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Após atentado, Globo se mobiliza no sábado; "JN" se redime e faz boa edição

Território da TV


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Reprodução

O sábado (14) na Globo foi quase que completamente dedicado a seguir repercutindo o atentado terrorista que abalou Paris no dia anterior.
 
Desde 6 da manhã, quando Renata Capucci ancorou uma edição especial do “Hora Um”, até mais de 9 e meia da noite, quando foi encerrado um “Jornal Nacional” histórico, o destaque foi absoluto para os ataques.

Em ordem cronológica, o “H1” foi ao ar pela primeira vez na história em um sábado. Também foi a estreia de Renata Capucci no comando da atração. Ela estava escalada para fazer o “Jornal Hoje”, mas acabou convocada mais cedo para render o plantão de William Waack, que deixou a sede paulista da Globo somente por volta das 4 da manhã.

O jornalístico, colocado no ar uma hora depois de sua faixa habitual nos dias úteis, teve a duração padrão de 60 minutos toda revertida a destacar a situação na França. O único momento em que não se falou sobre foi no encerramento, quando o silêncio demonstrou o luto.

Sandra Annenberg, que estaria de folga, foi colocada às pressas na sequência para comandar o trecho que se seguiria até o “Jornal Hoje”. Além dela, as duplas titulares do “Jornal da Band” e do “Jornal Nacional” também foram excepcionalmente chamadas neste sábado.
 
A apresentadora do “Hoje”, além dele próprio, também esteve no ar durante boa parte do “É de Casa”, que mostrou sua utilidade em ser ao vivo, derrubando pautas do dia, como musicais da banda Scalene, com a transparência de esclarecer isso no ar, marcando outro dia para a apresentação completa do grupo.

Aliás, vieram de Sandra e suas interações com os correspondentes Roberto Kovalick, já em Paris na hora, e Cecília Malan, de Londres, as melhores interações do matinal.
 
Na tarde, coube a Renata Vasconcellos fazer boletins nos intervalos comerciais desde por volta das 15h. Essas inserções não acrescentaram grandes novidades ao que já era sabido, mas serviram como uma eficiente forma de chamada para o “Jornal Nacional”, que desta vez, ao contrário da sexta-feira (13), merece muitos elogios.

O “JN”, da sua escalada, que apesar de não ter a trilha especial, foi marcada pela menção completa da data em sinal do seu impacto, ao tocante clipe de encerramento, mostrou que a sua equipe possui competência para dar e vender.

Como William Bonner publicou nas redes sociais oficiais da atração, todos os profissionais da redação trabalharam neste sábado como se ele fosse dia útil. Ou até mais.

E o desdobramento rendeu mesmo uma edição digna da liderança em público e do prestígio de um vencedor de Emmy.

O telejornal conseguiu uma completude similar ao que fez em outras ocasiões marcantes: acrescentou pontos importantes para quem já havia consumido notícias sobre os ataques em outras fontes em simultâneo ao que foi didático para explicar o ocorrido para os mais desavisados.
 
Destaca-se a excelente colaboração da surpreendida Carolina Cimenti e de Bianca Rothier, ambas repórteres da Globo News, mas que somaram muito na cobertura da rede aberta.

Outro grande ponto em meio ao alto nível geral do dia, que contou com VTs de praticamente todo o time de correspondentes do canal, de Tóquio até Nova York, foi a matéria de Pedro Vedova, com seu estilo cronista que salta aos olhos na nova geração de profissionais que muitas vezes insiste somente em gracinhas infames. Ele mostrou o despertar da cidade-luz no difícil dia de enxergar a dimensão trágica da realidade.

Além de Vedova e do já citado Kovalick, Ilze Scamparini, em uma rara saída de Roma, foi a outra profissional do time fixo global presente em Paris. Com o atraso de um dia, o “JN” também eficientemente fez o que poderia ter conseguido com um fácil acesso ao arquivo antes: rememorar especificamente os ataques de 11 meses atrás em Paris e os diversos casos no planeta desde quando os Estados Unidos foram alvo em setembro de 2001.

Ontem, isso foi feito de forma mais organizada, como também a cobertura política, lembrando que o ataque ocorre enquanto o G20 se reúne na Turquia e nas vésperas da conferência do clima na própria capital francesa.

Até mesmo as matérias esportivas, sobre a chegada da Seleção em Salvador e o treino do Grande Prêmio de Interlagos, tiveram seus enfoques alterados. A primeira por causa do jogador David Luiz, que atua no PSG, e possui parentes e amigos residindo em Paris. A segunda destacou o minuto de silêncio dos pilotos na largada da corrida.

O fechamento, depois de mais de 75 minutos de edição, dos quais 57 foram ininterruptos sobre a tragédia parisiense, foi emocionante. Mesclando imagens do lamento dos franceses com a solidariedade por todo o planeta com trechos da Marseillaise e da canção "Soldado da Paz", foi de arrepiar. A letra da música conta com o trecho mais do que apropriado “armas no chão, flores nas mãos”.

A imagem final durante a subida dos créditos foi a do Cristo Redentor iluminado pelas cores da bandeira francesa, mesma opção do “RedeTV! News”, que novamente fez boa cobertura.
 
Assim como a Band, que repercutiu o fato desde o “Brasil Urgente” e no “Jornal da Band” se revezou entre quatro profissionais em Paris: Milton Blay, via Skype, Felipe Kieling, do BandSports, Sônia Blota e Sérgio Gabriel.


SBT e Record, por exemplo, tinham somente e respectivamente, Sérgio Utsch e André Tal. O canal da Anhanguera foi tímido ao longo do dia, enquanto o da Barra Funda chegou a contar com certo aprofundamento até no “Esporte Fantástico”.
 
Dentre os canais fechados, os profissionais que vem sobrando na Globo News fizeram uma boa cobertura durante o sábado inteiro. Chamou atenção uma edição inédita do “Painel”, de William Waack, sobre os ataques. E quem estava lá entre os convidados? Heni Ozi Cukier.

Depois de passar por “Jornal da Globo”, “Jornal do SBT” e “Jornal das Dez” na noite anterior, desta vez o cientista político mais famoso do Brasil foi também ao “Jornal Hoje”, “RedeTV! News” e ainda gravou participação para matéria no “Jornal Nacional”.

Prova de que as redes buscaram sair do raso em suas análises. O problema talvez tenha sido que a visão acabou monotemática graças a essa coincidência na variedade nula de especialistas.
 
Mas o esforço em convocar profissionais e colocar uma grande cobertura no ar em fim de semana, seja por quem tinha errado ou acertado antes, mostra que o jornalismo brasileiro ainda pode ser considerado de ponta. Basta querer que consegue produzir material de alta qualidade. É por isso que o público anseia cada vez mais.

O colunista Lucas Félix mostra um panorama desse surpreendente território que é a TV brasileira. Ele também edita o https://territoriodeideias.blogspot.com.br e está no Twitter (@lucasfelix)

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