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Darino Sena sobre recomeço na TV Aratu/SBT: "Eu quero o diferente"

Apresentador deixa TV Bahia/Globo após quase 10 anos


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Sair de um lugar depois de quase dez anos é um desafio e tanto. Foi em busca disso que Darino Sena aceitou o convite da TV Aratu, afiliada do SBT na Bahia.

Depois de quase dez anos de TV Bahia/Globo, onde era comentarista de futebol e colunista do "Jornal da Manhã" - sendo o pico de audiência do telejornal -, Darino mudou. Mas não mudou apenas de emissora, e sim de área: agora ele irá ancorar um programa de ação social para ser exibido na faixa do almoço, a partir de 22 de fevereiro, sendo a grande estreia da TV baiana para 2016.

A atração já está sendo formatada, mas pouco se sabe sobre ele. Nesta entrevista exclusiva ao NaTelinha - a primeira desde que assinou contrato com a TV Aratu/SBT no finalzinho de 2015 -, Darino conta que fará um programa totalmente novo ao que é exibido nesta faixa atualmente.

Deixar o esporte, ele não irá, pelo menos promete isso. Mas o foco agora é no diferente: "Estão apostando em mim, e quero retribuir. Com motivação, energia e resultado em audiência. Não pode ser a linha agora, se não vamos fazer mais do mesmo. Eu quero o diferente".

Confira a entrevista na íntegra:

NaTelinha - A primeira pergunta é meio universal, acho que todos querem te fazer: por que depois de quase 10 anos, você decidiu sair da TV Bahia e fazer uma coisa totalmente nova na TV Aratu?

Darino Sena -
Pelos desafios. Até escrevi sobre isso no meu Facebook que a TV Bahia me ensinou a não ter limites. Porque eu comecei como analista de marketing, paralelo a essa atividade comecei com rádio, internet, e apesar de ir lá, desenvolver uma função ligada ao marketing, minha paixão é o jornalismo. Sempre quis voltar. E a TV Bahia me possibilitou isso. Mesmo trabalhando com marketing podia ir passeando pelos outros departamentos da rede.  

Fui comentarista da CBN de Salvador e daí foi evoluindo. Comecei a comentar o Campeonato Baiano 2010 e de repente não tinha mais nenhuma expectativa em fazer TV aberta.  

Eu fiquei lá fazendo comentários durante cinco anos. E dentro das possibilidades eu consegui inovar, só que eu comecei a bater na parede porque não tinha mais para onde crescer. Eu ia ter um programa meu, mas também não me via naquele formato de apresentador tradicional.

Na televisão, você pode ser você mesmo. E me identifiquei. De brincar, daquela coisa de informalidade, que quero trazer pra cá. Lá, implementei várias coisas. Comecei a comentar com vídeos, mas eu estava preso. Eu olhava pra frente e me via fazendo a mesma coisa daqui sete, 10 anos. Mas sempre me deram liberdade e autonomia pra fazer tudo, mas eu queria mais.

Teve a oportunidade de vir pra cá e foi muito interessante. Não tô falando questão financeira, e sim da questão do crescimento. Então essa confiança foi fundamental. Enxergaram essa possibilidade em mim. Falando das coisas que eu quero falar, da liberdade para experimentar, da maneira como falar. Terei um espaço grande, com grande audiência. É a TV mais antiga do estado, muita tradição e credibilidade. Sinceramente, quando surgiu a proposta, fui sondado por telefone um dia, e no outro na reunião, fechamos.

Lá, não via pra onde crescer, aqui eu não sei onde posso parar.

NaTelinha - Você vai fazer uma coisa que nunca fez. Como estão sendo as conversas, como estão sendo as reuniões? Quem fez o convite?

Darino Sena -
Foi o Mateus Carvalho (gestor de jornalismo da TV Aratu). É meu amigo há 16 anos, fizemos faculdade juntos, eu fui calouro dele, ele é velho, eu sou novo (risos). Ele está nesse cargo de conteúdo de gestão do jornalismo. Ele me falou que a Ana Coelho, a diretora geral, viu algumas coisas minhas e pediu para que ela me sondasse. Eu disse: "então sonde". Ele me explicou o conceito do programa. E perguntei pra ele se havia como desenvolver isso, a ideia, e ele respondeu: "com certeza". No outro dia começamos. Tivemos várias ideias, várias possibilidades, a empatia foi imediata.

O que eu acho bacana é essa mentalidade inovadora. Pessoas novas, oxigenadas. E temos muita liberdade. Se você me perguntar como será o programa, eu não sei. Mas se me perguntar se vai ser bom, eu tenho a absoluta certeza que vai ser muito bom. E a palavra que define o programa é novidade. Vai ter coisas novas, vai dar uma agitada nesse cenário.

NaTelinha - Você vai para um horário onde o "pau come". O que você espera de conteúdo que vai ser melhor em relação aos concorrentes, a audiência? O que você quer?

Darino Sena -
Quem sou eu pra fazer análise do que vai ser pior, do que vai ser melhor? Pra ser bem sincero, não estamos preocupados com isso nesse momento. Claro que audiência é fundamental e me trouxeram de lá pra dar resultado. Mas estamos mais preocupados em fechar no que vai ser o programa. Mas ele nunca estará fechado, estamos sempre aberto. A gente procura referências positivas, não só deles, mas também as nossas. Acho que a audiência virá com o tempo. O mais importante é fechar um formato, definir uma linguagem. No momento a preocupação é de desenvolver os quadros...

Quando entrei na TV Bahia estava mais preocupado em me firmar como comentarista do que dar audiência. Minha preocupação inicial era a de passar uma mensagem para as pessoas. Conhecimento eu sei que eu tenho, mas a gente precisa levar esse know-how pras pessoas. Se você fizer uma pesquisa rápida com meu público, verá que eles concordavam e discordavam de mim, mas era um diálogo franco e direto. Elas nunca diziam que eu estava mentindo, sendo desonesto, sendo falso. Às vezes era duro demais, irreverente demais, mas isso é uma coisa do meu estilo. Aqui preciso construir uma relação diferente, com um público diferente.

NaTelinha - Falando de outras coisas, essa virada de jogo terá um período de adaptação. Você tem alguma meta, daqui 5 ou 6 meses estar bem?

Darino Sena -
Isso é natural, eu fiz esse recorde pra você de TV Bahia porque fiquei 1 ano sentindo que as coisas estavam desenvolvendo. Lá nunca tinha feito televisão antes, só comentava UFC que eu não aparecia, só comentava os jogos. Era muito raro ter apresentação, os jogos eram gravados e passavam mais tarde. Só na reta final de 2011, mas naquele esquema: stand-up na abertura, um comentário pequeno no intervalo e acabou. De repente fui pra TV Bahia ser co-apresentador. É impressionante. Agora é diferente, tenho uma bagagem de 5 anos. Sou mais seguro, estou mais descontraído, eu sei o que funciona e o que não no linguajar da televisão. Sei os meus limites. Essa fase de adaptação será mais fácil aqui do que lá. Antes, era muito mais um hobby, de repente virou minha profissão.

NaTelinha - Você não vai abandonar o futebol?

Darino Sena -
Não. Não vou abandonar o futebol. Vou continuar minha coluna de jornal. Minha despedida da TV Bahia foi espetacular, emocionante. Recebi parabéns de muitas pessoas, inclusive do superintendente da Rede Bahia, o João Gomes. Ele disse que é o reconhecimento do meu trabalho, uma evolução, uma TV respeitada, num formato que eles não teriam como oferecer.

NaTelinha - Você vai fazer rádio também?

Darino Sena -
Existe essa possibilidade. É uma possibilidade real. Aqui você tem um esporte fantástico. Na TV Aratu, tem pessoas que me identifico muito com o estilo, pessoas divertidas, espontâneas. Temos duas figuras nesse sentido: Lise Oliveira, que é a baianidade na tela, linda, aquele sorrisão; e Silvio Mendes, ele é meu ídolo, cresci ouvindo Silvio Mendes. Nasceu do bordão dele, o mais legal da história do rádio. Pra mim é sensacional e cresci ouvindo Eliseu Godoy (radialista lendário na Bahia), um programa que reeducou minha visão sobre o futebol e ser fã, seguir na carreira como jornalista.

Se a TV Aratu quiser que eu reforce esse timaço, eu tô aí. Vou continuar me informando, até porque tenho uma obrigação, tenho coluna no jornal.

NaTelinha - Você passou um bom tempo com a Patrícia Abreu e o Tiago Mastroianni falando sobre esportes na TV Bahia/Globo...

Darino Sena -
O comentarista esportivo vive de dar opinião. Eu penso assim. Tem gente que fica em cima do muro e consegue sobreviver. Mas você tem que dar opinião. Você pode discordar ou concordar. É o que faz o comentarista. Ditar regras é muito fácil, a função do comentarista é essa: dar opinião e gerar discordância. Num momento sofria bastante, porque não tenho a maturidade de hoje. As pessoas me abordando na rua, isso na vida do cara é uma coisa assustadora, não me preparei pra isso. Tem essa questão da paixão. Elas se expressam com agressividade (as pessoas). É do jogo. O cara que te apedreja hoje, é o que vai ser usar a sua opinião pra embasar a dele.

Twitter e Facebook, a regra é clara: ofendeu, bloqueia. Não vou ficar discutindo, é isso que ele quer. É uma sensação muito bacana.

Nunca vou sentar atrás de bancada pra ler TP, então quando vim pra TV Bahia, disse que seria do meu jeito. Não teve essa conversa olho no olho igual aqui. Achei que consegui encontrar o meio termo. A conversa do bastidor a gente levava pro ar. Foi conseguir criar um tipo meu. Vai vir alguém pro meu lugar, e vai ser um cara competente, mas não vai fazer aquilo que eu fazia. Vai conquistar o espaço dele.

Sobre o "Globo Esporte" especificamente, trabalhava de segunda a sábado. Eu fazia o "Globo Esporte" muito com Patrícia, era fã dela. Ela não é velha. Eu já era velho. Cheguei lá, novato e ela sempre generosa. Dei muita sorte. Ela e Pedro Canisio (narrador da TV Bahia e do SporTV) foram pessoas que me ajudaram. Nunca vou esquecer disso. Coisas que marcam, a generosidade. Sempre facilitaram e foram fundamentais pra minha afirmação.

NaTelinha - Você está empolgado...

Darino Sena -
Estou feliz! O que é bacana da televisão é o reconhecimento. Todo mundo quer reconhecimento. Ainda mais hoje nessa sociedade de redes sociais, e eu não sou diferente. Não vivo por isso, mas é fundamental pra motivar a gente. Mas hoje me sinto muito reconhecido. A TV Aratu/SBT foi lá e conseguiram me enxergar naquilo que eu fazia, algo maior. Por isso estou aqui. Estão apostando em mim, e quero retribuir. com motivação, energia e resultado em audiência. Não pode ser a linha agora, se não vamos fazer mais do mesmo. Eu quero o diferente.

NaTelinha - Como você se define como pessoa e profissional?

Darino Sena -
Sou um cara mito disposto a aprender sempre. Se eu fosse acomodado, eu ia ficar lá. Já tinha público, reconhecimento, quem não queria estar onde eu estava? Modéstia à parte. Quero aprender, desafios. E quero chegar lá. Tenho que aprender muito, desenvolver bastante e sou um profissional que eu sei que nunca sei de tudo. Estou sempre disposto a ouvir. Quero aprender, e aqui chego querendo aprender com os apresentadores daqui.

Quero aprender com Rita Batista, quando crescer quero ser Rita. Sou fã dela. Já assisti ela aqui, na Bandeirantes. Ela é de uma espontaneidade fascinante. Não vejo a hora de começar a dividir experiência com ela. Casemiro Neto, que é um cara que tenho amizade, um cara que se estabeleceu num novo formato. Está aí nesses anos todos nesse sucesso indiscutível. Quero aprender com Murilo, porque fazem um tipo de programa onde tem que ter um emocional muito grande. Delegacia, falando com bandido... Isso é comunicação. É estar pronto e apto pra se comunicar com todo mundo. Alex, que é um cara da irreverência, relacionado com o meio que ele representa. Um cara respeitado. Carla, querendo aprender com Carla também.

Estou aqui para aprender. Se fosse pra me definir em uma palavra, seria aluno da TV Aratu.

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