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No vale-tudo político, Datena tem muito a perder e quase nada a ganhar

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Divulgação

A notícia da pré-candidatura de José Luiz Datena à prefeitura de São Paulo repercutiu bastante nos noticiários especializados nos assuntos política e televisão, inclusive aqui no NaTelinha.

O fato de Datena se candidatar, por si só, parece algo inimaginável. O apresentador passou boa parte de sua carreira televisiva bradando contra a política, contra a violência, contra desmandos e políticos ineficientes.

Apesar de frequentemente indicar estar cansado de apresentar programas policiais, se dizer esgotado por conta disso e se dizer preso a esse formato, Datena só tem a perder com uma possível candidatura.

O jornalista possui público fiel. Já foi muito grande, hoje é bem menor, mas ainda é fiel. O programa que apresenta, o “Brasil Urgente”, é, junto com o “Jornal da Band” e o “MasterChef”, um oásis na programação pouco expressiva em números da Band.

Por conta desse público e da importância do apresentador dentro da emissora, Datena não tem absolutamente nada a ganhar com uma candidatura, mas tem muito a perder.

Numa hipotética campanha vitoriosa, ele teria trabalho para conciliar os naturais acordos políticos, até por conta das desavenças que acumulou em sua trajetória como apresentador. Enfrenta resistência dentro do próprio partido, como visto em entrevista dada pelo “cacique” Paulo Maluf.

Além do trabalho na composição do governo, Datena teria sérios problemas caso não conseguisse (o que é bastante provável) resolver alguns problemas pertinentes ao município, que tanto critica em seu programa.

É importante lembrar que a política tem atalhos onde vários políticos experientes se perdem... Inexperiente, Datena teria uma probabilidade muito maior disso acontecer.

Eleito, o jornalista viraria vidraça e correria sério risco de perder a credibilidade e o nome que levou anos para construir. Dará aos concorrentes munição suficiente para ser metralhado a qualquer falha de sua administração, algo que não é difícil, tendo em vista a complexidade de se governar um município, ainda mais sendo este um dos mais populosos do mundo.

Medidas impopulares, mas necessárias, também minariam Datena, que poderia sair marcado como alguém que fala bastante, mas não segue o que fala.

Caso não seja eleito, o apresentador sairia com o prestígio em baixa. Municiaria seus adversários televisivos com um fracasso na popularidade e teria que capitalizar uma derrota na preferência do público.

A única coisa que parece certa é que, sendo candidato, deverá largar definitivamente os programas policiais. Neste caso, perdem Datena, Band e o fiel telespectador.

Por mais que José Luiz Datena tenha boas intenções - e realmente aparenta ter - não parece que terá tempo, dinheiro e apoio o suficiente para corresponder a todas as expectativas que cercam sua candidatura.


Apaixonado por televisão, Helder Vendramini pesquisa e estuda esse meio há vários anos e é formado no curso de Rádio e TV. Aqui no site, busca fazer análises aprofundadas dos mais variados temas que envolvem a nossa telinha.

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