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Empolgação, seriedade e humor marcam transmissões de Cerimônia de Abertura

Antenado


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Fotos: Divulgação
Eu amo esporte. Desde que entrei no NaTelinha, em 2013, esperava ansiosamente pelos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, e desde julho, cubro e drago detalhes da cobertura de cada uma das oito emissoras que transmitirão os Jogos. 
 
Porém, ver a Cerimônia de Abertura do evento foi uma maratona complicada. Meus chefes me deram uma missão: ver as dez transmissões diferentes da Cerimônia de Abertura e tentar analisar, em um texto, cada uma delas. Globo, Record, Band, SporTV, ESPN, Fox Sports, Fox Sports 2, Band Sports e Record News. 
 
Humor, empolgação, emoção, jornalismo puro.... O controle remoto ficou frenético esta noite. Então, vamos lá, sem maiores rodeiros, falando cada um das transmissões, separando canal por canal. 
 
Emoção de Galvão e Tradução de Uchôa 
 
 
O time que comandou tudo na Globo foi composto por Galvão Bueno, Marcos Uchôa e Glória Maria. Eles complementava muito bem. 
 
Galvão é um showman, mas estava visivelmente emocionado ao ver tudo acontecer no Brasil diante dos seus olhos. Durante a cerimônia, chegou a dizer que era a festa da sua vida, em nove olimpíadas que cobriu. 
 
Em alguns momentos, parecia estar chorando bastante. Mas na grande maioria do tempo conduziu com firmeza a transmissão, experiente que é. 
 
Glória Maria trouxe boas curiosidades e também acrescentou, mas sempre interrompia Galvão em momentos chaves, o que foi o ponto fraco da transmissão. O grande destaque, porém, foi Marcos Uchôa. Tradutor, analista político dos países, conhecendo exatamente até os países menos conhecidos, Uchôa enriqueceu a transmissão. Por ele, valeu ver na Globo. 
 
Renato Ribeiro foi um pouco discreto, mas sempre pontual. Porém, como disse, apareceu pouco. Como conhece muito, merecia ter falado mais. 
 
Porchat roubando a cena na Record
 
 
Escalado de última hora para se juntar a Adriana Araújo, Fernando Scherer e Lucas Pereira, Fábio Porchat foi o grande nome da transmissão da Record na Cerimônia de Abertura. 
 
O humorista tomou de assaltou e foi o melhor da cobertura. Com piadas infames, como avisar na explosão de todos os fogos do Maracanã que "aquilo não era um atentado do Estado Olímpico", e principalmente na hora do enfadonho desfile de delegações, a parte longa da Cerimônia. Porchat, neste momento, tirou tudo do marasmo. Foi divertido ver. 
 
No mais, Adriana Araújo foi novamente muito correta, Lucas Pereira fez bem o papel de narrador, e Fernando Scherer quase não falou.
 
A transmissão da Record foi certamente a mais divertida da TV aberta. A única gafe aconteceu no fim: ao encerrar a transmissão, a emissora colocou o logotipo dizendo que estava em... 2014. É 2016, querida. 
 
Trio de ferro da Band
 
 
Quando anunciou-se que Ana Paula Padrão, Ricardo Boechat e Álvaro José faria a transmissão da Cerimônia da Band, não poderia se esperar coisa melhor. 
 
Os três se completaram fortemente. Ana Paula conduz uma transmissão ao vivo como poucas. Boechat contextualiza o teor político de cada país, não à toa é um dos melhores jornalistas do Brasil. 
 
Álvaro José não necessita maiores comentários. A maior enciclopédia olímpica do Brasil mais uma vez mostrou porque tem tanta credibilidade. 
 
A Band acertou demais na escolha dos três. Por mim, fariam daqui para frente todos os anos juntos, independente da emissora. Foi a mais jornalística das três na TV aberta. 
 
SporTV sóbrio e Marcelo Barreto como destaque
 
 
Canal que vai fazer uma cobertura extremamente grande, com 56 sinais e 16 canais, o SporTV começou muito bem os trabalhos. Luiz Carlos Jr foi correto, fez bem a condução, e o grande tempero dela foi a colocação de Marcelo Barreto. 
 
Certamente um dos melhores apresentadores esportivos do Brasil, se não o melhor, Marcelo tem classe, cultura e agregou demais. A sua participação foi a melhor.
 
Lauter Nogueira estava visivelmente emocionado e foi legal vê-lo falar do seu orgulho por ser esportista em alguns tempos. Tiago Maranhão, outro que trouxe bastante do contexto político, manteve a sobriedade. 
 
ESPN jornalística, mas sem perder o humor 

 
A escolha da ESPN Brasil foi por colocar três locutores que tem embasamento. Dudu Monsanto, Rogério Vaughan e Everaldo Marques preferiram um tom mais jornalístico, entupindo o espectador de informações. 
 
E quando falamos entupindo, foi mesmo. O grande enfoque ficou para um resumo de informações esportivas de todas as delegações, sem esquecer detalhes políticos. 
 
Além disso, piadas e brincadeiras também foram feitas, dentro do possível. O trio se completou muito bem e Dudu Monsanto deu um show ao falar do Rio de Janeiro - fluminense que é. 
 
O único problema foi uma pequena gafe. No momento dos discursos, Dudu acabou traduzindo para o português, as falas do presidente do Comitê Olímpico Brasileiro, Carlos Nuzman, em.... português. Foi só um probleminha, mas o saldo é positivo. No meu ver, na TV paga, foi a melhor. 
 
Fox Sports mudou de última hora - e para melhor - no 1 e não fez rir no 2 
 
 
O Fox Sports foi um pouco bipolar. Tendo anunciado Adriane Galisteu, Nivaldo Prieto e Oscar, a transmissão foi feita por Eduardo Elias, Flávio Gomes e o comentarista olímpico João Carvalho. 
 
Eu tinha um pouco de receio pelos nomes iniciais e a escala secundária foi bem melhor. Flávio Gomes foi o grande destaque, mostrando-se um grande entendedor olímpico. João Carvalho também ajudou bastante e a informação histórica foi seu forte. 
 
Eduardo Elias, por fim, conduziu tudo bem, mas parecia um pouco empolgado demais. Isso não foi necessariamente um problema, mas em alguns instantes passou do ponto. 
 
No Fox Sports 2, a ideia era apostar no humor com o Porta dos Fundos. O trio não me agradou. Antônio Tabel, Rafael Portugal e Totoro faziam piadas bobas, previsíveis e que não trouxeram graça. O que era para ser um diferencial, decepcionou. 
 
Band Sports na empolgação total 
 
Em alternativa à Band, o Band Sports optou por uma transmissão extremamente empolgada. Talvez pelo estilo de Téo José ao narrar, o ufanismo predominou. 
 
Elia Júnior, o âncora, conduziu bem tudo, mas também caiu na empolgação fácil. Para reforçar o ufanismo, Marcelo Negrão, só falava: "estava tudo lindo". 
 
Quem queria algo mais jornalístico, não deveria ver. Nem como entretenimento serviu muito. Mesmo bem intencionada, o Band Sports fez a mais fraca Cerimônia da TV. 
 
Elegância e um pouco de preguiça na News 
 
Grande nome, e talvez o único grande nome da Record News, Heródoto Barbeiro novamente tirou leite de pedra. O âncora foi disparado a alma da transmissão. 
 
Elegante, ele sempre tentava trazer uma informação, algo novo para quem via. Os seus colegas, Ary Pereira, e o narrador Ruy Bala, pareciam preguiçosos, sem muita vontade de estar ali. 
 
No fim, a News mais convidava o telespectador a trocar de canal e ver em outro lugar do que ver por ela, mesmo com Heródoto em alta performance. Faltou gana e ânimo. Uma pena. 
 
Gabriel Vaquer escreve sobre mídia e televisão há vários anos. No NaTelinha, é responsável por reportagens variadas e especiais. Na coluna "Antenado", fala sobre TV aberta quando a necessidade pedir. Já no "Eu Paguei Pra Ver", às segundas, conta histórias curiosas sobre a TV por assinatura no Brasil. Converse com ele. E-mail: gabriel@natelinha.com.br / Twitter: @bielvaquer
 
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