissérie “Felizes para Sempre?” foi um sucesso de crítica, mas será lembrada na posterioridade mesmo é pela icônica cena de Paolla Oliveira, que catapultou a atriz para outro nível de estrelato.

A ousadia, entretanto, não funcionou na abordagem de "Babilônia", trama que começou mal e ficou ainda pior com as mudanças induzidas pelos grupos de discussão. Um dos grandes micos do ano, sem dúvidas.

Funcionaram melhor em 2015 tramas mais simpáticas na primeira vista, mesmo que insossas, como “Sete Vidas”. “Além do Tempo”, outra novela da faixa das 18h, se notabilizou pelas excelentes atuações.

Alguns minutos depois na grade de programação, a novela das sete “I Love Paraisópolis” chamou atenção especialmente pelas seguidas vezes em que se tornou o folhetim mais assistido, já que seu auge coincidiu com os momentos mais críticos de “Babilônia”. Sua sucessora “Totalmente Demais” vem mantendo o clima de comédia romântica em alta com louvor.

Mas nem apenas de tramas com ar juvenil se faz sucesso hoje em dia. Prova disso foi o estrondo da reprise de “O Rei do Gado”, assim como a fidelidade do público das novelas mexicanas do SBT.
 

Ainda na emissora de Silvio Santos, “Cúmplices de Um Resgate” mostra que a dramaturgia própria do canal segue evoluindo, mesmo que ainda não seja nada em nível de vencer um Emmy, como fez “Império”, a melhor novela do mundo de acordo com a premiação.

Quando a vitória da trama de Aguinaldo Silva foi anunciada em Nova York, o Comendador já havia se tornado Romero Rômulo, protagonista de uma “A Regra do Jogo” que não encanta mais pela expectativa criada de que fosse um novo sucesso aos moldes de “Avenida Brasil” do que pelos seus defeitos em si.

De sucesso inegável por 2015 na dramaturgia televisiva só mesmo os folhetins citados na abertura desta coluna e que também a encerram.

Afinal, sejam as “Verdades Secretas” que destacaram Grazi Massafera e Camila Queiroz, sejam “Os Dez Mandamentos” da épica abertura do Mar Vermelho, é inegável que esses foram os fenômenos que, cada um ao seu modo, evidenciaram que o gênero que representam ainda tem muito a render em nossa televisão, mesmo que descobrir o caminho para explorá-lo seja uma missão cada vez mais complicada. 

O colunista Lucas Félix mostra um panorama desse surpreendente território que é a TV brasileira. Ele também edita o https://territoriodeideias.blogspot.com.br e está no Twitter (@lucasfelix)

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