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Caçada aos suspeitos de ataque na França movimenta jornalistas na TV


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Reprodução

Christiane Pelajo emendou praticamente 12 horas de plantão na redação paulista da Globo caso tenha seguido sua rotina habitual nesta quarta-feira (07).

Quando os relógios em Brasília marcavam 4 horas e 17 minutos da manhã, ela surgiu em boletim logo após a exibição do "Corujão" para seguir informando sobre a perseguição aos suspeitos do atentado contra a revista Charlie Hebdo e as homenagens feitas em todo o mundo para as 12 vítimas fatais do massacre em Paris.

Foi uma das tantas interrupções da noite, em que ela já ancorava entradas extras nos comerciais da programação desde a novela "Império". Mas, como a própria relatou em julho de 2013 durante uma ida ao "Encontro", a primeira reunião do "Jornal da Globo" é por volta das 17h, quando ela já está presente.

Na ocasião, ela citou outros dias em que foi obrigada a esticar sua presença na redação após o "JG", como nas eleições presidenciais americanas. Ela também já aguardou, por exemplo, a sentença que condenou o goleiro Bruno pelo assassinato de Eliza Samúdio.

Só que ambas eram coberturas previstas com certa antecedência, enquanto dessa vez toda a mobilização foi pela expectativa de que um apresentador titular estivesse pronto para o "Plantão" em caso de confirmação de prisão dos suspeitos, tal qual ela fez em 2013 (porém por volta das 22h) com os agora réus do caso da maratona de Boston.

Pela rotina que descreveu para Fátima Bernardes, Pelajo relatou que vai dormir em geral por volta das 3 da manhã (acordando entre 10h e 10h30), o que obviamente não foi possível hoje.

Depois desse, ela finalmente não relatou mais a possibilidade de "novas informações a qualquer momento", mas somente no "Hora Um", indicando a passagem da responsabilidade pela cobertura.

Na maioria das madrugadas, se não houver um ato em potencial sendo esperado, as chances de ancoragem de um "Plantão" dividem-se entre algum repórter experiente disponível na redação ou um pool com a Globo News.

Já nas manhãs, o comando mais certo é o de Evaristo Costa ou Sandra Annenberg. Nesse caso, ele surgiu pela primeira vez no intervalo do "Mais Você" trazendo as ainda desencontradas notícias sobre o ataque.

Sozinho no  comando do "Jornal Hoje" enquanto sua parceira de bancada está de férias, Evaristo retornou ao ar ainda em conversas com os apresentadores do "Bem Estar" e "Encontro", no qual também passou a ser utilizada a redação londrina, com a presença da correspondente Cecília Malan.

O SBT também interrompeu a sua programação em boletim ancorado por Patrícia Rocha, enquanto a Record noticiou o fato nos minutos finais do "Fala Brasil", mas não prosseguiu com a cobertura nos breaks do "Hoje em Dia", excepcionalmente gravado neste começo de ano.

Os canais de notícias ficaram direto por mais de 5 horas com toda a repercussão do maior atentado em território francês desde 1961, incluindo as declarações de chefes de estado.

Entre conversas por telefone com brasileiros residentes na França e especialistas em segurança internacional, a comparação mais frequente com a realidade brasileira foi a de que o ato contra a Charlie Hebdo é similar a perseguição feita pela ditadura contra o Pasquim.

Só que dessa vez a França possui plena liberdade de expressão e a perseguição foi de cunho religioso, sendo condenada inclusive por associações muçulmanas e líderes de outras regiões igualmente satirizadas pela publicação, como o papa Francisco.

Todas essas falas e os depoimentos de cartunistas que tinham alguns dos profissionais satirizados como inspiração foram ampliados nos telejornais noturnos.

As cinco grandes emissoras exibiram material gerado por repórteres direto da capital francesa. Band, SBT e RedeTV! contaram, respectivamente, com Sônia Blota, Elcio Ramalho e Mário Camera.

E somente a Globo conseguiu entrar ao vivo das proximidades do local do ataque. A emissora enviou André Luiz Azevedo, correspondente em Lisboa, enquanto a Record movimentou André Tal, baseado em Londres, que assim como os demais citados participou em tempo real somente via internet.

André Luiz entrou ao vivo no "Jornal Nacional" logo após a abertura da edição, que mencionou a data de "7 de janeiro de 2015", como sempre faz em ocasiões relevantes.

Além disso, Renata Vasconcellos e Heraldo Pereira não deram o tradicional "boa noite" e a subida dos créditos ocorreu em silêncio, sinalizando o luto. Nas idas para o break, em vez da vinheta, foram exibidas charges em defesa da liberdade de expressão.

Imediatamente após o "JN", as notícias sobre a caçada aos suspeitos tomaram força na imprensa internacional, gerando inclusive uma gafe da americana NBC, que cravou a captura e desmentiu seu suposto furo horas depois. Nenhuma emissora brasileira chegou a reiterar a notícia da estadunidense.

 

No NaTelinha, o colunista Lucas Félix irá mostrar um panorama desse surpreendente território que é a TV brasileira.

Ele também edita o https://territoriodeideias.blogspot.com.br e está no Twitter (@lucasfelix)

 

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