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Como poesia, transmissões in loco são a dádiva maior da TV esportiva

NaTelinha acompanhou transmissão de uma partida de futebol da ESPN Brasil


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Nos últimos tempos, por questões de logística ou de falta de segurança na relação torcida/imprensa, as chamadas transmissões in loco não têm mais acontecido com tanta frequência na TV esportiva.

No entanto, em jogos importantes e sempre que possível, as emissoras fazem um esforço para trazer a emoção do estádio diretamente para quem está em casa. Nesta última quarta-feira (16), a ESPN Brasil iniciou a cobertura da Copa do Brasil, torneio considerado o caminho mais curto para a Libertadores da América, principal certame de futebol das Américas.

Para começar da melhor forma, a emissora esportiva da Disney enviou uma equipe completa a Aracaju (SE), para a transmissão de Confiança x Flamengo, válido pela primeira fase da competição, e o NaTelinha acompanhou tudo.

Para que uma exibição dessas ocorra de forma tecnicamente perfeita, muita coisa acontece. Um caminhão de transmissão fica fora do estádio, e de lá, é feita toda a emissão de imagens para a ESPN, que fica em São Paulo. Foram mais de dez câmeras, todas filmando o jogo em alta definição para todo o Brasil. No canal, a cobertura começou cedo. O repórter Cícero Mello já estava na cidade desde terça-feira (15), para cobrir todos os detalhes da partida. O narrador Paulo Andrade e o comentarista Mauro Cezar Pereira chegaram um dia após, porém não menos preparados.

Já na cabine de transmissão da Arena Batistão na noite da partida, Paulo falou para a reportagem do NaTelinha do diferencial de se transmitir no estádio: "É uma diferença muito grande do in loco pro estúdio. Você vive uma expectativa pro jogo, as horas que antecedem o jogo, algumas vezes até os dias que antecedem a partida. E esse clima de dentro do estádio, que é muito legal. Esse é o impulso que o narrador precisa para entrar no ritmo que o jogo pede. E você estando no estádio, isso vem com muito mais facilidade".

Confiança x Flamengo foi um acontecimento para a cidade de Aracaju. A capital sergipana não recebia o time mais popular do Brasil há 13 anos, e este foi apenas o segundo jogo oficial dos dois clubes na história. Paulo Andrade afirma que narrar acontecimentos é um desafio ainda maior: "Eu procuro ver o lado bom de tudo aquilo que eu vou fazer, de tudo aquilo que vou transmitir, para poder passar para quem está em casa. 'Por que o cara vai ligar a TV para assistir Confiança e Flamengo?'. E um dos motivos é essa expectativa, a volta do Flamengo aqui ao Sergipe, tudo que nós vivenciamos na porta do hotel esperando um tchauzinho na sacada dos quartos como se fossem os Beatles... Tudo isso, eu tento levar para quem está em casa. Algumas vezes não informando, porque a dinâmica do jogo não me permite, não me dá tempo. Mas isso tem que vir traduzido de alguma outra forma, na entonação da voz. Para quem está aqui, um possível gol do Flamengo vale ouro. E isso eu tenho que traduzir para quem está em casa".

O lado do comentarista

Mauro Cezar Pereira é um dos grandes jornalistas brasileiros na atualidade. Crítico e contundente em defender seus pontos de vista, explica como é a preparação para comentar os seus jogos: "Depende muito do jogo. No caso do jogo de hoje, eu assisti alguns gols, jogos recentes do Confiança, busquei informações do Confiança que você vai ver hoje em ação. Busco estatísticas, informações sobre o time que podem ser úteis durante o jogo. Quando é no estádio, eu anoto em um bloquinho, por uma questão de espaço, que é pequeno. Lá no estúdio, normalmente imprimo e deixo na mesa. E do time que você acompanha mais, que hoje é o Flamengo, é algo que acontece mais naturalmente. Você sabe o time que já vem jogando, quem está bem, quem está mal, as opções do técnico. Simplesmente segue o ciclo normal do que você já faz no dia a dia. Basicamente, é isso".

Mauro faz uma comparação interessante entre a preparação para uma transmissão in loco, com a apuração que um jornalista deve fazer para escrever uma grande matéria: "Quando você vai escrever uma boa matéria, e pelo menos eu sempre fiz assim, você apura sempre dez vezes mais do que você vai precisar. Você tem um espaço para escrever no jornal, você apura muito mais. Você vai usar aquelas informações para aquele momento, mas mesmo as outras que você não usa, acaba sendo úteis para outras transmissão. Quanto mais você estuda, mais você se prepara para um jogo, aquela uma ou outra informação acaba sendo útil de alguma forma futuramente. Informação é sempre útil e sempre será, até mesmo para você formar uma opinião".

A hora do jogo

A transmissão começa por volta das 21h, com o já tradicinal "Abre o Jogo", que traz todas as informações da partida. Tanto Paulo quanto Mauro são auxiliados por uma produtora que fica em contato direto com São Paulo. Bola rolando mesmo, só temos às 21h45. Paulo confessa uma mania: quando não precisa estar frente às câmeras, ele tira o uniforme da ESPN e fica apenas com a camisa branca pólo que usa por baixo. O jogo começa e o narrador fica bastante comprometido com o que acontece em campo, mas não esquecendo da imagem da televisão - afinal, ele transmite para quem está em casa. Paulo narra os lances com emoção, e normalmente em intervalos de cinco a oito minutos, pede a opinião de Mauro Cezar Pereira sobre a peleja.

Ao fim do primeiro tempo, Confiança e Flamengo empatam em 0 a 0. Os dois levantam, Paulo coloca o uniforme e fazem um resumo do que aconteceu de melhor e pior na primeira etapa. Saindo do ar, o narrador volta a tirar a camisa com o logo da ESPN Brasil e volta a narrar a partida. O segundo tempo é mais chato, porém Paulo Andrade não perde o pique. O ápice de sua emoção foi na surpresa: em um cruzamento na área, o jogador Everton enche o pé e balança as redes do clube carioca. O inesperado acontece: Confiança vence o Flamengo e um segundo jogo acontecerá no Rio de Janeiro. "A zebra veste azul", sentencia Mauro, com muita destreza.

Ao fim da partida e depois de uma participação no "SportsCenter", o trabalho da noite está feito. Mesmo bem tarde - saímos do estádio por volta de 00h40 -, todos ainda brincam: Paulo pergunta à reportagem do NaTelinha onde está acontecendo o show de Wesley Safadão, que também ocorria em Aracaju praticamente na mesma hora da partida. "Estou pensando em ir lá", brinca o locutor. Mauro, no meio da transmissão, também fez piada com o cantor: "Defendo muito o Safadão, sou muito favorável à ele, um mito".

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Brincadeiras, informação e muito mais emoção são as palavras que melhor definem uma transmissão de partida in loco. É, de fato, a grande apoteose da TV esportiva. Que nunca se encerre, independente da situação difícil que vive o mercado.

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