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Cobertura de Rio 2016 é mesmo a maior da história, mas TV paga tem erros

"Antenado" analisa esta primeira semana de Olimpíada na TV


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Divulgação

Passada uma semana de realização dos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, já dá para dizer quem está se saindo bem ou mal na cobertura.

São sete canais, todos transmitindo uma penca de eventos. São tantas opções, que o telespectador pode até ficar tonto. Por isso, neste texto, vou colocar as impressões do que cada um deles vem fazendo até aqui.

Mas é bom falar: quase todas as emissoras estão fazendo um ótimo trabalho. Eu estou bem impressionado com o preparo dos nossos profissionais. Mas vamos lá.

Globo

O planejamento da Globo fez, de fato, a cobertura ser algo assustador até para quem já esperava algo grande. VTs no "Jornal Nacional" estão impecáveis. A emissora realmente prioriza o evento, corta programas, edita novelas, dá plantão para informar o que de mais importante acontece.

Além disso, a tecnologia e a qualidade que é passada a informação é algo que precisa ser destacado. Fernanda Gentil, no "Globo Esporte", novamente está fantástica. Renata Vasconcellos faz uma dupla melhor com Galvão Bueno do que Patrícia Poeta fazia, parece estar mais interessada em esporte do que Poeta na época da Copa do Mundo.

Um acerto também foi feito com o Time de Ouro. Todos estão bem, falando corretamente, sendo didáticos e conseguindo passar clareza. O maior destaque é Daiane dos Santos, que evoluiu muito da sua primeira transmissão para agora.

Claro que tem erros, não só acertos. Glenda Kozlowiski, apesar de extremamente carismática e talentosa, ainda não tinha cacoete para narrar sozinha. A decisão de colocar alguém mais experiente ao seu lado foi correta. Mas é para se trabalhar no futuro, tem potencial.

Record

Falar da Record não é bem uma decepção. Já se esperava, desde antes, que a cobertura seria menor do que Globo e Band. O problema é que estão passando do limite até para o que se esperava.

Além de ter só 5h30 diárias, a emissora ainda tem atrasado, quase que diariamente, o começo da faixa das 22h30. Além disso, por causa de audiência, no último domingo (7), atrasou o início das transmissões por causa do "Domingo Espetacular" e da concorrência com o SBT.

A impressão que fica é que, se pudessem, devolviam o evento e pegavam o dinheiro de volta, se arrependendo amargamente de exibir os Jogos.

Porém, nem tudo é problema. Graças aos seus profissionais, a Record consegue se destacar um pouco. Luísa Parente é fantástica comentando ginástica, a melhor da TV com facilidade. Outro que tem feito um bom trabalho é Marcos Leandro, da Record Minas, que já narrou duas medalhas do Brasil.

Band

Nestes dias, a Band poderia usar o slogan: "Bandeirantes, o canal do esporte" mais uma vez, com certa tranquilidade. Da TV aberta, é disparado o canal que mais dá hora, que mais transmite tudo, seja do Brasil, seja de fora. Até assusta ver que o "canal do esporte" voltou, mesmo que seja por 17 dias.

O grande destaque dos apresentadores, mais uma vez, vai para Larissa Erthal. A carioca, que já tinha mandado bem na Eurocopa, novamente mostra a simpatia e a naturalidade frente às câmeras que já lhe é peculiar. Impressiona sua segurança, que só reafirma que é a melhor apresentadora esportiva da Band.

Outra que vai bem é Paloma Tocci, que apresenta o "Jornal da Band" no Parque Olímpico. Como ela faz falta nos programas esportivos, por melhor que vá na bancada do jornal. É agradável vê-la novamente na função que a consagrou.

Da equipe de transmissões, Ivan Bruno tem feito um bom trabalho. Narrando tudo, ele merece mais chances na Band depois do fim das Olimpíadas. Grata surpresa, não para quem vê com frequência o Band Sports. Já Téo José também tem ido bem, mas se sai melhor em esportes off-futebol.

A Band também tem erros. O maior deles é a equipe de comentaristas escolhida. Alguns deles nitidamente não estavam preparados. Faltou um preparo melhor no pré período Olímpico.

SporTV

Falar bem do SporTV nesta cobertura é chover no molhado. São 16 canais, é impossível que fosse perder alguma coisa na cobertura, um evento propriamente dito.

Todos os canais funcionam, praticamente todos têm boas narrações e todos contam com bons comentaristas, preparados para fazer a função. É até assustador o trabalho que a Globosat fez. Prometeram e cumpriram.

No canal 100% ao vivo, o SporTV 4, o grande destaque é, disparado, o "Madruga SporTV", comandado por Lucas Gutierrez, Kyra Gracie, Roger Flores e Didi Wagner. Colocar um programa de 7 horas e 30 minutos, todos os dias, no ar, é uma ousadia impressionante. Na Copa já foi muito bom, na Olimpíada está melhor. É impossível dormir vendo o "Madruga", e este que vos fala se inclui no meio.

Outro destaque é o ótimo "É Campeão", comandado por André Rizek. A escolha dos campeões foi melhor que os da Copa do Mundo. Só por Nádia Comaneci, já valeria a pena. Soltomayor, Michael Johnson... Quase um time dos sonhos.

Existem erros? Quase que não, é uma cobertura perto da perfeição. O único probleminha é o arrastamento da cobertura ao vivo no SporTV 4. Algumas vezes, não há assunto, e a linguiça impera. Mais VTs poderiam ajudar, mas é entendível, são muitas horas no ar.

ESPN Brasil

A ESPN Brasil vem fazendo, até aqui, a mais jornalística das coberturas da TV paga. A qualidade do jornalismo e de quem faz é inegável e só é reforçado.

O grande destaque até aqui são dois. O primeiro deles é Flávia Delaroli, comentarista de natação do canal. A melhor dos Jogos Olímpicos, considerando até TV aberta. Engraçada, clara, fala bem, tem conhecimento do que está dizendo e extremamente agradável ao comentar. Um grande acerto sua contratação.

Outro grande acerto foi a escalação de Rômulo Mendonça para narrar jogos de vôlei. Num esporte com mais apelo, ele tinha tudo para se destacar. Por mais que a NFL tenha crescido muito, e cresça ano a ano, ele conquistou um novo público agora, com todos os méritos. Engraçado e técnico, Rômulo não virou viral na internet à toa.

Outros acerto foram a contratação da ex-jogadora Juliana Cabral para comentar os jogos do futebol feminino, e o programa "Segredos do Esportes", de Marcela Rafael e Fernando Meligeni, que abre excelentemente bem a programação.

O grande problema do canal ainda é a grade de alguns dias. No último domingo (7), por exemplo, houve três edições do "Bate-Bola", com duas horas cada um na ESPN Brasil, todas para repercutir o Campeonato Brasileiro.

Tudo bem que há uma parte do público que não está nem aí pros Jogos Olímpicos, mas seis horas falando do Campeonato Brasileiro, por mais importante que seja, é estranho. Fora que não é um evento do canal. Se fossem transmissões do Campeonato Inglês, como vai ocorrer neste fim de semana, que é o carro-chefe da ESPN, já que é exclusivo, tudo bem. Mas a decisão de priorizar debate sobre Campeonato Brasileiro com Olimpíada ao rodo é estranho.

Fox Sports

Debutando nos Jogos Olímpicos, o Fox Sports tem sido protocolar, mas com qualidade e doses de ousadia, como já tinha tido na Copa do Mundo.

Os programas são bons, com destaque novamente pro "Bom Dia Fox", de Helena Calil e Lívia Nepomuceno. Outro destaque, dessa vez da equipe de transmissão, é Rodrigo Bueno. Assusta como comenta tudo - e tudo, leia-se futebol e handebol - com qualidade e conhecimento.

Outro destaque foi a ideia de dar vez para o Porta dos Fundos no fim de tarde no Fox Sports 2. Virou um programa imperdível, já que impressiona a capacidade de improviso de Antônio Tabet e companhia. É uma várzea, mas uma várzea que faz sentido e dá risos e gargalhadas. Por fim, também destaco Gustavo Villani, em grande fase na narração, e Mauro Beting comentando o futebol feminino. A dupla é ótima, muito boa de ver no ar.

O destaque negativo, ao meu ver, é Adriane Galisteu. Não se justificou, até agora, sua contratação pelo Fox Sports. No "Boa Noite Fox", é uma coadjuvante de luxo, dispensável. No "Fox Emotion", que traz imagens impressionantes, só grava cabeças. Só me faz pensar que assinou para gerar buzz na imprensa. Não dá pra entender.

Band Sports

Esse era o canal que tinha mais curiosidade, e que mais respeito aqui. Com pouca estrutura, quase diminuta em cima do que a Band aberta faz, o Band Sports realmente tira leite de pedra.

A equipe de narradores e comentaristas são ótimas. Todos preparados e entendendo do assunto, além de serem didáticos. Talvez ajude o canal transmitir eventos olímpicos durante o ano - não por opção, diga-se, mas sim por falta dela, já que não tem dinheiro para bater de frente com os concorrentes.

Na equipe de apresentadores, destaco a excelente Maria Paula Limah, que é com certa tranquilidade a melhor da emissora já de algum tempo. Tem segurança, talento, gosta de esportes e sabe fazer o ao vivo com a leveza que o esporte pede.

Negativamente, cito Mônica Apôr. Sua transferência para reforçar a equipe dos Jogos Olímpicos não se justificou. Ela parece não entender nada de esportes, apesar de sua boa comunicação frente às câmeras. Boa apresentadora, mas esporte definitivamente não é a dela.

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