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Sensacionalismo e audiência: um casamento perfeito

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Reprodução

Florinda Meza abre o coração no Ratinho; São Paulo decide futuro na Libertadores; Flamengo tem primeiro teste na Copa do Brasil... vários eventos acontecendo nas mais diversas emissoras de televisão aberta de nosso país nesta quarta-feira (25).

Porém, o que realmente chamou a atenção do públicou foi a (re) estreia de Gugu na Record. Depois de ter seu contrato de 3 milhões de reais mensais rescindido em uma negociação que rendeu aos já recheados cofres do apresentador mais alguns milhões e até um helicóptero, Gugu retorna ao canal para apresentar um programa três vezes por semana, ao vivo no horário nobre, competindo com a linha de shows da TV Globo e com o Ratinho, no SBT.

E Gugu não se deixou abater. Iniciou seu programa com uma apelativa e desnecessária entrevista com Suzane Von Richthofen, aquela que assassinou os próprios pais a sangue frio, com a ajuda de seu namoradinho e do irmão dele.

É incrível o poder de recuperação do sistema carcerário brasileiro. Suzane é outra pessoa, muito mais serena, mais humana, mais consciente... Seria realmente algo maravilhoso de se noticiar se houvesse qualquer crédito em suas palavras.

Mas tudo o que Suzane diz, desde a época da prisão, se mostra incoerente. Passa uma serenidade, uma convicção e um senso de justiça que ela nunca demonstrou em suas atitudes.

Daí o questionamento de se vale a pena realmente abrir espaço na mídia para esse tipo de conteúdo. Gugu, que tanto sofreu com entrevistas polêmicas, perdendo grande parte de sua credibilidade junto ao público na época da famigerada entrevista com supostos membros do PCC, retorna à emissora que mais se preocupa em fazer sensacionalismo mostrando estar alinhado com suas diretrizes.

Do ponto de vista de audiência, Gugu foi muito bem, obrigado. Conforme a aferição em tempo real do Ibope, a entrevista rendeu ao programa a liderança de ponta a ponta, chegando a conquistar o dobro da audiência da segunda colocada, a Globo.

Do ponto de vista ético, moral e da colaboração com a sociedade brasileira como um todo, Gugu mostra mais uma vez que não é, nem de longe, o forte de nossa televisão.

Em um país onde vários bandidos confessos discursam impunes em rede nacional, com horário pago pelo contribuinte, Gugu, ao menos, deu voz a um bandido confesso que não conseguiu experimentar o sabor da impunidade.

Ratinho, com Florinda Meza, fez papel de total coadjuvância dentro do panorama televisivo desta quarta-feira, mostrando que, apesar dos esforços, apenas gastou-se um cartucho promissor em um dia onde o sensacionalismo barato mais uma vez mostra que comanda e norteia a mídia e a sociedade nesse país.
 

Apaixonado por televisão, Helder Vendramini pesquisa e estuda esse meio há vários anos e está se formando no curso de Rádio e TV. Aqui no site, buscará fazer análise aprofundadas dos mais variados temas que envolvem a nossa telinha.

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