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Globo fez por merecer chegar onde chegou em 50 anos

Antenado


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Divulgação

Todos nós temos o direito de questionar práticas de alguns setores da mídia ou de alguns jornalistas. Você mesmo, que lê esta nobre coluna, pode não gostar do que vou escrever nas próximas linhas. Mas essa é a graça da democracia que vivemos hoje em dia.

Neste domingo (26), a principal emissora do Brasil e a segunda maior do mundo completa meio século. Uma série de homenagens tem sido feitas e a que mais chamou a atenção foi a retrospectiva do jornalismo da Globo no "Jornal Nacional".

Nas redes sociais, a série foi unanimidade. Lógico, menos em uma turma que teima em questionar a Globo e toda sua estrutura até hoje. Vamos à parte prática: nos últimos anos, Record até tentou, SBT e Manchete tentaram nos anos 90, mas a dramaturgia na Globo é extremamente organizada e bem feita, com uma estrutura digna de Estados Unidos. No artístico, ninguém produz como ela. No jornalismo, apesar do bom trabalho desempenhado pelas concorrentes, a Globo ainda tem uma estrutura superior.

Questiono, claro, seus métodos durante a ditadura, porém, compreendo a sinuca de bico que a rede estava. É só ver o que houve com a TV Excelsior, única rede que se opôs ao regime na época: teve concessão caçada, e hoje a família do dono não tem qualquer resquício de todo o dinheiro que teve no meio dos anos 60. Silvio Santos, por exemplo, manteve durante anos o "A Semana do Presidente", que mostrava em um tom otimista a semana do presidente militar. O canal também foi censurado.

Agora, a Globo mesmo reconhece os erros naquela época, além da edição tendenciosa do debate de 1989. Tirar o mérito de que o povo acabou escolhendo a emissora para ser a líder de audiência, é ser leviano.

A Globo tem uma programação linear, fidelizada, uma produção de alto nível e raramente comete erros ou desrespeita o seu telespectador. Você sabe o que vai passar, na hora que vai passar. Nas outras, ainda há aquela incerteza, já que volta e meia programas são cancelados por baixa audiência. É aquela lei: entregam um produto nada bom, esperando um resultado excelente. A Globo sabe que tem seu público, mas mesmo assim ainda busca uma inovação, um jeito diferente de fazer, e isso é que impressiona.

A rede carioca fez por merecer chegar, pela qualidade, pela tentativa de sempre se renovar. Se consegue, é outra história, mas repito: a Globo não é o segundo maior canal do mundo por nada. O seu padrão é alto e as outras ainda só tentam correr atrás.

A Globo não faz por fazer, faz porque sabe do que pode. E como faz melhor, merece ser reconhecida como a melhor.


Gabriel Vaquer escreve sobre mídia e televisão há vários anos. No NaTelinha, além da coluna “Antenado”, assinada todos os sábados, é responsável pelo “Documento NT” e outras reportagens. Converse com ele. E-mail: gabriel@natelinha.com.br / Twitter: @bielvaquer

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