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Em despedida de Chaves, SBT emenda oito horas de programação ao vivo

Território da TV


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Divulgação

São poucas as coberturas na história em que se pode relembrar o SBT ao vivo com sua programação envolvida no jornalismo. Nem mesmo nos ataques terroristas de 11 de setembro, por exemplo.

Na verdade, três das mais extensas programações jornalísticas podem ser apontadas envolvendo justamente o pódio das figuras mais relevantes da história da emissora, o que prova a ligação especial do canal com o público.

Em 2001, a exibição do sequestro do seu proprietário Silvio Santos ficou direto até o final feliz da negociação que acabou com a entrega de Fernando Dutra Pinto.

11 anos depois, o destaque por todo um final de semana foi o falecimento da rainha da televisão, Hebe Camargo. Apesar dos anos na RedeTV!, ela sempre foi a cara do Sistema Brasileiro de Televisão.

Por isso, o canal exibiu os seus funerais ao vivo numa manhã de domingo, além de ter passado horas no sábado reprisando grandes momentos de sua trajetória.

Agora, Roberto Gómez Bolaños também entra para a eternidade. Mesmo sem jamais ter visitado o Brasil, não é nenhuma sandice apontar ele como “cara” do SBT num patamar além de Ratinho, Carlos Alberto de Nóbrega, Celso Portiolli ou outras figuras.

Todos os citados ainda podem traçar novos caminhos, como fizeram Gugu e César Filho. E não serão rejeitados caso optem por trocas.

Mas alguém consegue imaginar “Chaves” fora da tela do SBT? Em determinados momentos dos anos 2000, jornalistas especializados especularam sobre a compra do seriado tanto por Record quanto por Globo, mas as negociações jamais se concretizaram.

A série que veio como bônus num pacote com diversas atrações da Televisa e diz-se que de cara agradou a Silvio Santos se tornou patrimônio do SBT. Não só pela exibição contínua ao longo de 30 anos, mas pelos detalhes de uma conflituosa, mas generosa relação com os fãs.

Os episódios perdidos que somem e reaparecem com passes de mágica sempre contrastaram com a euforia de visitas do elenco ao país. E idas ao México para ouvir o criador dos personagens magistralmente interpretados por eles.

Das emissoras brasileiras, somente SBT e RedeTV! tiveram exclusivas com Bolaños. O canal da Anhanguera conseguiu seus feitos com Gugu, Ratinho e Sérgio Utsch. Ontem, alguns desses trechos foram reprisados no programa “Eliana”, assim como reportagens do jornalismo da casa exibidas ao longo de todo o final de semana.

A cobertura especial deste domingo (30) começou no “Domingo Legal” de Celso Portiolli, que também reexibiu homenagens, mas prosseguiu mesmo após as 15h10, quando imagens da Cidade do México começaram a ser exibidas frequentemente, contando com a intervenção constante de Carlos Nascimento do estúdio do jornalismo.

Eliana recebeu ainda Danilo Gentili e covers dos personagens de “Chaves” no palco, em uma edição que foi totalmente dedicada para notícia e homenagens. Antes, na tragédia de Santa Maria, ela havia comandado cerca de metade do programa nesse esquema.

Um dos destaques foi a sempre eficiente Magdalena Bonfiglioli, que surgiu do México inicialmente por telefone e depois entrou através de um link do estádio Azteca, trazendo o clima de momento da multidão.

As imagens desse link eram revezadas com as da própria Televisa, que incluíam os caracteres originais dos mexicanos. Essa transmissão chegou a mostrar em close Rodrigo Scarpa, o Vesgo, que estava no local produzindo matérias para o "Pânico na Band".

Em um momento curioso, o canal cortou para imagens brasileiras por lá para mostrar a repercussão internacional da notícia, o que fez com que a tela dividida por aqui mostrasse duas Elianas.

Um deslize relevável, assim como quando foi cortado um momento importante do evento para uma ida ao break seguindo o concorrente “Hora do Faro”.

Os momentos finais foram ignorados pela transmissão ter sido cortada às 19h20, mas não era de se imaginar que o SBT fosse mexer no horário dos programas do patrão.

Em compensação, havia até tradução simultânea para as falas em espanhol, o que demonstra certo planejamento diante do relativo curto espaço de tempo.

A Televisa também teve seus acertos e deslizes. Pelos relatos, a entrada no estádio foi ordeira, assim como todo o cortejo, seguido de perto por uma multidão que se aglomerou em viadutos, passarelas e calçadas.

Na arena, o palco montado era grandioso, mas o caminho para o carro que transportava o corpo não, o que atrasou o início dos rituais.

Os momentos mais tocantes foram nos instantes finais, quando uma trupe mirim vestida como Chapolin Colorado soltou diversas pombas brancas, ato depois seguido por Florinda Meza. Uma cena repleta do melodrama típico das telenovelas mexicanas, assim como os closes na companheira de vida de Bolaños e em seus filhos (todos do primeiro casamento), mas suficientes para arrepiar qualquer admirador de sua obra.
 

No NaTelinha, o colunista Lucas Félix mostra um panorama desse surpreendente território que é a TV brasileira.

Ele também edita o https://territoriodeideias.blogspot.com.br e está no Twitter (@lucasfelix)

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