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"A Garota da Moto" tem primeiro episódio promissor, mas apresenta falhas

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Divulgação

O SBT estreou nesta quarta-feira (13) a série “A Garota da Moto”, produzida em parceria com a Fox Brasil e a produtora Mixer.

A trama tem início no ano de 2014, com a cidade do Rio de Janeiro como pano de fundo, em narração em terceira pessoa, algo que parece ser o eixo central da história.

Joana, a protagonista, com boa atuação de Christiana Ubach, é a típica heroína de filmes americanos. Forte, destemida, especialista em diversos tipos de luta, mãe dedicada, ignorada pelo pai na infância e que deixa para trás seu passado de “menina inocente indefesa” para se tornar um furacão.

E não se pode queixar de falta de ação. Foi um primeiro episódio digno daqueles que almejam apresentar o produto. Preseguição, morte, tiroteio, assalto, luta, namorico e, principalmente, uma apresentação didática dos personagens que compõem o núcleo central da série.

Didatismo, aliás, não faltou nos 44 minutos de trama. Diálogos entre a protagonista e a vilã, interpretada por Daniela Escobar, com o telespectador ditam os rumos da história.

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O mistério se faz presente também na apresentação de dona Laura (Agnes Zuliani), que aparece disfarçada no ambiente de Joana, mas que, como gancho a outros capítulos, mantém algum tipo de relação com o personagem Duda, pai do filho da motoqueira.

O conflito de relacionamento do episódio fica por conta justamente de Reinaldo, com a sua ajudante Pam (Martha Nowill).

Algumas situações se mostraram forçadas e inverossímeis, como a discussão entre um motorista e um ciclista, que acaba em acidente e faz com que Joana, como punição ao motorista, feche seu espelho.

Inverossímil especialmente porque o trabalho e o tempo para fechar o espelho de um carro não favorecem que um motoqueiro adote tal atitude, preferindo por quebrar a peça, algo muito mais natural e rápido.

Outra inverossimilhança está no fechamento da lanchonete, quando Reinaldo (Murilo Grossi) abaixa a porta do estabelecimento e sai andando, sem tempo hábil para sequer passar a chave na fechadura.

As imagens aceleradas do Rio de Janeiro, logo no início da estreia, foram desnecessárias e deram um ar trash a uma boa trama.

Outras falhas ficam por conta de uma porta sendo arrombada sem nenhum sinal de arrombamento, câmera nervosa em alguns momentos da perseguição, uma sequência de planos fechados na abertura que causa aflição e confusão em quem assiste e falta de diálogos, especialmente quando Joana conta a Duda que será mãe.

Não se espera de uma produção nacional a qualidade de uma hollywoodiana, mas poderiam caprichar um pouco mais na edição, especialmente na passagem da morte de Duda, quando o tempo das imagens não casa e ele aparece de um jeito numa cena e totalmente diferente na outra, em close.



A edição, aliás, foi o ponto baixo do episódio. Diversas mudanças de cenário denotam a falta de cuidado no quesito continuidade. Em incontáveis momentos houve erros, muito mais do que o aceitável em uma produção desse porte.

Outro destaque negativo seria a exibição diária, que esgota rapidamente o produto, fazendo com que as possíveis novas temporadas percam ligação e necessitem de uma reintrodução, mas que se justifica por ser uma série e não um seriado.

Aliás, o que diferencia uma série de um seriado é justamente a sequência. Enquanto em uma série os episódios respeitam uma ordem sequencial, com complementação entre eles, em um seriado os episódios, apesar de respeitarem uma evolução cronológica, não dependem um do outro (exceto nas continuações), ou seja: uma série é quase uma novela, mas com menor duração e os capítulos têm começo, meio e fim, embora sejam dependentes entre si.

Por exemplo, pode-se assistir a um episódio da primeira temporada de “Um Maluco no Pedaço” hoje e outro, da última temporada, logo depois, sem prejuízo ao entendimento deles. A isso chamamos seriado.

“A Garota da Moto” mostrou boa trama e atuações razoáveis, mas precisa corrigir os erros para seguir sendo uma aposta acertada para a emissora de Silvio Santos. Torço por seu sucesso para que novos produtos do gênero sejam realizados.


Helder Vendramini é formado em Rádio e TV e pesquisa esse meio há vários anos. Aqui no site, busca fazer análises aprofundadas dos mais variados temas que envolvem a nossa telinha.

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