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"Pânico" começa 2017 em clara transição e boas ideias, mas com problemas

Antenado


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Reprodução

Começando seu décimo quarto ano no ar, o "Pânico" promete mais uma renovação em 2017. Mas não é qualquer renovação. Mudou muita coisa - elenco, diretor, grafismo e vinhetas. Mas o que precisa reformular é o seu conteúdo.

O grande desafio do programa é se manter relevante para o público, mas ao mesmo tempo trazer aquele cara que acha o humorístico ultrapassado, datado, batido. Na estreia deste domingo (5), algo bom já deu pra notar: o espírito guri de fundo de sala ainda está lá.

Um exemplo disso foi a piada com o show da Lady Gaga no Super Bowl 51. Dizendo que "iria transmitir o show com exclusividade", Emílio mostrou na verdade a boa e velha Gaga de Ilhéus vestida como a cantora. Piada meio previsível, é verdade, mas que muita gente caiu.

Outro dois bons momentos foram as sátiras, outro forte do "Pânico". A primeira foi sobre a prisão do empresário Eike Batista, com sacadas engaçadas e caracterização perfeita.

A outra foi a sátira ao "Tá no Ar", chamada de "Tá no Lar". Sobrou pra Dudu Camargo e até mesmo para Edu Sterblich, ex-integrante da trupe - e que faz uma falta tremenda.

Por fim, as piadas com as saídas que no ar ainda não se consumaram, como a de Fernanda Lacerda, a Mendigata, foram ótimas também e exacerbaram aquela sentimento geral: que o "Pânico" pode render mais.

Mesmo assim, o programa teve erros. O primeiro deles foi exibir uma matéria tão grande com Rodrigo Scarpa, o Vesgo, sobre a posse de Donald Trump, além de fazer suspense sobre algo muito visto - a trollada com Carolina Cimenti, da Globo News. Poderia ser bom recheio, mas nunca ser exibida com tanto alarde e como prato principal.

O segundo momento ruim foi o "Banheiro do Pânico", onde Alfinete, Bola e Daniel Zukerman zoavam homens num banheiro público. Me lembrou muito a proposta do finado "José Toalha", da saudosa temporada de 2009.

Para reconquistar o público e voltar a ser o assunto das segundas-feiras entre os jovens - o próprio GC do programa sugeriu isso em dado momento -, o "Pânico" precisa deixar a acomodação, a previsibilidade e ousar, renovar. Teve bons indícios neste primeiro programa, mas a irregularidade e o roteiro abaixo da crítica ainda são problemas.

Parece que está acontecendo uma transição em pleno ar, como aconteceu em 2007/2008, quando houve uma troca de diretores também à ocasião. De qualquer forma, as qualidades ainda estão lá. Vale dar uma olhada no segundo programa no próximo domingo (12).


Gabriel Vaquer escreve sobre mídia e televisão há vários anos. No NaTelinha, é responsável por reportagens variadas e especiais. Ainda assina as colunas "Antenado", sobre TV aberta, e "Eu Paguei pra Ver", sobre TV por assinatura. Converse com ele. E-mail: gabriel@natelinha.com.br / Twitter: @bielvaquer

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