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Áudio duplicado e "novo idioma" marcam abertura do Pan na TV brasileira

Território da TV


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Fotos: Reprodução

Muita gente falando ao mesmo tempo. E um só falando algo que ninguém podia esperar. Esses foram os principais momentos das narrações da abertura dos Jogos Pan-Americanos de Toronto na televisão brasileira.
 
Somente Record News e SporTV transmitiram a íntegra do evento ao vivo, evidenciando uma decadência inexplicável da competição. Em 2007, Globo, Record e Band transmitiram o início dos Jogos do Rio ao vivo. Na ocasião, apenas a Globo marcou 34 pontos de audiência.

Em 2011, na disputa em Guadalajara, a Record adquiriu a exclusividade e viu a festa marcar 8 pontos. Agora em 2015, a Record News somente com alguma sorte poderá dizer que pontuou. É de se temer a perspectiva de como será vista a festividade em 2019, quando os Jogos ocorrem em Lima, no Peru.

Essa linha descrescente ocorre enquanto o evento segue se engrandecendo, seja com a presença de equipes de elite dos países participantes ou com obras cada vez mais caras. A TV brasileira é realmente um universo sem paralelos.

Entre os sobreviventes da vez, a Record News fez toda a sua cobertura direto do Brasil, com narração de Reinaldo Gottino e comentários de Marcelo Romano, ambos pertinentes em suas intervenções e cededores de um generoso espaço para o áudio ambiente durante as apresentações.

Participou ainda o cônsul canadense em São Paulo, que pouco falou, e quando o fez divertiu o público involuntariamente com seu Inglês aportuguesado numa curiosa mistura de sotaques.

Mas o que chamou atenção mesmo foi a presença de um áudio que não devia ter ido ao ar no canal de notícias. Logo na abertura da transmissão, em alguns momentos foi ao ar o som de Lucas Pereira, que narrava "ao vivo" o compacto que iria ao ar na Record horas depois.

Os áudios acabaram se sobressaindo, mas a pendência logo foi resolvida, abrindo espaço para as falas de Gottino serem as únicas audíveis ao público, incluindo a bem sacada interação com comentários nas redes sociais.

Já o SporTV fez um investimento de peso bem superior. Mesmo assim, não escapou de problemas maiores. O sinal do canal saiu do ar por cerca de três minutos em todas as principais TVs a cabo. Os assinantes ficaram com uma tela preta no ar nesse período.

Mas quando haviam imagens no ar, o esforço fez jus ao nível do conteúdo exibido. Os momentos pré e pós-abertura ficaram a cargo de Sérgio Mauricio no bonito estúdio de vidro montado no meio da Vila Pan-Americana, enquanto no Rogers Centre estavam Tiago Maranhão, Roby Porto e Luis Carlos Júnior, posicionados em uma privilegiada posição no centro do estádio.

Eles puderam acompanhar de perto uma efervescência de idiomas. Para Luis, as falas oficiais na arena ocorriam em três deles: "francês, espanhol e Estados Unidos".

Mas em bom português, os repórteres do canal fizeram um excelente trabalho em links conversando com os atletas antes da cerimônia e com os torcedores logo depois. Uma estrutura que faz a diferença no resultado final. E mostra que a perspectiva do SporTV para os Jogos Olímpicos é das melhores.

A cerimônia

Ambos os canais fizeram uso, claro, do sinal internacional de transmissão, que exibiu um dos mais belos shows já feitos para um Pan. O Cirque du Soleil não decepcionou ao levar o mundo do circo para o esporte e fez uma festa de encher os olhos, apesar de alguns trechos de maior didatismo não empolgarem a fria plateia, que diferentemente do habitual em eventos esportivos, não ovacionou a animada delegação brasileira no desfile dos países.

Somente a entrada do time dos anfitriões e a presença de astros do passado no revezamento da tocha foram capazes de levantar as cerca de cinco dezenas de milhares de pessoas rumo ao delírio do clima da "Olimpíada das Américas".

O ponto baixo foi o longuíssimo discurso do presidente da ODEPA (Organização Desportiva Pan-Americana) Julio Maglioni, que concentrou falas que seriam mais adequadas ou aos atletas ou aos líderes locais, mas personalizou excessivamente o evento. Para quem acompanhou pela TV, o auge da chatice.

Por último...

A Record, detentora oficial dos direitos do Pan no Brasil, poderia exibir a abertura ao vivo, em horário nobre e na íntegra. Fez tudo ao contrário. Colocou no ar um VT na madrugada e com cortes nada sutis.

A bela apresentação circense perdeu todo o sentido e ficou transformada em um clipe de belas imagens sem uma história de fato sendo contada. Uma pena.

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