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Novelas da Manchete são "remasterizadas em HD" para TVs estrageiras

Adaptação de clássicos da TV pra televisores de alta definição, no entanto, não significa melhor qualidade de imagem; entenda na coluna NT Internacional


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Cartaz da "Remasterização em HD" da novela "Pantanal", de 1990
Por Redação NT

Publicado em 18/11/2013 às 17:20,
atualizado em 10/05/2021 às 17:38

 

Depois de relatar algumas experiências recentes de restauração de séries clássicas da TV norte-americana na coluna da semana passada, hoje é a vez de um caso que ficou de fora, envolvendo novelas brasileiras para venda no exterior.

É sabido que a produção em alta definição (HD) na teledramaturgia brasileira é recente. Depois de algumas experiências isoladas de captação em meados da década de 1990 (como no seriado "Mulher"), a produção no formato começou apenas a ser implantada de forma oficial pelas emissoras em 2007, com o lançamento da TV digital no país. "Duas Caras", da Rede Globo, e "Dance Dance Dance", da Band, foram as primeiras novelas exibidas no formato - o que iniciou um processo de transição de tecnologia que terminou na teledramaturgia apenas em 2011.

Eis então que surge outra situação, no mínimo, curiosa: a distribuidora internacional Vip 2000, que trabalha com novelas e séries brasileiras e hispânicas para venda em emissoras estrangeiras, está comercializando "versões remasterizadas em HD" de três novelas da extinta TV Manchete: "Dona Beija" (1986), "Pantanal" (1990) e "Xica da Silva" (1997). Ora, todas foram captadas em mídias analógicas, de resolução média, e, vindas do acervo de uma emissora extinta, sofreram bastante com a ação do tempo. Como conseguiram trazer esses três clássicos para a alta definição?
 


Comparação de imagem das versões original e "HD" de "Xica da Silva"


No site da distribuidora, podem ser vistos vídeos dublados em espanhol das três produções, comparando a imagem original com a remasterizada. Nota-se diferença, mas nem sempre positiva. A versão remasterizada muda a proporção da imagem, cortando pedaços da imagem para que ela possa ocupar todo o espaço das telas de televisão atuais (16:9 contra os 4:3 originais). Além disso, é aplicado um visível filtro de cor e brilho - que, em alguns momentos, acaba deixando a remasterização com um aspecto estranho, de qualidade visivelmente inferior à original.

Em resumo, a imagem das novelas foram esticadas (no chamado "upscaling") para ocupar toda a tela, sem que isso signifique que ela fique mais definida e bonita.
 


Imagem original e restaurada de "Pantanal"


A justificativa para a distribuidora ter feito as três novelas da Manchete passarem por esse processo é fácil de imaginar: as três tramas, embora de forte relevância na dramaturgia brasileira, ficaram datadas visualmente, dificultando sua venda no mercado exterior.

Sem contar que há ainda certa rejeição do público às barras laterais típicas de um programa 4:3 exibido numa TV 16:9. A primeira impressão de um leigo é que a imagem está incompleta, optando por "esticá-la" com os comandos do televisor. Isso pode ser comprovado ao assistir a TV de qualquer barzinho nas ruas.

A reprise da novela colombiana "Betty, a Feia", exibida atualmente na RedeTV!, é um exemplo desta "semi-remasterização" de tramas antigas para alta-definição. No caso de Betty, optou-se por esticar a imagem 4:3 ao invés de cortá-la - e o resultado nem sempre é visualmente interessante. Betty, além de feia, ficou deformada.
 


Cena de "Betty, a Feia" exibida nos sinais SD e HD da RedeTV!: versão em
"alta definição",  na verdade, "estica" a imagem original da novela


Esses conflitos de informação ainda devem se estender por um bom tempo na televisão, não só nacional quanto estrangeira, enquanto ainda houver confusão do grande público sobre o que é realmente a alta definição e quais são suas diferenças em relação ao SD (a definição tradicional antiga dos programas de TV).

Um formato de imagem não mata o outro e ambos deverão conviver nas telas por muito tempo, como nos tempos em que a programação colorida e em preto-e-branco dividiam espaço na programação. Mas a "falta de qualidade de imagem" de novelas e séries em definição antiga, no futuro, pode acabar causando o seu desaparecimento gradual da TV.

É uma polêmica que depende da forma como as emissoras de TV vão "educar visualmente" seu público nos próximos anos para se ter uma resposta.

Em tempo: a distribuidora Vip 2000 também distribui para fora duas novelas brasileiras em alta definição genuína: "Metamorphoses", a primeira novela completamente captada em HD no Brasil, embora não exibida no formato por aqui em 2004 pela Rede Record; e "Uma Rosa com Amor" (2010), produção do SBT.

Demissão

Favorecido pela repercussão na internet e na mídia, que fez vários paralelos com a crise econômica americana, a estreia do episódio de "Bob Esponja" em que o personagem é demitido alcançou a segunda maior audiência de um programa do canal Nickelodeon nos EUA este ano. Com 5,2 milhões de espectadores, o episódio ficou apenas atrás da exibição do evento "Kids Choice Awards".

Mesmo no ar há mais de dez anos, Bob Esponja ainda é o título que mais figura nos rankings de audiência do Nickelodeon. Com reprises e inéditos, a atração tem uma média semanal de 1,8 milhões de espectadores.

Concorrência

As tendências do mundo das séries ocidentais chegaram com tudo na Rússia. Duas séries estreiam esta semana por lá, levemente inspiradas em personagens e temáticas de produções que tem feito sucesso e repercutido pelo mundo. A primeira, do canal Russia 1, nada mais é que uma versão local das histórias do detetive Sherlock Holmes, que já tem uma versão na Inglaterra ("Sherlock"), dois filmes nos EUA com Robert Downey Jr. e uma série na TV americana ("Elementary"). No caso da versão russa, optou-se por contar tramas inéditas no ambiente clássico do personagem de Sir Arthur Conan Doyle, a cidade de Londres do Século XIX.
 


Cartaz da versão russa de Sherlock Holmes - Divulgação


Ao mesmo tempo, o canal CTC estreia também esta noite uma produção local sobre zumbis. Passada numa Moscou de um futuro distópico, a série segue os padrões do gênero e coloca um vírus descontrolado e uma grande corporação por trás de um grupo de jovens que estão presos em um bunker e precisam se juntar para fugir de uma cidade completamente infectada.

As duas séries já tem uma primeira temporada completamente produzida (16 episódios para a primeira e 12 para a segunda) e tentarão conquistar o público jovem russo usando de mão pesada para adaptar fórmulas de fora. Se vão convencer e funcionar, é outra história.
 


Pesquisador e produtor de projetos para televisão e cinema, Fábio Mendes traz para o NaTelinha as novidades e destaques das programações televisivas pelo mundo. Fale com ele pelo twitter: @fabio_menDS
 

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