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O Observador: "Salve Jorge" será lembrada, só não se sabe como


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Divulgação/TV Globo

Nesta semana chega ao fim a novela mais bombardeada dos últimos tempos na televisão brasileira. “Salve Jorge” e sua autora, Gloria Perez, que desviou da blindagem oferecida pela TV Globo e deu a cara à tapa nas redes sociais, foram vítimas de um dos mais poderosos e destacados personagens desse folhetim: o público.

Em um artigo desta coluna, cheguei a dizer que “Salve Jorge” não fazia o perfil de uma novela que fica marcada na história ou consegue cravar-se na memória popular. Me enganei. O folhetim de Gloria Perez será sim lembrado, só não exatamente se tem a certeza de que será uma lembrança boa.

Mas o que o público vai lembrar quando se falar da novela daqui a alguns anos? É possível fazer uma projeção com base no que repercutiu, caindo na mídia e causando discussões.

“Salve Jorge” teve erros gritantes de continuidade, que não costumamos ver na Globo com tanta frequência. Durante meses internautas comentaram nas redes sociais sobre os erros e se divertiram com isso. A novela apresentou em seu roteiro situações complicadas, indigeríveis, que causaram ruídos até no telespectador menos atento.

A trama não conseguiu fazer dos vilões personagens marcantes, que chamam atenção do público com facilidade. Lívia (Claudia Raia) e Wanda (Totia Meirelles) foram as vilãs mais sem graça do horário nobre da Globo dos último folhetins. Menos representativas ainda se lembrarmos o trabalho feito por João Emanuel Carneiro, que ofereceu a possibilidade de Adriana Esteves consagrar Carminha.

Claudia e Totia não tiveram essa chance. Faltou emoção, faltou fazer o coração de cada espectador bater mais forte.

A mesma coisa se viu no papel principal, que teria muito mais notoriedade se, na pele de Morena, tivéssemos uma atriz mais conhecida. Nanda Costa apareceu fora do tom em várias oportunidades e o desenvolvimento de sua personagem, com exceção dessa fase final da novela, não contribuiu para que Nanda pudesse dar o melhor de si.

Morena também foi a mocinha mais sem sal dos últimos tempos. Prova disso foi o fato de Jéssica (Carolina Dieckmann) ter sido considerada a real protagonista da novela, quando ainda estava viva na trama.

Esse texto não se trata de avaliar o que foi bom ou ruim na novela de Gloria Perez. Não precisamos mais disso. Os fatos descritos acima servem apenas para mostrar o que realmente repercutiu em “Salve Jorge” no tempo em que o folhetim esteve no ar. Os erros apagaram boa parte da história e ofuscaram muita coisa boa do trabalho, que deveria ter ganhado mais destaque na imprensa. E, nesse caso, não culpem os jornalistas.

Sobre a novelista ter acusado os críticos de receberem dinheiro para falar mal da trama, termino esse texto com algo que todo mundo sabe muito bem: quando não se quer discutir uma crítica, desqualifica-se o crítico.


Comente o texto no final da página. E converse com o colunista: brenocunha@natelinha.com.br / Twitter @cunhabreno
 

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