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TV virou arroz-com-feijão nem sempre bem temperado

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"MasterChef" mostra fôlego na TV - Fotos: Divulgação

A televisão brasileira virou uma espécie de arroz-com-feijão nem sempre bem temperado. Se por um lado os realities de cozinha mostram fôlego, por outro, humorísticos, novelas e programas precisam de uma reciclagem.

O SBT trouxe três novidades na semana: a primeira, a estreia do bloco de desenhos “Mundo Disney”, as outras, até em decorrência dela, são a extinção dos apresentadores do “Bom Dia & Cia” e o novo programa de Celso Portolli.

E as novidades param por aí. Os desenhos são os mesmos, sejam da Disney ou de outras produtoras, cumprem seu papel com a criançada e só. Não agregam à televisão nada novo em termos de produção ou criatividade.

O programa de Portiolli nada mais é do que uma releitura do velho (e já nem tão bom) “Sabadão”, com o Gugu.

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Mas não se trata apenas do nome. “Sabadão”, antes mesmo da estreia, me remeteu a outra aposta da emissora de Silvio Santos que não vingou, o “Viva a Noite”, com a cantora Gilmelândia na apresentação.

Não, Portiolli não é Gilmelândia, mas, não por acaso, o diretor à frente das duas atrações, sim: Roberto Manzoni, o Magrão.

A estratégia de Magrão é simples e velha conhecida: turbina seus programas com minutos a fio de cantores cantando “sucessos de ontem e de hoje”. Não por acaso, como ressalta a coluna de Thiago Forato neste mesmo NaTelinha, as últimas três estreias do diretor tiveram a mesma dupla sertaneja se apresentando.

O “Domingo Legal”, também de Magrão, utiliza-se de estratégia semelhante com o "Passa ou Repassa" e mantém-se no mesmo patamar de audiência. Se por um lado Magrão mantém um público, por outro a falta de arriscar afasta novos adeptos, impedindo a emissora de atrais públicos diversos.

A Record, em seus programas de auditório, também não sai deste formato, cabendo a Silvio Santos o papel de único programa da televisão a fazer um arroz-com-feijão mais apimentado, ainda que o apresentador não tenha abandonado suas raízes conservadoras.

Nas novelas, a Record seguiu o caminho das tramas baseadas na religião, o SBT assumiu-se de vez o canal adorado pelas crianças que sempre foi e a Globo segue tentando fazer com que o público aceite qualquer coisa que ela queira colocar.

“Babilônia”, que terminou na última sexta (28) marcando apenas 32 pontos nos dados prévios do Ibope, mostrou que não é bem assim que a banda toca atualmente.

No humor, a falta de novidades é ainda mais expressiva. A tentativa de fazer algo novo esbarra na falta de critérios para tal. A ideia da Globo de levar ao ar um programa inédito, no estilo do “É Tudo Improviso”, é até louvável, mas as semelhanças param por aí.

Engessada, a emissora dos Marinho não consegue dar ao “Tomara que Caia” o espaço necessário para arriscar. A falta de riscos, por si só, matou bons humorísticos como o “Casseta & Planeta”, por exemplo.

A televisão brasileira não costuma correr riscos e, sob essa perspectiva, canais que buscam qualquer novidade se sobressaem.

Por muito tempo, a Cultura foi celeiro de novidades no mundo infantil, a RedeTV! trouxe a última grande novidade na forma de se fazer humor no Brasil com o “Pânico na TV!”, a Band veio com os grandes realities de culinária com “MasterChef”...

A Record conseguiu, por algum tempo, renovar o jornalismo, mas as apostas da emissora no “Tudo a Ver” perderam fôlego.

E assim caminha a televisão brasileira, com boas ideias sendo escondidas em horários ingratos e ideias que sofrem pela falta de risco ou de critérios - o SBT costuma arriscar muito em algumas atrações que sabidamente não serão bem recebidas.

Dentro desse mundo arroz-com-feijão, quem coloca um pouco de tempero geralmente prepara um prato de sucesso.


Apaixonado por televisão, Helder Vendramini pesquisa e estuda esse meio há vários anos e é formado no curso de Rádio e TV. Aqui no site, busca fazer análises aprofundadas dos mais variados temas que envolvem a nossa telinha.

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