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"Meu Pedacinho de Chão" inaugura linguagem inovadora em telenovelas

Confira mais um artigo do "Antenado"


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Divulgação/TV Globo

A novela "Meu Pedacinho de Chão" estreou nesta segunda (07) recheada de expectativas, devido às suas chamadas muito atraentes e que prometiam uma trama colorida e voltada, mesmo que a direção e atores não assumam isso, para as crianças.

De fato, "Meu Pedacinho" não é uma novela infantil, ou lembra algum filme do cineasta Tim Burton. A trama traz uma linguagem de fábula, onde o texto é deixado em segundo plano, fazendo com que a estética visual seja o mais importante, com a imagem conduzindo as histórias, como em filmes dos anos 30.

E, de fato, Luiz Fernando Carvalho faz isso como ninguém, já que a estética foi o condutor de um seriado seu, "Afinal, o que querem as mulheres?". Mas isso não é uma crítica, longe disso, é um elogio dos maiores, já que a fotografia da trama ficou algo totalmente inovador na tela.

Mas falando de texto em si, quando ele pareceu estar em primeiro plano, o que saiu da boca dos atores foi algo leve e gostoso. Benedito Ruy Barbosa é um mestre, não por acaso, é meu autor favorito. Ele é ruralista, mas escreve muito bem para o público infanto-juvenil, como provou na versão de 1977 do "Sítio do Pica-Pau Amarelo", versão esta que é a mais famosa no Brasil. No quesito atuação, pelo menos no primeiro capítulo, destaco Osmar Prado, que sempre se mostra pronto para desafios e dá o tom certo de emoções que várias cenas pedem.

Outro destaque, desta vez feminino, é dado aqui para Juliana Paes. Acostumada a fazer papéis onde a sensualidade está em voga ou mocinhas folhetinescas, a atriz topou, talvez, o papel mais ousado de sua carreira, onde pode mostrar versatilidade e segurança. Catarina me parece uma rainha louca, que Juliana compôs no tom certo.


Também vale citar o "caipirês" que toma conta da cidade de Santa Fé, onde se passa a história. Exagerado em vários momentos, diga-se de passagem, já que em alguns momentos o telespectador menos atento não iria entender nada do que os atores falavam, mas que condiz com a novela. Tenho certeza que Luiz Fernando deve ajeitar isso ao decorrer das gravações.

Pra mim, o possível grande problema de "Meu Pedacinho de Chão", que teve uma estreia nota 10, seria o próprio autor. Adoro Benedito, mas ele é o rei das barrigas (termo usado em momentos em que nada acontece nas novelas) da teledramaturgia. Tenho fé que, com 110 capítulos, isso não ocorrerá.

No mais, é ver como esta estética, dando prioridade à imagem do que ao texto, que é totalmente inovadora e ousada em telenovelas brasileiras, vai se sair em termos de audiência. No primeiro capítulo, foram 18 pontos no Ibope. Foi mal. Mas quer saber? Para mim, não interessa.

Ousadia global como essa, só se verá daqui oitenta anos. Melhor aproveitar esta arte em forma de novela enquanto estiver no ar.


Gabriel Vaquer escreve sobre mídia e televisão há vários anos. Além do “Antenado”, é responsável pelo “Documento NaTelinha”. Converse com ele. E-mail: gabriel@natelinha.com.br / Twitter: @bielvaquer

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