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Linguagem simples e popular: como "A Praça" resiste por mais de meio século

"Enfoque NT" analisa o sucesso do programa "A Praça é Nossa"


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Carlos Alberto de Nóbrega comanda "A Praça é Nossa" há 29 anos no SBT - Divulgação/SBT
O programa "A Praça é Nossa" (antiga "A Praça da Alegria") foi criado por Manoel de Nóbrega em 1957 na antiga TV Paulista, há 59 anos, e no ano que vem completa 30 só de SBT.
 
Pioneiro do gênero humor na televisão brasileira, Manoel de Nóbrega criou personagens antológicos como a Velha Surda (Rony Rios), Simplício (Flaviano de Almeida), Mendigo (Moacyr Franco) e teve grandes nomes do humor passando pelo banco da praça, como Ronald Golias e Jorge Lafond. 
 
Programa do gênero mais antigo no ar, "A Praça é Nossa" foi concebida por Manoel de Nóbrega a partir de uma ideia singela: ele seria o anfitrião, sentado num banco de praça, por onde passariam os  tipos mais esquisitos e engraçados.
 
Com uma linguagem simples e popular, "A Praça" resiste a mais de meio século de existência atingindo todas as classes com adequações pontuais feitas inteligentemente por Carlos Alberto de Nóbrega, que se reinventa com a equipe na antiga fórmula narrada em bordões e variações sobre a mesma piada. 
 
O humorístico sobreviveu e continua sobrevivendo aos novos programas produzidos com recauchutagens, orçamentos milionários, múltiplos cenários e personagens recortados de algum outro lugar. A velha fórmula faz da "Praça" um programa de televisão sólido, vantajoso e muito competitivo. 
 
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Nos 35 anos do SBT, a emissora passou por diversas crises, e nem de longe “A Praça” foi uma das atrações que mais mudaram de horários. No entanto, algumas alterações foram realizadas, mas em todas as faixas em que o programa esteve, se deu bem. 
 
Até meados da década passada, “A Praça é Nossa” já estava estabilizada aos sábados, quando Silvio Santos remanejou o humorístico para os domingos em 2002. Na ocasião, o SBT havia comprado um pacote de filmes da saga “Star Wars” por US$ 2 milhões para exibir no horário. Deu certo, mas depois de um mês voltou para os sábados, de onde só sairia em 2005, retornando à programação dominical. 
 
Estabilizado por lá, o SBT precisou preencher a lacuna deixada por “Ídolos” em 2007 às quintas-feiras, de onde não saiu mais. Aliás, quinta-feira é o “dia original” da “Praça”, com estreia datada em 1987. 
 
 
Há quase 10 anos sem mudar de horário no SBT (feito raro), Carlos Alberto de Nóbrega vem dando uma audiência respeitável, entre 8 e 9 pontos no Ibope da Grande São Paulo, garantindo a vice-liderança, já tendo batido a Globo por diversas vezes. Além disso, vencia com frequência o badalado programa de Gugu Liberato na Record no ano passado, que apresentava um conteúdo mais agressivo. Não raramente, é o programa de maior audiência da linha de shows do SBT. 
 
Sem os grandes nomes - grande parte deles já falecidos -, Nóbrega se vira como pode na função de um grande observador, como é o caso de Marlei Cevada descoberta num concurso do “Programa Silvio Santos” em que garantiu o segundo lugar.
 
Outros nomes vem se consagrando nos últimos tempos como Paulinho Gogó, Matheus Ceará e Giovani Braz (o Saidera), provando que a rotatividade de grandes talentos nunca parou e melhor que isso, “A Praça” se tornou um celeiro deles. 
 
Como se tudo isso não bastasse, Carlos Alberto de Nóbrega virou meme. Você, internauta, certamente já deve ter visto, criado e respondido algum comentário na rede com alguma postagem parecida com essas:
 
 
 
“A Praça é Nossa”, é de fato, um fenômeno. Uma atração de TV competitiva, com temas de humor que o público adora, como as de sexo (duplo sentido), caipira e suas confusões na cidade grande, político corrupto e passando pelas dificuldades financeiras do país, tendo sua imagem proliferada por memes na internet. Um clássico.
 
 
Thiago Forato é jornalista, escreve sobre televisão há 11 anos e assina a coluna Enfoque NT há cinco, além de matérias e reportagens especiais no NaTelinha. Converse com ele: thiagoforato@natelinha.com.br  |  Twitter: @tforatto
 
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