Colunas

Abertura da Olimpíada conseguiu encantar ainda mais in loco

Por trás das câmeras


jogosolimpicos-rio-abertura-05082016 (1).jpg
Foto: Lucas Félix/NaTelinha

A cerimônia inaugural dos primeiros Jogos Olímpicos sediados no Brasil foi surpreendente. Acompanhada de perto por diversas emissoras, como bem resumiu nosso colunista Gabriel Vaquer, foi seguida mais proximamente ainda por algumas dezenas de milhares de privilegiados que sentiram o clima do Maracanã no maior momento de sua riquíssima história. Eu tive a sorte de estar entre eles e tento relatar o que foi além do olhar televisivo para o evento.

Primeiramente, a chegada ao estádio foi de relativo caos. O feriado na cidade de pouco adiantou. A abertura dos portões cerca de três horas antes do começo da cerimônia ajudou a dispensar a demanda no transporte coletivo, mas o enorme isolamento de segurança fez com que o percurso entre as estações de metrô e trem rumo ao estádio se transformasse numa maratona em que filas gigantes se formavam. Ainda mais com as constantes interrupções para as passagens dos comboios com as comitivas.

Mas tanto esforço valeu a pena. Afinal, de caminhada fácil não entendemos, vide as dificuldades enfrentadas pelo Comitê Organizador nos últimos sete anos. O que se colocou em prática no maior templo do nosso esporte foi um salto na história do país.

Uma festa feita para nós, brasileiros, sem forçar para soar palatável aos olhares estrangeiros, como se tentou na Copa do Mundo. Se a preocupação com a reação dos gringos durante toda a preparação foi grande, a manchete do The New York Times era a última coisa que importava quando ecoavam pelo bom sistema de áudio hits variando de "Garota de Ipanema" até "Deixa a Vida Me Levar".

A seleção foi certeira e colocou o público não só para cantar junto, como também para dançar em muitos momentos. Houve quem arriscasse passos, veja só, até mesmo no Hino Nacional.

Apenas dois momentos mereceram vaias de maior relevo: a passagem da delegação da Argentina e a fala do presidente interino Michel Temer.

Já o trajeto brasileiro, encerrando o desfile, animou as arquibancadas, é claro, mas não na mesma dimensão que outros instantes. Também arrancaram diversos aplausos as equipes de países marcados por conflitos, como Haiti e Síria, além de obviamente o time de refugiados montado pelo COI.

Entre os “grandes”, as reações pouco variavam. Apesar da polêmica do doping, Estados Unidos e Rússia tiveram recepções praticamente idênticas, por exemplo. Apenas outros latinos foram aplaudidos de forma maior, graças ao efeito dominó gerado pela presença de nativos na plateia.

O desfile, na verdade, foi o momento preferido para as idas ao banheiro e nas lanchonetes. Essas últimas sendo uma grande decepção. O planejamento falhou e diversos itens não estavam mais disponíveis antes da metade da festa, incluindo cervejas e refrigerantes com seus disputados copos temáticos.

Mas no momento final ninguém ousou arredar pé de suas posições, devidamente respeitadas graças ao grande número de profissionais, entre voluntários e militares, colocados para auxiliar o público na difícil localização entre os setores, níveis e blocos do mais icônico estádio nacional.

Carlos Arthur Nuzman, que substituiu o então presidente Lula ao abrir os Jogos Pan-Americanos de 2007, conseguiu passar ileso por algo que poucas figuras públicas brasileiras ousariam: discursar para uma multidão sem que ela tenha ido ao local exatamente por isso.

Tanto na sua fala quanto na de Thomas Bach, os elogios ao Brasil e ao Rio de Janeiro, citando inclusive o contexto de crise, foram os momentos mais ovacionados.

Entre os atletas, Marta e Oscar Schmidt conseguiram se sobressair entre os todos aplaudidos carregadores da bandeira olímpica. Outro que agora pode bradar ter tido o Maracanã aos seus pés é Guga, que se encarregou de entrar com a tocha olímpica.

Já o nome de Vanderlei Cordeiro de Lima como acendedor da pira foi recebido com certa surpresa, num clima mais de emoção do que de euforia, visto facilmente de todos os cantos. De fato, foram disponibilizados apenas aqueles locais com boa visibilidade.


Foto: Reprodução/COI/Facebook

Além de enxergar bem, o público presente ainda “sentiu” a festa. As explosões de confetes despertaram um clima praticamente infantil de encantamento entre a plateia.

Aliada ao belíssimo show de fogos, essa foi uma das horas em que a magia se sobressaiu diante das importantes mensagens tratadas na cerimônia, como a questão ecológica.

Em resumo, a cerimônia da abertura superdimensionou a escala do que vinha fazendo o revezamento da tocha pelo país, passando uma corrente de esperança no futuro melhor, com a clareza de que o Brasil unido tem de tudo para dar certo.
 

* Lucas Félix está no Rio de Janeiro acompanhando as Olimpíadas e contará aos internautas do NaTelinha a emoção por trás das câmeras.

Mais Notícias

Enviar notícia por e-mail


Compartilhe com um amigo


Reportar erro


Descreva o problema encontrado